Your browser doesn't support javascript.
loading
Show: 20 | 50 | 100
Results 1 - 17 de 17
Filter
1.
Psicol. Estud. (Online) ; 29: e53449, 2024.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1529195

ABSTRACT

RESUMO Por meio da antropologia da saúde, podemos compreender o terreiro de umbanda como parte de um sistema popular de cuidado. Este estudo teve por objetivo investigar as concepções de saúde e doença produzidas por zeladores de terreiro de umbanda. Participaram dez zeladores de terreiro da cidade de Uberaba (MG/Brasil), sendo três mulheres e sete homens, com idades entre 40 e 76 anos. O tempo médio de atuação como dirigente foi de 18,4 anos, variando de cinco a 43 anos. Os terreiros chefiados por esses participantes atendem entre 15 e 280 pessoas por dia de funcionamento. Pela análise das entrevistas, destaca-se que o cuidado em saúde oferecido pelos zeladores ultrapassa os limites rituais, nas cerimônias públicas, sendo prestado de modo contínuo nos terreiros. As posturas assumidas pelos entrevistados envolvem ações de escuta, acolhimento e proximidade física no momento da urgência. Pelas narrativas, pode-se concluir que o zelar, no sentido de gerenciar o espaço do terreiro, espiritual e materialmente, não pode ser dissociado do cuidar, significando os zeladores como importantes agentes populares de saúde.


RESUMEN A través de la antropología de la salud podemos entender el terreiro de umbanda como parte de un sistema de atención popular. Este estudio tuvo como objetivo investigar las concepciones de salud y enfermedad producidas por los cuidadores del terreiro de umbanda. Participaron diez cuidadores de terreiro de la ciudad de Uberaba (MG/Brasil), tres mujeres y siete hombres, con edades comprendidas entre 40 y 76 años. El tiempo promedio como gerente fue de 18.4 años, que van de cinco a 43 años. Los terreiros encabezados por estos participantes atienden entre 15 y 280 personas por día de operación. Del análisis de las entrevistas, se destaca que la atención médica ofrecida por los cuidadores va más allá de los límites rituales, en ceremonias públicas, que se brindan continuamente en los terreiros. Las actitudes asumidas por los entrevistados implican escuchar, acoger y proximidad física en el momento de urgencia. A través de las narrativas, se puede concluir que el cuidado, en el sentido de administrar el espacio del terreiro, espiritual y materialmente, no se puede disociar del cuidado, lo que significa que los cuidadores son importantes agentes de salud populares.


ABSTRACT Through health anthropology we can understand the umbanda terreiro (specific place for the religious ritual) as part of a popular system of care. This study aimed to investigate the conceptions of health and illness produced by saint keepers of umbanda terreiro. Ten leaders of the terreiros in the city of Uberaba (MG/Brazil) participated, being three women and seven men, between 40 and 76 years old. The average time of performance as a manager was 18.4 years, ranging from 5 to 43 years. The terreiros led by these participants attend between 15 and 280 people working day. The health care offered by saint keepers exceeds ritual limits in public ceremonies and is provided on a continuous basis in the terreiros. The postures assumed by the interviewees involve actions of listening, welcoming and physical proximity at the moment of urgency. From the narratives, it can be concluded that care, in the sense of managing the space of the terreiro, both spiritually and materially, can not be dissociated from caring, meaning saint keepers as important popular health.


Subject(s)
Humans , Male , Female , Adult , Middle Aged , Aged , Therapeutics , Mental Health/ethics , Faith Healing/ethics , Self Care/psychology , Ceremonial Behavior , Emotions/ethics , User Embracement , Ethnopsychology/ethics , Anthropology, Cultural
2.
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.) ; 27(6): 2397-2406, jun. 2022.
Article in Portuguese | LILACS-Express | LILACS | ID: biblio-1374995

ABSTRACT

Resumo Como política pública, práticas integrativas e complementares estão disponíveis no sistema público de saúde no Brasil desde 2006. Este texto, de caráter qualitativo e baseado em dados secundários da literatura e de documentos oficiais, tem o objetivo de compreender a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, a partir da sua presença por variados espaços da sociedade. Contornando a comparação entre o documento e a prática da política, propõe-se um caminho teórico e metodológico que possibilite novas percepções sobre a política em situações concretas. Aplicando a teoria ator-rede e a abordagem do agenciamento, as análises permitem perceber a política como um emaranhado de ações que faz surgir múltiplas realidades e versões contextuais da política, dependendo dos atores com os quais se associa. Desse modo, os resultados apontam para complexidade escondida por trás da aparente singularidade, revelando a pluralidade de atores que constituem essas realidades e demonstrando a dependência da política com relação à ação de outros atores para que ela se torne realidade. Seguindo esse caminho, é possível gerar novos elementos que contribuam para a análise da política na prática, somando-se aos estudos que enfatizam a comparação entre o documento e a prática.


Abstract Integrative and complementary therapies have been available in the public health system in Brazil as a public policy since 2006. This text of a qualitative nature based on secondary data from the literature and official documents has the aim of understanding the National Policy of Integrative and Complementary Practices from its presence in varied spaces in society. Bypassing the comparison between the theory and practice of the policy, a theoretical and methodological path is proposed to enable new perceptions about policy in practice. By applying the actor-network theory and the negotiation approach, the analysis enables us to perceive the policy as a combination of actions that gives rise to multiple realities and contextual versions of policy, depending on the actors involved. Thus, the results point to complexity hidden behind apparent singularity, revealing the plurality of actors that constitute these realities and demonstrating that the policy is dependent on the actions of other actors for it to become a reality. Following this analytical path, it is possible to generate new elements that contribute to the analysis of the policy in practice, adding to the studies that emphasize the comparison between theory and practice.

3.
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.) ; 27(3): 989-998, mar. 2022.
Article in English, Portuguese | LILACS | ID: biblio-1364696

ABSTRACT

Resumo Este estudo foi desenvolvido na interseção entre as ciências da saúde e a antropologia, com finalidade de compreender a importância da medicina tradicional afro-brasileira retratada nas casas de candomblé, explorando interações de seus membros com o sistema biomédico de saúde. A antropologia da saúde objetiva compreender o fenômeno da saúde como uma elaboração sociocultural, e partir disso desenvolve a noção de sistema cultural de saúde, operador teórico deste estudo. Esta proposta pode contribuir para superar os desafios enfrentados no campo da saúde coletiva, ao possibilitar diálogo entre sistemas culturais de saúde, favorecendo a criação de políticas mais eficazes. Este artigo, de inspiração etnográfica, foi desenvolvido a partir do levantamento bibliográfico específico, seguido de observações participantes e entrevistas com membros da comunidade Ilé Alákétu Asè Ifá Omo Oyá, localizada em São Paulo. A prática em saúde no candomblé consegue alcançar lacunas deixadas pela biomedicina, associando de forma não autoritária, colonialista ou excludente saberes de saúde distintos, considerando os processos simbólicos, culturais, subjetivos e espirituais envolvidos nos processos de adoecimento.


Abstract This study was developed at the intersection of health sciences and anthropology in order to understand the value of traditional Afro-Brazilian Medicine portrayed in houses of Candomblé exploring its member's interactions with the biomedical system of health. The anthropology of health aims to understand the phenomenon of health as a socio-cultural elaboration and from this, develops the notion of cultural health system, the theoretical operator of this study. This proposal can contribute to the challenges faced in the field of collective health by enabling dialogue between cultural health systems, supporting the creation of more effective policies. This ethnographic-inspired article was developed from a specific bibliographic survey, followed by participant observations and interviews with members of the community Ilé Alákétu Asè Ifá Omo Oyá, located in São Paulo. The health practice in candomblé manages to reach gaps left by biomedicine by associating itself in a non-authoritarian, colonialist or exclusive way taking into account the symbolic, cultural, subjective and spiritual processes involved in the processes of illness. This practice brings other possible ways of interpretation, treatment and cure for health problems.


Subject(s)
Humans , Medicine, Traditional , Anthropology, Cultural , Brazil
4.
Rio de Janeiro; s.n; 2021. 187 f p. tab.
Thesis in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1370734

ABSTRACT

Obesidade e sobrepeso são conceitos médicos para a classificação do excesso de gordura corporal, que se dá a partir de determinados parâmetros numéricos de referência como, principalmente, o Índice de Massa Corporal (IMC). Para a medicina, os indivíduos devem manter seu peso dentro da margem estipulada, tendo em vista que o corpo gordo é considerado doença crônica e fator de risco para o desenvolvimento de comorbidades. Nesse sentido, o corpo magro é valorizado como um corpo saudável e o corpo gordo desvalorizado como doente. Ao mesmo tempo, estar gordo ou gorda é uma condição considerada evitável, o que faz com que estes indivíduos sejam responsabilizados pessoalmente por seu estado físico. Com isso, são desvalorizados também moralmente e estigmatizados, não só pela medicina, mas em todos os âmbitos sociais, sobretudo nas sociedades ocidentais contemporâneas. O corpo magro, por outro lado, do ponto de vista social, é sinal de beleza e signo de distinção, tanto de classe quanto moral. Dessa forma, a magreza fica idealizada num polo e o excesso de gordura corporal repudiado no outro, ou seja, com isso, temos corpo gordo x corpo ideal. Esta dicotomia impacta as relações sociais e políticas, assim como é também uma construção social e resultado de ações políticas. Então, a partir da visão socioantropológica, buscamos pesquisar sobre os atravessamentos sociais acerca do que a medicina chama de sobrepeso e obesidade, problematizando a questão da medicalização do corpo gordo. O nosso campo de investigação foi uma pesquisa bibliográfica de publicações recentes relacionadas à esta temática. O presente trabalho está organizado em três capítulos: o primeiro, dedicado aos pressupostos conceituais; o segundo, ao percurso metodológico e o terceiro, finalmente, trata da análise e discussão dos artigos resultarantes da pesquisa. Os principais temas e conceitos abordados nestes artigos são: obesidade e sobrepeso como questões de gênero, especificamente feminino; sociedades ocidentais como lipofóbicas e obesogênicas; consumo e hiperconsumo; publicidade; indústrias ligadas à alimentação, saúde e moda; corpo magro como ideal; estigma; cultura; racionalidade nutricional como forma de medicalização da comida; corpo gordo como fator de risco em saúde e estilo de vida saudável como meio de prevenção e responsabilização individual. A nossa análise destas abordagens mostrou que a medicalização do corpo gordo tem função para além da promoção da saúde e gestão de riscos, pois envolve a possibilidade de maior aceitação e mobilidade social. Dessa forma, sustenta-se uma intensa pressão social para adequação estética. Consideramos que pode ser positivo promover a diversidade de corpos e politizar a medicalização do corpo gordo, discutindo os diversos interesses em jogo, como os lucros da indústria do emagrecimento.


Obesity and overweight are medical concepts for the classification of excess body fat, which is based on certain numerical reference parameters such as, mainly, the Body Mass Index (BMI). For medicine, individuals must maintain their weight within the stipulated range, considering that the fat body is considered a chronic disease and a risk factor for the development of comorbidities. In this sense, the thin body is valued as a healthy body and the fat body is devalued as sick. At the same time, being fat or fat is a condition considered to be preventable, which makes these individuals personally responsible for their physical condition. As a result, they are also morally devalued and stigmatized, not only by medicine, but in all social spheres, especially in contemporary Western societies. The thin body, on the other hand, from a social point of view, is a sign of beauty and a sign of distinction, both class and moral. In this way, thinness is idealized in one pole and excess body fat is repudiated in the other, that is, with that, we have a fat body x ideal body. This dichotomy impacts social and political relations, as well as being a social construction and a result of political actions. So, from the socio-anthropological point of view, we seek to research about the social crossings about what medicine calls overweight and obesity, questioning the issue of medicalization of the fat body. Our field of investigation was bibliographic research of recent publications related to this theme. The present work is organized into three chapters: the first, dedicated to conceptual assumptions; the second, to the methodological course and the third, finally, deals with the analysis and discussion of the articles resulting from the research. The main themes and concepts addressed in these articles are: obesity and overweight as gender issues, specifically female; western societies as lipophobic and obesogenic; consumption and hyperconsumption; publicity; industries linked to food, health and fashion; slim body as ideal; stigma; culture; nutritional rationality as a form of medicalization of food, a fat body as a risk factor in health and a healthy lifestyle as a means of prevention and individual accountability. Our analysis of these approaches showed that the medicalization of the fat body has a function beyond health promotion and risk management, as it involves the possibility of greater acceptance and social mobility. In this way, an intense social pressure for aesthetic adequacy is sustained. We believe that it can be positive to promote the diversity of bodies and politicize the medicalization of the fat body, discussing the various interests at stake, such as the profits of the slimming industry.


Subject(s)
Humans , Human Body , Overweight , Anthropology, Medical , Medicalization , Social Factors , Obesity
6.
Rio de Janeiro; s.n; 2020. 115 f p. graf, fig, il.
Thesis in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1390973

ABSTRACT

O objetivo da presente dissertação é refletir sobre que é considerado atipicidade na anorexia nervosa, especialmente os casos entendidos como atípicos pelo peso corporal. Nas imagens que circulam entre diferentes veículos de mídia e alimentam o imaginário social, o corpo anoréxico é feminino, branco, jovem e extremamente emagrecido; tem costelas ressaltadas e o corpo esguio. Essa percepção acaba inferindo erroneamente sobre o reconhecimento da presença e da gravidade do transtorno alimentar: pessoas podem ser naturalmente magras sem dietas e pessoas consideradas "acima do peso" podem desenvolver relações conturbadas de restrição alimentar. Para a pesquisa, quatro mulheres autodenominadas gordas e duas profissionais de saúde foram ouvidas em entrevistas presenciais. Acredito que a experiência da anorexia nervosa em pessoas que não se encaixam no critério diagnóstico de "peso corporal significativamente baixo" nos auxilia a pensar as fronteiras entre típico e atípico, entre peso normal e anormal, entre saudável e doente. O critério de peso corporal pode distanciar de um tratamento qualificado pessoas em notável sofrimento psíquico, mas que não necessariamente possuem o Índice de Massa Corporal em um valor considerado baixo o suficiente para receberem tal diagnóstico.


The goal of the present dissertation is to reflect upon what is considered "atypical" in anorexia nervosa, particularly in cases determined as atypical because of body weight. In the images disseminated by various media platforms that feed social repertoire, the anorexic body is feminine, white, young and extremely thinned: they have their ribs emphasized and their waist is very slim. This perception ends up inferring erroneously on the detection of the presence or the gravity of eating disorders: people can be naturally thin without diets and people considered "overweight" can develop problematic patterns of eating restrictions. This research consists of presential interviews with four women that self-identify as fat as well as two health professionals. I believe that the experience of anorexia nervosa by people that don't "fit" the diagnostic's criteria of "significantly lowered body weight" helps bringing our attention to the frontiers between typical and atypical, over and underweight, healthy and unhealthy. A body weight criteria can distance people in high levels of suffering ­ but that don't necessarily have what's considered a "low" BMI ­ from qualified treatment.


Subject(s)
Humans , Female , Women , Body Image , Body Weight , Anorexia Nervosa , Obesity , Qualitative Research , Anthropology, Medical
7.
RECIIS (Online) ; 13(4): 725-735, out.-dez. 2019.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1047528

ABSTRACT

O Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) e suas bases de apoio são formados predominantemente por indígenas que vivem na região de Chiapas, no México. O movimento constrói uma profunda experiência de autonomia, o que passa por diferentes dimensões da vida coletiva. Neste artigo, pretendemos, a partir de um trabalho de campo realizado na região, nos focar na saúde autônoma. A concepção de saúde está estritamente relacionada com a noção de terra, já que para ter saúde é preciso pertencer a um cosmos, permeado pelo respeito recíproco entre os mais diferentes seres, em uma luta constante para engrandecer o ch'ulel (espírito) e, com isso, caminhar rumo ao lekil kuxlejal (Bem Viver). Para colocar em prática esses princípios, o cuidado em saúde é protagonizado pelos promotores autônomos de saúde e pelas assembleias comunitárias.


The Zapatista Army of National Liberation (EZLN, in Spanish) and its bases are formed predominantly by indigenous languages living in the region of Chiapas, Mexico. The movement builds a profound experience of autonomy, which goes through different dimensions of collective life. In this article, we intend, from a fieldwork carried out in the region, to focus on autonomous health. The conception of health is closely related to the notion of land, since in order to have health it is necessary to belong to a cosmos, permeated by mutual respect between the most different beings, in a constant struggle to ennoble the ch'ulel (spirit) and thus to walk to the lekil kuxlejal (Good Living). To put these principles into practice, healthcare is carried out by autonomous health promoters and communal assemblies.


El Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN) y sus bases de apoyo son formados predominantemente por indígenas que viven en la región de Chiapas, México. El movimiento construye una experiencia profunda de autonomía, que atraviesa diferentes dimensiones de la vida colectiva. En este artículo, nos proponemos, a partir de un trabajo de campo realizado en la región, enfocar la salud autónoma. La concepción de salud guarda una estrecha relación con la noción de tierra, ya que para tener salud es necesario pertenecer a un cosmos, impregnado por el respeto mutuo entre los seres más diferentes, en una lucha constante para engrandecer el ch'ulel (espíritu) y, de este modo, caminar hasta el lekil kuxlejal (Buen Vivir, también llamado Vivir Bien). Para poner en práctica estos principios, la asistencia en salud se lleva a cabo por los promotores autónomos de salud y por las asambleas comunitarias.


Subject(s)
Humans , Colonialism , Capitalism , Indigenous Peoples , Anthropology, Medical , Anthropology, Cultural , Communitarian Organization , Racism , Human Rights , Indigenous Culture , Health Promotion , Mexico
8.
Saúde Soc ; 27(3): 883-897, jul.-set. 2018.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-979213

ABSTRACT

Resumo A partir da antropologia da saúde e da psiquiatria transcultural, este estudo teórico analisou as concepções de saúde e doença presentes em três contos que compõem a obra Primeiras estórias (1962), de Guimarães Rosa: "Sorôco, sua mãe, sua filha", "A menina de lá" e "A terceira margem do rio". Observou-se uma diversidade de conceitos e sentimentos diante das questões de saúde mental apresentadas nos contos, como: falta de compreensão, marginalização, pressão social para a institucionalização, estereotipação, desumanização, isolamento físico e mental, sentimentos de medo e culpa, tentativa de aceitação e mistificação. Tendo como norte a indissociável relação entre autor, obra, público e condições sociais, tais elementos presentes nos contos podem ser importantes para se revisitar histórica e culturalmente as práticas dentro dos ambientes de cuidado em saúde mental, em busca de uma atenção mais humanizada e que combata a violência nesse contexto, favorecendo uma visão que, de fato, ultrapasse o modelo biomédico centralizado na patologia e promova novos sentidos para a saúde e o adoecer.


Abstract Starting from anthropology of health and cross-cultural psychiatry, this theoretical study analyzed the conceptions of health and illness present in three short stories of the book Primeiras estórias (1962) written by Guimarães Rosa: "Sorôco, sua mãe, sua filha", "A menina de lá" and "A terceira margem do rio" (in Portuguese). A diversity of concepts and feelings related to mental health issues was noticed in these short stories, such as: lack of comprehension, marginalization, social pressure for institutionalization, stereotyping, dehumanization, mental and physical isolation, feelings of fear and guilt, and acceptance and mystification attempts. Considering the indissociable relation between author, work, public, and social conditions, such elements present in the short stories can be important to revisit, historically and culturally, practices inside mental health care institutions when searching for a more humanized care that combat the violence in this context, favoring a view that indeed surpasses the biomedical model centralized in pathologies and promotes new meanings for health and illness.


Subject(s)
Humans , Male , Female , Social Conditions , Health-Disease Process , Mental Health , Humanization of Assistance , Anthropology, Medical , Social Marginalization , Literature
9.
Rio de Janeiro; s.n; 2018. 98 f p.
Thesis in Portuguese | LILACS | ID: biblio-986248

ABSTRACT

O presente trabalho tem como objetivo analisar a construção de um fluxo para o atendimento de refugiadas congolesas no âmbito da Atenção Primária em Saúde (APS) no município do Rio de Janeiro. Para tal, parto das narrativas dos operadores da saúde do município que lidam, direta ou indiretamente, com essa população. A metodologia utilizada foi a análise de documentos protocolares e discurso de gestores e profissionais da ponta dos serviços de saúde no tangente à incorporação dessa população aos serviços de saúde do município. A pesquisa contribui para a construção de um campo de estudos migratórios na Saúde Coletiva, já que a experiência migratória influencia os processos de saúde e doença dessa população


The purpose of this dissertation is to analyse the construction of care for Congolese refugees in Primary Health Care (PHC) in the city of Rio de Janeiro. To this end, I analysed narratives of health workers of the municipality that deal with this population, directly or indirectly. The methodology used was the analysis of protocol documents and discourse of managers and health professionals of the health services that receive Congolese people. This research aims to contribute to the construction of a field of migratory studies in Public Health, since experiences of migration tend to influence health processes of this population


Subject(s)
Humans , Primary Health Care/trends , Refugees , Brazil , Qualitative Research , Anthropology, Medical , Human Migration/trends
10.
Physis (Rio J.) ; 25(4): 1313-1333, out.-dez. 2015.
Article in Portuguese | LILACS | ID: lil-773452

ABSTRACT

O artigo tem por objetivo refletir acerca das abordagens antropológicas do sofrimento nos cultos afro-brasileiros, considerando desde aquelas centradas na dimensão simbólica até as mais afins à fenomenologia e à antropologia simétrica. Para tanto, faz-se inicialmente uma breve exposição acerca dos paradigmas estrutural e simbólico na antropologia, privilegiando a obra de Claude Lévi-Strauss e Clifford Geertz. A seguir, apresenta-se uma discussão concernente à apropriação da teoria fenomenológica pelas ciências sociais e às leituras mais voltadas para a problemática das práticas, enfatizando em nossa leitura autores como Alfred Schütz e Annemarie Mol. Por fim, propõe-se uma nova abordagem teórico-metodológica que denominamos cartoetnografia - baseada no conceito de modos de existência desenvolvido por Bruno Latour - como uma espécie de híbrido que nos permitiria, sem negligenciar a dimensão simbólica, explorar o problema da aflição nos cultos afro-brasileiros a partir da fruição das afecções, dando visibilidade à construção dessa experiência por meio das práticas que lhe dão forma.


We aim to reflect on the anthropological approach of suffering in the African-Brazilian religions, considering from those focused on the symbolic dimension to those more related to phenomenology and symmetrical anthropology. Therefore, initially we will make a brief statement about the structural and symbolic paradigms in anthropology, focusing on Lévi-Strauss and Clifford Geertz. Then we discuss the appropriation of the phenomenological theory for the social sciences and the perspectives more focused on the problems of practice, emphasizing authors as Alfred Schütz and Annemarie Mol. Finally, we propose a new theoretical and methodological approach named cartoetnografia - based on the concept of modes of existence developed by Bruno Latour - as a kind of hybrid that allows us, without neglecting the symbolic dimension, to explore the problem of distress in the African-Brazilian religions from the fruition of affections, giving visibility to the construction of this experience through the practices that shape it.


Subject(s)
Humans , Religion , Stress, Psychological , Knowledge , Essay , Ethics , Anthropology, Medical , Anthropology, Cultural , Brazil
11.
Saúde Soc ; 24(2): 486-500, Apr-Jun/2015.
Article in Portuguese | LILACS | ID: lil-749044

ABSTRACT

A partir da análise da literatura sobre a abordagem do empoderamento do paciente no campo da diabetologia, discute-se o impacto dessa perspectiva sobre os significados das transformações nas relações de cuidado, explorando as implicações para a posição ocupada por profissionais da saúde e pacientes. Consideram-se as dificuldades e os incômodos apontados pelos profissionais da saúde frente às mudanças requeridas pelo empoderamento do paciente. Esses dados são problematizados por meio de um enfoque antropológico, apoiando-se nas elaborações sobre o contraste entre a lógica da escolha e a lógica do cuidado, e considerando a diferença entre as representações dos agentes da biomedicina e dos pacientes a partir da oposição entre os modelos indivíduo/pessoa. O percurso analítico é concluído com a constatação da necessidade de relativizar a ideia de que o empoderamento do paciente representa o incremento do individualismo nas relações de assistência à saúde, o que contribui para matizar as reflexões que os cientistas sociais têm desenvolvido acerca da tendência atual de atribuir ao indivíduo a responsabilidade pela própria saúde.


Based on an analysis of the literature on patient empowerment in the field of diabetology, I discuss the impact of this perspective on the meanings of changes in the relations of care, and explore implications to the position occupied by health professionals and patients. The analysis considers the difficulties and embarrassments mentioned by health professionals regarding the changes that are required by patient empowerment. Through an anthropological approach, the analysis is supported by theoretical conceptions about the contrast between the logic of choice and the logic of care, and problematizes the difference among the representations of biomedicine agents and patients, based on the opposition between the individual/person models. The analytical course allows to conclude that it is necessary to relativize the idea that patient empowerment represents an increase in individualism in health care relationships. This contributes to include other nuances in the social scientists' reflections on the current tendency of attributing to individuals the responsibility for their own health.


Subject(s)
Humans , Male , Female , Delivery of Health Care , Diabetes Mellitus , Health Personnel , Power, Psychological , Health Promotion , Professional-Patient Relations , Anthropology, Medical , Life Style
12.
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.) ; 19(4): 1065-1076, abr. 2014.
Article in Portuguese | LILACS | ID: lil-710497

ABSTRACT

O forte interesse das ciências sociais e humanas em saúde nos estudos narrativos levou a várias formas de incorporação das contribuições desses estudos na pesquisa qualitativa em saúde. Torna-se importante refletir sobre os contextos e as características dessa incorporação. Para tanto, destacamos as principais questões teóricas aí envolvidas, assim como situamos essa incorporação no contexto da produção científica mais ampla das ciências sociais e humanas em saúde. Apontamos, também, a contribuição dos estudos narrativos para reflexão sobre as relações entre estrutura e ação social ou entre contextos específicos de interação social e contextos societários mais amplos. Essa contribuição pode ser identificada na análise das relações narrativamente estabelecidas entre interpretação, experiência e ação, ao longo do processo de saúde-doença-cuidado. Argumenta-se que as narrativas não somente organizam interpretações, mas também consistem em uma forma específica de agenciamento social. Nesse sentido, as interpretações narrativas e as performances narrativas podem ser vistas como elementos centrais da construção social de experiências e trajetórias de adoecimento e cuidado.


The marked interest of the human and social sciences in health in narrative studies has led to many forms of incorporation of these contributions in qualitative research in health. It is important to reflect on the contexts and characteristics of this incorporation. To accomplish this, we highlight the core theoretical issues involved and also situate this incorporation in the broader context of the scientific production in the human and social sciences in health. We also stress the contribution of the narrative studies for reflection upon the relations between social structure and action or between specific contexts of social interaction and broader societal contexts. This contribution can be identified in relations established through narrative between interpretation, experience and action throughout the health-disease-care process. It is argued that narratives not only organize interpretations, but can also represent a specific form of social agency. In this sense, the narrative interpretations and narrative performances can be seen as core elements in the social construction of experiences and trajectories of illness and care.


Subject(s)
Humans , Health , Narration , Qualitative Research , Chronic Disease , Social Sciences
13.
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.) ; 19(4): 1019-1029, abr. 2014.
Article in Portuguese | LILACS | ID: lil-710505

ABSTRACT

No intuito de examinar o desenvolvimento dos paradigmas antropológicos e seu diálogo com a medicina, a discussão está organizada segundo dois eixos gerais, porém não exclusivos: o que enfoca a saúde e a doença como experiência e construção sociocultural, e o que examina a saúde a partir de uma perspectiva interacional e política. No primeiro eixo, privilegio as teorias estadunidenses e francesas que encontram reflexo no diálogo antropológico no Brasil. Para o último eixo, o da política, a discussão parte do diálogo entre antropólogos na América Latina que vêm desenvolvendo modelos para contribuir com a interdisciplinaridade necessária para as políticas e a intervenção na saúde. Os conceitos de práticas de autoatenção, intermedicalidade, entre outros, são explorados por causa de sua contribuição na antropologia para as políticas públicas em saúde. Estes antropólogos vêm argumentando que as práticas de saúde precisam ser entendidas através das noções de autonomia, coletividade, agência e práxis, em oposição à perspectiva biomédica caracterizada como universalista, biologista, individualista e a-histórica.


In order to examine the development of anthropological paradigms and their dialogue with medicine, I divide the discussion into two general, but non-exclusive, approaches: one that focuses on health and disease as social and cultural experience and construction, and another that examines health from an interactional and political perspective. For the first approach, I focus on North American and French theories that find resonance in the anthropological dialogue in Brazil. For the second political approach, the discussion originates in the dialogue among anthropologists in Latin America who have been developing models to contribute to an interdisciplinary approach necessary for health policies and intervention in health. The concepts of practices in self-care and intermedicality, among others, are explored due to their contribution in anthropology to public policies in health. These anthropologists have argued that health practices should be understood through the notions of autonomy, collectivity, agency and praxis, as opposed to the notions of the biomedical perspective characterized as being universalist, biological, individualist and a-historical.


Subject(s)
Humans , Anthropology , Health , Public Policy , Cultural Characteristics , Medicine, Traditional
14.
Saúde Soc ; 22(4): 1024-1035, out.-dez. 2013.
Article in Portuguese | LILACS | ID: lil-700132

ABSTRACT

Parte-se da constatação de que o modelo biomédico de atenção à saúde é incapaz de lidar isoladamente com a complexidade dos problemas de saúde. Sendo assim, produz-se maior interesse pelas ciências sociais aplicadas ao campo da saúde para se pensar a atenção integral ao paciente e a integração dos conhecimentos biológicos, sociais e culturais na compreensão das doenças. Este trabalho busca compreender as relações da religiosidade com a saúde e os processos de cura, procurando entender as formas como os indivíduos vivenciam a doença, o sofrimento, a dor e as práticas de cura. Trata-se de pesquisa exploratória de caráter etnográfico, com observação participante em um templo religioso afro-brasileiro, localizado no Rio de Janeiro. Um efeito fundamental da religião é alterar o significado de uma doença para aquele que sofre, não implicando necessariamente remoção dos sintomas, mas mudança positiva dos significados atribuídos à doença. A religiosidade dá sentido à vida, diante do sofrimento, ao criar uma rede social de apoio. Constatamos que a prática religiosa tem complementado as práticas médicas oficiais. As informações coletadas nos permitem afirmar que as práticas religiosas se constituem em lugares de acolhimento, de cura e de saúde para aqueles que as buscam. Apontamos para a necessidade de aprofundamento de estudos dessa temática que venham a se somar enquanto possibilidades de ajuda e alternativa de "cura" às pesquisas da prática biomédica.


Subject(s)
Anthropology, Cultural , Comprehensive Health Care , Medicine, African Traditional , Health-Disease Process , Health Promotion , Religion , Public Health , Therapeutics , Black or African American
15.
Physis (Rio J.) ; 21(4): 1253-1268, out.-dez. 2011.
Article in Portuguese | LILACS | ID: lil-611073

ABSTRACT

O objetivo deste artigo é tecer uma reflexão sobre os objetos emergentes e os desafios teórico-metodológicos e éticos que se apresentam para a antropologia da saúde na contemporaneidade, abordando dois temas em particular: os desafios suscitados pelos avanços da biologia molecular, biotecnologias e medicina preditiva, e a análise da saúde e da doença no contexto de globalização. A antropologia da saúde nos parece chamada a se expandir nos próximos anos em redes temáticas ao redor desses dois grandes eixos centrais: por um lado, as novas definições da doença e da saúde associadas aos avanços das ciências da vida e a forma como o corpo humano é construído, transformado e redefinido como locus da gestão do risco e da incerteza; por outro, o contexto cada vez mais complexo, globalizado e desigual em que estamos vivendo tornam necessária uma abordagem antropológica igualmente mais global, no qual o processo saúde-doença deve ser analisado, cada vez mais dentro de um conjunto complexo de políticas econômicas, de relações internacionais e de mobilidade de populações, através de novas abordagens de pesquisa de natureza transdisciplinar.


This paper aims to reflect on the emerging objects and theoretical, methodological and ethical challenges in contemporary medical anthropology, addressing two issues in particular: the challenged placed by advances in molecular biology, bio-technologies and predictive medicine, and the analysis of health and illness in the context of globalization. Medical anthropology seems to expand in the coming years in thematic networks around these two major centers: on the one hand, the new definitions of disease and health associated with advances in life sciences and how the human body is built, transformed and redefined as the locus of management of risk and uncertainty; on the other, an increasingly complex, globalized and unequal context we are living in make a more global anthropological approach also necessary, in which the health-disease process should be increasingly analyzed within a complex set of economic policies, international relations and mobility of populations through new approaches to interdisciplinary research nature.


Subject(s)
Humans , Molecular Biology/trends , Biotechnology/trends , Cultural Characteristics , Ethics, Medical , Health-Disease Process , Human Body
16.
Saúde Soc ; 20(1): 41-49, jan.-mar. 2011.
Article in Portuguese | LILACS | ID: lil-582843

ABSTRACT

Esse texto apresenta uma reflexão sobre o ensino de antropologia na formação de profissionais da saúde a partir da experiência de ministrar uma disciplina em Antropologia da Saúde em nível de graduação na Universidade Federal de São Carlos, em que é parte da grade curricular dos cursos de saúde, estando a cargo do Departamento de Ciências Sociais. A disciplina busca apresentar a teoria e a pesquisa em antropologia e propõe debater pesquisas sobre fenômenos da saúde em antropologia, de modo a melhor introduzir a pesquisa antropológica e, principalmente, a promover uma reflexão sobre a diferença cultural e o exercício profissional em saúde. Essa experiência suscita questões sobre a importância das ciências sociais e humanas, em especial a antropologia, para a formação desses profissionais, e sobre sua aceitação por parte deles, tendo em vista promover uma reflexão no modo como percebem sua própria prática profissional. Discute-se aqui, a partir de uma proposta de programa de curso que tem sido posta em prática há alguns anos, os debates possíveis entre ciências humanas e saúde na graduação e seu impacto na formação de profissionais de saúde.


In this paper we develop a reflection on teaching anthropology to health professionals based on the experience of teaching Medical Anthropology to undergraduate students at Universidade Federal de São Carlos (Federal University of São Carlos). The discipline of Medical Anthropology aims to introduce theory and research in Anthropology, and proposes to debate research into health phenomena in anthropology, so as to better introduce anthropological research and, mainly, promote a reflection on cultural differences and professional exercise in the area of health. This experience raises issues concerning the value of social and human sciences, especially anthropology, in the education of those professionals, as well as their acceptance or rejection of these sciences, in order to promote a reflection on the way they perceive their own professional practice. Based on a course that has been taught for some years, we discuss the debates we can propose between the social sciences and the field of health, and their impact on the education of those specialists.


Subject(s)
Anthropology/education , Social Sciences , Culture , Universities , Institutionalization , Health Resources , Interprofessional Relations , Health , Public Health , Curriculum , Universities/trends
17.
Hist. ciênc. saúde-Manguinhos ; 17(4): 925-937, out.-dez. 2010.
Article in Portuguese | LILACS | ID: lil-572383

ABSTRACT

Discorre sobre antropologia, método etnográfico e narrativa como possibilidades de acessar os sentidos atribuídos e a experiência dos sujeitos. De uma perspectiva antropológica, o universo sociocultural é tomado como referência para a compreensão do significado do processo saúde-doença, através de uma descrição etnográfica densa, cuja análise tem inspiração interpretativista. Nesse contexto, as narrativas revelam-se como possibilidades para a compreensão do modo como as experiências humanas subjetivas são compartilhadas e de como são organizados os comportamentos, enfatizando-se o significado, o processo de produção de histórias, as relações entre o narrador e os demais sujeitos, os processos de conhecimento e a multiplicidade de formas para se captar experiências.


The article discusses anthropology, ethnographic method, and narrative as possible ways of coming to know subjects' experiences and the feelings they attribute to them. From an anthropological perspective, the sociocultural universe is taken as a point of reference in understanding the meaning of the processes of health and sickness, using a dense ethnographic description from an interpretivist analytical approach. In this context, narratives afford possible paths to understanding how subjective human experiences are shared and how behavior is organized, with a special focus on meaning, the process by which stories are produced, relations between narrator and other subjects, processes of knowledge, and the manifold ways in which experience can be captured.


Subject(s)
Humans , Health-Disease Process , Anthropology, Medical , Anthropology, Cultural , Public Health , Narration
SELECTION OF CITATIONS
SEARCH DETAIL