ABSTRACT
Há 10 anos era proferida e publicada a palestra antinarcísica de Viveiros de Castro. Mais que mera síntese dos pontos centrais de seu perspectivismo ameríndio, o texto é explicitamente um manifesto pela descolonização do pensamento antropológico e, implicitamente, psicanalítico. Aceitando essa provocação, os autores sugerem posicionar o indígena como o estranho familiar brasileiro. Ao longo dos séculos até o presente, nota-se um esforço contínuo de recalcamento dos povos originários como um dos eixos da formação da identidade nacional. Com base nessa hipótese, os autores lançam duas perguntas: quais atributos do indígena desencadeiam tamanho esforço de recalque? Qual a função da psicanálise nessa operação? Para tal investigação, propõem um diálogo entre a antropologia de Viveiros de Castro e o conceito freudiano de Unheimliche. Apoiados nesses alicerces teóricos, argumentam que o Brasil é um país fundado sobre a experiência unheimlich e buscam rastrear esse movimento de prefixação de familiar para infamiliar do indígena brasileiro.
Ten years ago, the anti-narcissistic essay by Viveiros de Castro was published. More than a mere synthesis of the central points of his Amerindian perspectivism, the text is explicitly a manifesto for the decolonization of anthropological and, implicitly, psychoanalytic thinking. Accepting the author's provocation, the present work suggests positioning the indigenous people as the Brazilian uncanny. Over the centuries to the present, the continuous effort to repress the original inhabitants became a cornerstone of the national identity. From this hypothesis, we pose two questions: What attributes of the indigenous people trigger such a repression effort? What is the role of psychoanalysis in this operation? For such investigation, we propose a dialogue between Viveiros de Castro's anthropology and the Freudian concept of Unheimliche. Supported by these theoretical foundations, we will argue that Brazil is a country founded on the unheimlich experience, and we will seek to track this movement of prefixing the Brazilian indigenous people from familiar to uncanny.
Hace diez años se dio y se publicó la conferencia anti narcisista de Viveiros de Castro. Más que una mera síntesis de los puntos centrales de su perspectivismo amerindio, el texto es explícitamente un manifiesto para la descolonización del pensamiento antropológico e, implícitamente, psicoanalítico. Aceptando la provocación del autor, el presente trabajo sugiere posicionar al indígena como el siniestro brasileño. A lo largo de los siglos hasta el presente, ha habido un esfuerzo continuo para reprimir a los pueblos originales como uno de los ejes de la formación de la identidad nacional. Desde esta hipótesis, planteamos nuestra doble pregunta: ¿qué atributos de los pueblos indígenas desencadenan tal esfuerzo de represión? ¿Cuál es el papel del psicoanálisis en esta operación? Para tal investigación, proponemos un diálogo entre la antropología de Viveiros de Castro y el concepto freudiano de Unheimliche. Con el apoyo de estos fundamentos teóricos, argumentaremos que Brasil es un país fundado en la experiencia unheimlich.
Il y a dix ans, la conférence anti-narcissique de Viveiros de Castro a été donnée et publiée. Plus qu'une simple synthèse des points centraux de sa perspective amérindienne, le texte est explicitement un manifeste pour la décolonisation de la pensée anthropologique et, implicitement, psychanalytique. En acceptant la provocation de l'auteur, le présent ouvrage suggère de positionner l'indigène comme l'étrange familier brésilien. Au cours des siècles jusqu'à nos jours, il y a eu un effort continu pour réprimer les peuples originaux comme l'un des axes de la formation de l'identité nationale. À partir de cette hypothèse, nous posons notre double question : quels attributs des indigènes déclenchent un tel effort de répression ? Quel est le rôle de la psychanalyse dans cette opération ? Pour une telle enquête, nous proposons un dialogue entre l'anthropologie de Viveiros de Castro et le concept freudien d'Unheimliche. Soutenus par ces fondements théoriques, nous soutiendrons que le Brésil est un pays fondé sur l'expérience unheimlich.
ABSTRACT
O objetivo deste artigo é problematizar as experiências de indígenas no contexto universitário, tomando a noção de colonialidade como articuladora da análise. Para tanto, o artigo analisa duas cenas que ocorreram em uma universidade brasileira. A partir da ideia de campo-tema, a produção das informações deu-se no cotidiano universitário em diferentes ocasiões e em distintas atividades junto a estudantes indígenas, finalizando com uma roda de conversa em torno da experiência na universidade. Os resultados apontam que, por um lado, essas/es estudantes têm vivenciado uma formação colonizada e colonizadora, que invisibiliza suas experiências, saberes e modos de vida; por outro lado, eles/elas (re)existem produzindo fissuras de descolonização, objetivando-se em diálogos interculturais, que produzem novos caminhos e alternativas à colonialidade cotidiana.
This paper aims to problematize the experiences of indigenous people in the university context, taking the notion of coloniality as an articulator of the analysis. Therefore, it analyzes two scenes that occurred in a Brazilian university. From the idea offield-theme, the production of the information occurred in the university 's daily life on different occasions and in different activities together with indigenous students, ending with a round of conversation around the experience in the university. The results show that, on one hand, these students have experienced a colonized and colonizing formation, making their experiences, knowledge and ways of life invisible. On other hand, they (re)exist producing fissures of decolonization, aiming at intercultural dialogues, which produce new paths and alternatives to everyday coloniality.
El objetivo de este artículo es problematizar las experiencias de indígenas en el contexto universitario, tomando la noción de colonialidad como articuladora del análisis. Por lo tanto, analiza dos escenas que ocurrieron en una universidad brasilena. Por la idea de campo-tema, la producción de las informaciones se dio en el cotidiano universitario en diferentes ocasiones junto a los estudiantes indígenas, finalizando con una rueda de conversación en torno a la experiencia en la universidad. Los resultados apuntan que, por un lado, estes estudiantes han vivido una formación colonizada y colonizadora, invisibilizando sus experiencias, saberes y modos de vida. Por otro lado, ellos (re)existen produciendo fisuras de descolonización, objetivándose en diálogos interculturales, que producen nuevos caminos y alternativas a la colonialidad cotidiana.
L 'objectif de cet article est de problématiser les expériences des peuples autochtones dans le contexte universitaire, en prenant la notion de colonialité comme articulateur de l'analyse. Pour cela, l'article analyse deux scènes qui se sont déroulées dans une université brésilienne. A partir de l'idée de thème de terrain, la production de l'information s'est produite dans la routine de l'université à différentes occasions et dans différentes activités aux côtés des étudiants autochtones, se terminant par une série de discussions autour de l'expérience vécue à l'université. Les résultats montrent que, d'une part, ces étudiants ont connu une formation colonisée et colonisatrice qui rend leurs expériences, leurs connaissances et leurs modes de vie invisibles; d'autre part, ils (ré) existent, en créant des fissures de décolonisation, en visant des dialogues interculturels, qui donnent lieu à de nouvelles voies et alternatives à la colonialité quotidienne.
ABSTRACT
O presente artigo é a apresentação da dupla consciência latinoamericana. O método utilizado foi de pesquisa bibliográfica a diferentes autores que trabalham a questão da Colonialidade e descolonização latino-americana. A história do território que hoje chamamos de América Latina se estabelece a partir do séc. XVI como um processo de extrema convulsão social baseado na violência estrutural entre povos colonizadores e povos colonizados. Esse tensionamento estrutural é responsável pela formação de uma dupla consciência, constituída pelo imbricamento entre colonialidade do poder e mestiçagem crítica. Nesse sentido, é preciso criar uma psicologia descolonizada que contribua na transgressão da lógica colonizadora presente na dupla consciência. A psicologia latino-americana deve contribuir nos processos de descolonização dos diferentes aspectos que formam a colonialidade. Para isso deve promover a recuperação da memória histórica dos colonizados e a articulação de seus conhecimentos e saberes instituídos.
The present article is the presentation of the Latin American double consciousness. The method used was a bibliographical research to different authors who work on the issue of coloniality and latin american decolonization The history of the territory which is nowadays called Latin America is established from the XVI century as a process of extreme social upheaval based on the structural violence between the colonizer and the colonized people. This structural tensioning is responsible for the formation of a double consciousness characterized by the overlapping between the coloniality of power and the critical miscegenation. The Latin American psychology should contribute to the processes of the decolonization of the different aspects that form coloniality. For that matter, it is necessary to create a decolonized psychology which may contribute to the transgression of the colonizing logic present in the double consciousness. To do so, it must promote both the recuperation of the historical memories of the colonized people and the articulation of their instituted knowledge and insights.
El presente artículo es la presentación de la doble conciencia latinoamericana. El método empleado fue una investigación bibliográfica a diferentes autores que trabajan en el tema de la colonialidad y la descolonización latinoamericana. La historia del territorio que hoy llamamos América Latina se establece a partir del siglo XVI como un proceso de extrema convulsión social basado en la violencia estructural entre pueblos colonizadores e pueblos colonizados. Esta tensión estructural es responsable de la formación de una doble conciencia formada por la imbricación entre la colonialidad del poder y el mestizaje crítico. La psicología latinoamericana debe contribuir a los procesos de descolonización de los diferentes aspectos que forman la colonialidad. En este sentido, es necesario crear una psicología descolonizada que contribuya a la trasgresión de la lógica colonizadora presente en la doble conciencia. Para ello debe promover la recuperación de la memoria histórica de los colonizados y la articulación de sus conocimientos y saberes instituidos.
Cet article est une présentation de la double conscience latino-américaine. La méthode utilisée a été celle de la recherche bibliographique des différents auteurs qui travaillent sur la question de la colonialité et de la décolonisation en Amérique Latine. L'histoire du territoire, que l'on appelle aujourd'hui Amérique latine, s'établit à partir du XVI siècle comme un processus de bouleversement social extrême basé sur une violence structurelle entre les colonisateurs et les colonisés. Cette tension structurelle est responsable de la formation d'une double conscience constituée par un chevauchement entre la colonialité du pouvoir et le métissage critique. La psychologie latino-américaine doit contribuer dans le processus de décolonisation de différents aspects formateurs de la colonialité. Dans ce senslà, il faut créer une psychologie décolonisée qui prenne part dans la transgression de la logique colonisatrice présente dans la double conscience. Pour cela, il faut promouvoir la récupération de la mémoire historique des colonisés et l'articulation de leurs connaissances et savoirs établis.
ABSTRACT
This presentation will discuss considerations for the researcher undertaking research in indigenous communities. It will argue that hegemonic practices which have privileged the position of the 'researcher' over that of the 'researched' have further reinforced colonial practices by the appropriation of indigenous intellectual and cultural knowledge to the benefit of those undertaking the research. It will argue that research methodologies are required which are ethical, truthful and useful. Drawing upon research undertaken in the Pacific Rim it will describe the emergence of methodologies which are culturally relevant and appropriate for indigenous research.