ABSTRACT
A habilidade terapêutica interpessoal é um dos elementos centrais da expertise clínica para a prática psicoterápica baseada em evidências. Pesquisas recentes demonstram uma maior valorização dos fatores relacionais envolvidos no processo psicoterápico, como, por exemplo, o atual valor dado à compreensão empática como elemento facilitador da psicoterapia. Este trabalho tem por objetivo demonstrar a existência de uma convergência entre os pressupostos rogerianos e essas recentes evidências. Para tanto, propõe-se a análise dessa confluência a partir da retomada das condições necessárias para a psicoterapia postuladas por Carl Rogers, detalhadas em três elementos que envolvem a complexidade das habilidades terapêuticas interpessoais: a pessoa do terapeuta; a forma como o cliente percebe as atitudes do terapeuta; e a relação terapêutica em si. Por fim, aponta-se para o potencial da abordagem humanista e principalmente dos pressupostos rogerianos, que evidenciam uma proposta de alteridade e dialogicidade do processo psicoterapêutico, para compreensão e efetivação dos fatores relacionais na prática clínica, como passaram a endossar até mesmo as mais recentes evidências científicas de eficácia em psicoterapia, presentes nas últimas recomendações da APA, válidas, portanto, para toda a clínica psicológica, independentemente da abordagem teórica de escolha do terapeuta.
Interpersonal expertise is one of the central elements of clinical expertise for evidence-based practice in psychology. Recent research shows a greater appreciation of the relational factors involved in the psychotherapeutic process, such as, the value currently given to empathic understanding as a facilitator of psychotherapy. This work aims to demonstrate the existence of a convergence between the Rogerian assumptions and these recent evidences. To this end, it is proposed to analyze this confluence based on the resumption of the necessary conditions for psychotherapy postulated by Carl Rogers, as detailed in three elements that involve the complexity of interpersonal therapeutic skills: the person of the therapist; the way the client perceives the therapist's attitudes; and the therapeutic relationship per se. Finally, it points to the potential of the humanistic approach and mainly of Rogerian assumptions, which show a proposal of alterity and dialogicity for the psychotherapeutic process, for understanding and effecting relational factors in clinical practice, as newly endorsed even by the most recent scientific evidence of effectiveness in psychotherapy, present in the latest recommendations of the APA, valid, therefore, for the entire psychological clinic, regardless of the theoretical approach of choice of the therapist.
La capacidad terapéutica interpersonal es uno de los elementos de la experiencia clínica central para la práctica psicoterapéutica basada en la evidencia. Investigaciones recientes muestran una mayor apreciación de los factores relacionales involucrados en el proceso psicoterapéutico, como, por ejemplo, el valor actual que se le da al entendimiento empático como facilitador de la psicoterapia. Este trabajo tiene como objetivo demostrar la existencia de una convergencia entre los supuestos rogerianos y esta evidencia más reciente. Para este fin, se propone analizar esta confluencia con base en la reanudación de las condiciones necesarias para la psicoterapia postulada por Carl Rogers, detallada en tres elementos que involucran la complejidad de las habilidades terapéuticas interpersonales: la persona del terapeuta; la forma en que el cliente percibe las actitudes del terapeuta; y la relación terapéutica en sí misma. Finalmente, señala el potencial del enfoque humanista y principalmente de los supuestos rogerianos, que evidencian una propuesta de alteridad y dialogicidad para el proceso psicoterapéutico, para comprender y afectar los factores relacionales en la práctica clínica, ya que incluso comenzaron a respaldar más evidencia científica reciente de efectividad en psicoterapia, presente en las últimas recomendaciones de la APA, válidas, por lo tanto, para toda la clínica psicológica, independientemente del enfoque teórico de elección del terapeuta.