ABSTRACT
Nosso estudo parte do legado dos temas transversais deixado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, especificamente os de meio ambiente e saúde, procurando entender como foram processados em documentos oficiais - como as Diretrizes Curriculares Nacionais, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio etc. - e como foram absorvidos e ressignificados no interior das escolas, principalmente nos projetos político-pedagógicos. Procurou-se problematizar esses temas com base no momento atual, sem desconsiderar, no entanto, o contexto em que foram criados. Para essa releitura, o suporte veio de autores que trabalham com análise de textos e pesquisa qualitativa. O estudo das partes 'meio ambiente' e 'saúde' mostrou que os textos, de maneira geral, são pouco atraentes; pouco práticos; apresentam dificuldades em dar pistas de ação; não mostram bem as diferentes interfaces com as diferentes áreas; não facilitam a visualização do sentido em que ocorre a trans e a interdisciplinaridade; apresentam-se em alguns momentos lacunares ou superficiais; e têm uma proposta de educação comportamentalista. Nesse limite, a educação serve mais à conformação do que à transformação da realidade; responsabiliza demasiadamente o indivíduo e isenta o Estado; promove uma cidadania passiva, que alcança a compreensão do direito, mas não a sua realização.
Our study begins with the legacy of the cross-cutting issues left by the National Curriculum Parameters, specifically concerning environment and health, in an attempt to understand how they were processed in official documents - such as the National Curriculum Guidelines, the Curriculum Instructions for Secondary Education, etc. - and how they were absorbed and resignified within the schools, particularly in the political-pedagogical projects. An attempt was made to problematize these topics based on the current moment, never neglecting, however, the context in which they were created. For this new reading, support came from authors working with text analysis and qualitative research. The study of the 'environment' and 'health' portions showed that the texts are largely unattractive; impractical; have difficulties in giving clues for action; do not show the different interfaces with the different areas well; do not facilitate viewing the direction in which trans and interdisciplinarity take place; at times, are insufficient or superficial, and bring a behaviorist proposal for education. Within these limitations, education is more useful for conformity than to actually transform reality; it attributes too much responsibility to the individual and exempts the State from its duties; it fosters passive citizenship, which indeed affords an understanding of one's rights, but does not actually achieve them.