Your browser doesn't support javascript.
loading
Show: 20 | 50 | 100
Results 1 - 20 de 2.977
Filter
1.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1552672

ABSTRACT

Trata-se de um relato de pesquisa, com referencial na teoria psicanalítica, que teve como objetivo investigar a relevância da escuta às mulheres gestantes em uma instituição de saúde pública. Com base nos relatos destas mulheres, feitos por meio de entrevistas individuais, discorremos sobre o lugar da maternidade e as consequentes transformações em suas vidas. Os significantes emergidos nesses encontros foram articulados com os conceitos de inibição, repetição e angústia, além da transmissibilidade na maternidade e suas aproximações com a noção de trauma. A partir disso, percebemos a importância de serem realizadas discussões no campo psicanalítico a respeito de temas como aborto, luto perinatal e violência obstétrica. Concluímos que o espaço de acolhimento à gestante possibilita a elaboração das angústias vividas com a maternidade, ao tempo que nos aponta a necessidade premente de um espaço de escuta às gestantes que trazem temáticas relativas à atenção à saúde da mulher (AU).


It concerns a research report, with reference on psychoanalysis, that has had the main goal of investigating the relevance of listening to pregnant women in a public health institution. Based onthe pregnant women's reports, given through individual interviews, we discussed the place of maternity and the consequent changes in those women's lives. The signifiers brought to light on those meetings were articulated with the concepts of inhibition, repetition,and anguish, apart from the transmissibility in maternity and its bonds to the notion of trauma. With that as a starting point, we perceive the importance of making discussions in the psychoanalytic field about themes such as abortion, perinatal grief,and obstetric violence. We concluded that the place of sheltering for pregnant women ensures the possibility of elaboration of the lived anguish with maternity, whilepoints us towards the compelling need of a listening space to pregnant women that raises themes related to the attention to women's health (AU).


Este es un relato de investigación, con referencia en la teoría psicoanalítica, que tuvo como objetivo investigar la relevancia de la escucha a las mujeres gestantes en una institución de salud pública. Basándonos en los relatos de estas mujeres, obtenidos por medio de entrevistas individuales, redactamos sobre el lugar de la maternidad y las consiguientes transformaciones en sus vidas. Los significantes emergidos en estos encuentros fueron articulados con los conceptos de inhibición, repetición y angustia, así como la transmisibilidad en la maternidad y sus aproximaciones a la noción de trauma. A partir de eso, notamos la importancia de llevar a cabo discusiones en el campo psicoanalítico con respecto a temas como el aborto, el duelo perinatal y la violencia obstétrica. Concluimos que el espacio de acogida a la mujer embarazada posibilita la elaboración de las angustias vividas con la maternidad, al tiempo que nos señala la necesidad apremiante de un espacio de escucha para las mujeres gestantes que traen temas relacionados a la atención a la salud de la mujer (AU)


Subject(s)
Humans , Female , Pregnancy , Psychoanalytic Interpretation
2.
Psicol. USP ; 35: ee2000088, 2024.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538126

ABSTRACT

Em um contexto clínico, existem diversos tipos de silêncio, próprios de cada análise e presentes de diferentes formas no processo analítico. Este artigo visa realizar uma revisão teórica a respeito do silêncio na literatura psicanalítica. Pretende, também, transitar por reflexões existentes na psicanálise acerca de um silêncio específico: silêncio com potência de movimento e função criadora no processo de análise. A partir da revisão realizada, percebe-se que o silêncio na clínica psicanalítica pode ser pensado a partir do silêncio do paciente, do analista ou em seu aspecto intersubjetivo, ou seja, relacional. A revisão da palavra "silêncio" na obra freudiana abre espaço para pensar a presença intrínseca, porém, coadjuvante, do silêncio na psicanálise desde suas origens. A pesquisa também possibilita ampliar o entendimento do silêncio para além de seu aspecto resistencial. Ilumina os aspectos produtivos e potentes desse conceito em psicanálise e no trabalho analítico


Silence presents many forms within a clinical context, specific to each case and presenting in different ways during the analytical process. This theoretical review of the psychoanalytic literature on silence seeks to push forward psychoanalysis reflections about silence imbued with the power of movement and a creative function. Silence in clinical psychoanalysis can be considered from the perspective of the patient, the analyst, or the relationship, i.e., its intersubjective aspect. A review of the word "silence" within Freud's work allows us to reflect on the intrinsic but supporting presence of silence in psychoanalysis since its origins , expanding the understanding of silence beyond resistance. It clarifies the productive and potent aspects of this concept in psychoanalysis and the analytical process


Le silence se présente sous de nombreuses formes dans un contexte clinique, spécifique à chaque cas et se manifestant de différentes manières au cours du processus analytique. Cette revue théorique de la littérature psychanalytique sur le silence cherche à parcourir les réflexions existantes en psychanalyse sur le silence doté de puissance de mouvement et de fonction créatrice. Le silence dans la clinique psychanalytique peut être conçu du point de vue du patient, de l'analyste ou de son aspect inter-subjectif, c'est-à-dire relationnel. Un examen du mot silence chez Freud nous permet de réfléchir à la présence intrinsèque, bien que secondaire, du silence au sein de la psychanalyse depuis ses origines, en élargissant la compréhension du silence au-delà de la résistance. Elle met également en évidence les aspects productifs et puissants du concept de silence en psychanalyse et dans le travail analytique


En un contexto clínico, existen varios tipos de silencio, específicos para cada análisis y presentes de diferentes maneras en el proceso analítico. Este artículo se propone realizar una revisión teórica sobre el silencio en la literatura psicoanalítica. También tiene como objetivo avanzar a través de las reflexiones existentes en el psicoanálisis sobre un silencio específico: el silencio con el poder del movimiento y la función creativa en el trabajo de análisis. De la revisión realizada, queda claro que el silencio en la clínica psicoanalítica puede pensarse desde el silencio del paciente, el analista o en su aspecto intersubjetivo, es decir, relacional. La revisión de la palabra silencio dentro del trabajo freudiano llevado a cabo en la investigación abre el espacio para pensar sobre la presencia intrínseca, pero de apoyo, del silencio dentro del psicoanálisis desde sus orígenes. La investigación también permite ampliar la comprensión del silencio más allá de su aspecto resistivo. Ilumina los aspectos productivos y potentes de este concepto en el psicoanálisis y el trabajo analítico


Subject(s)
Psychoanalysis , Psychoanalytic Therapy , Nonverbal Communication/psychology
3.
Psicol. Estud. (Online) ; 29: e55777, 2024.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1529194

ABSTRACT

RESUMO Este estudo teve por objetivo analisar o impacto do isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19 sobre a vida familiar, com ênfase na vivência da maternidade e na relação com os filhos. Participaram 20 mães de camadas sociais médias, de 29 a 45 anos, que mantinham atividades laborais a distância e estavam em isolamento social. Foram realizadas entrevistas individuais em profundidade por meio digital. O material coletado foi transcrito e submetido à análise de conteúdo temática. Os resultados mostraram que as mudanças impostas pela pandemia impactaram diretamente a vida familiar, explicitando as desigualdades de gênero na organização da rotina, distribuição de tarefas domésticas e cuidados parentais. Observou-se uma relação ambivalente das mães com a maternidade e com seus imperativos sociais, que reverberam no vínculo que estabelecem com seus filhos. A análise revela que a sobrecarga emocional e física contribui para exacerbar sentimentos de culpa e solidão vivenciados na relação com a maternidade, além de evidenciar conflitos no desempenho dos papéis de mãe, esposa e profissional. As entrevistadas demonstraram exaustão com as demandas domésticas e de cuidados com os filhos, além de conflitos relacionados ao descompasso entre expectativas e padrões sociais que regulam o exercício da maternidade e suas experiências pessoais como mães. As conclusões sugerem a presença de uma crise identitária relacionada aos ideais sociais vinculados às vivências da maternidade, o que convida a pensar na urgência de se olhar para o sofrimento materno, buscando compreender as dimensões subjetivas das transformações que perpassam essa experiência na vigência do isolamento social.


RESUMEN El objetivo de este estudio fue analizar los efectos del aislamiento social resultante de la pandemia de COVID-19 en la vida familiar, con énfasis en la experiencia de la maternidad y la relación con los niños. Participaron 20 madres de estratos sociales medios, de 29 a 45 años de edad, que mantenían actividades laborales a distancia y se encontraban en aislamiento social. Se realizaron entrevistas individuales exhaustivas por medios digitales. El material recopilado se transcribió y se sometió a un análisis de contenido temático. Los resultados mostraron que los cambios impuestos por la pandemia afectaban directamente a la vida familiar, lo que explicaba las desigualdades de género en la organización rutinaria, la distribución de las tareas domésticas y el cuidado de los niños. Se observó una relación ambivalente entre las madres y la maternidad y sus imperativos sociales, que reverberaban en el vínculo que establecen con sus hijos. El análisis revela que la sobrecarga emocional y física contribuye a exacerbar los sentimientos de culpa y soledad experimentados en la relación con la maternidad, además de mostrar conflictos en el desempeño de los papeles de madre, esposa y profesional. Las mujeres entrevistadas mostraron agotamiento con las demandas domésticas y el cuidado de sus hijos, además de conflictos relacionados con el desajuste entre las expectativas y las normas sociales que regulan el ejercicio de la maternidad y sus experiencias personales como madres. Las conclusiones sugieren la presencia de una crisis de identidad ligada a los ideales sociales vinculados a las experiencias de la maternidad, lo que invita a pensar en la urgencia de mirar el sufrimiento materno, tratando de comprender las dimensiones subjetivas de las transformaciones en tiempos de aislamiento social.


ABSTRACT This study aimed to analyze the impacts of the social isolation resulting from the COVID-19 pandemic on family life, with emphasis on the experience of motherhood and the relationship with children. Twenty mothers from the middle social strata, from 29 to 45 years old, who kept working activities at a distance and were in social isolation, participated. In-depth individual interviews were conducted by digital means. The collected material was transcribed and submitted to thematic content analysis. The results showed that the changes imposed by the pandemic directly impacted family life, highlighting gender inequalities in routine organization, distribution of household tasks and parental care. An ambivalent relationship was observed between mothers and maternity and their social imperatives, which reverberated in the bond they establish with their children. The analysis reveals that emotional and physical burden contributes to exacerbate feelings of guilt and loneliness experienced in the relationship with motherhood, in addition to showing conflicts in the performance of the roles of mother, wife and professional. The women interviewed showed exhaustion with domestic and child care demands, in addition to conflicts related to the mismatch between expectations and social standards that regulate the exercise of motherhood and their personal experiences as mothers. The conclusions suggest the presence of an identity crisis due to the social ideals linked to the experiences of motherhood, which invites us to think about the urgency of looking at maternal suffering, seeking to understand the subjective dimensions of the transformations that this experience goes through in the times of social isolation.


Subject(s)
Humans , Female , Adult , Social Isolation/psychology , Women, Working/psychology , Quarantine/psychology , COVID-19/psychology , Mothers/psychology , Psychoanalysis , Stress, Physiological/physiology , Family/psychology , Family Characteristics , Parenting/psychology , Spouses/psychology , Emotions/physiology , Loneliness/psychology
4.
Psicol. USP ; 352024.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538366

ABSTRACT

A arte e a literatura estão presentes de maneira significativa, tanto em Freud quanto em Lacan, entretanto elas se inscrevem de diferentes formas nas duas teorias, isso pode ser melhor observado quando os autores se debruçam sobre uma mesma obra, como Hamlet de William Shakespeare. Além desta, Macbeth é outro drama shakespeariano que interessará a Freud por conta da personagem de Lady Macbeth. Diante disso, o artigo analisou as interpretações de Freud acerca dessas duas tragédias shakespearianas, assim como as de Lacan sobre Hamlet, investigando algumas particularidades acerca de relações com a arte e com a literatura. Embora impliquem em interpretações diversas, essas obras reúnem elementos importantes e por vezes com um valor de exemplo paradigmático para reflexões no campo da psicanálise


Both Freud and in Lacan make extensive, albeit different, use of art and literature in their theories. This can be better observed when they focus on the same work, such as Hamlet and, in Freud's case, Macbeth by William Shakespeare. Thus, this article analysed Freud's readings of these two Shakespearean tragedies, as well as Lacan's analysis of Hamlet, investigating some particularities about their relations with art and literature. Despite differences in interpretation, these works bring together important elements valuable as a paradigmatic example of psychoanalytic reflections


Freud et Lacan font tout deux un usage intensive, mais différent, de l'art et la littérature dans leurs théories. Cela peut être mieux lorsque les auteurs se concentrent sur la même œuvre, comme Hamlet et, dans le cas de Freud, Macbeth de William Shakespeare. Cet article donc analyse la lecture de Freud de ces deux tragédies shakespeariennes, ainsi que l'analyse de Lacan sur Hamlet, en étudiant certaines particularités de leurs relations avec l'art et la littérature. Bien qu'ils impliquent des interprétations différentes, ces travaux rassemblent des éléments importants et ont parfois valeur d'exemple paradigmatique pour les réflexions psychanalytiques


El arte y la literatura están presentes de manera significativa, tanto en Freud como en Lacan, sin embargo se inscriben de diferentes formas en ambas teorías, esto se puede observar mejor cuando los autores se enfocan en una misma obra, como Hamlet de William Shakespeare. Además de esto, Macbeth es otro drama de Shakespeare que a Freud le interesará por el personaje de Lady Macbeth. Por tanto, el artículo analizó las interpretaciones de Freud sobre estas dos tragedias de Shakespeare, así como las interpretaciones de Lacan sobre Hamlet, investigando algunas particularidades sobre sus relaciones con el arte y la literatura. Aunque implican diferentes interpretaciones, estas obras reúnen elementos importantes y, en ocasiones, con el valor de un ejemplo paradigmático para las reflexiones en el campo del psicoanálisis


Subject(s)
Art , Psychoanalytic Interpretation , Psychoanalytic Theory , Literature
5.
Psicol. USP ; 352024.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537759

ABSTRACT

Partindo de uma articulação entre a psicanálise e a fenomenologia de Merleau-Ponty, o objetivo deste artigo é traçar um caminho na psicanálise para uma noção de experiência. A experiência, seja pensada a partir de problemáticas levantadas pela psicanálise contemporânea, mais especificamente no que concerne aos estados limites, seja a partir da fenomenologia, não pertence a um sujeito, mas comporta uma abertura para o mundo. Com base em certas noções e interpretações de diferentes autores na psicanálise, buscam-se caminhos que permitam alcançar um deslocamento de uma posição idealista ou objetivista. Seguindo as indicações de Winnicott, três eixos são destacados como hipóteses centrais para definir a experiência: a corporeidade, o tempo e o sentido. Por fim, propõe-se um questionamento sobre a possibilidade de conceber a experiência como um conceito para a psicanálise contemporânea


By articulating psychoanalysis and Merleau-Ponty's phenomenology, this article traces a possible path towards a notion of experience. Experience, whether based on the problems raised by contemporary psychoanalysis (limit states) or on phenomenology, does not belong to a subject; rather, it includes an opening to the world. Based on certain notions and interpretations by different authors in psychoanalysis, we sought paths that allow a shift from an idealistic or objectivist position. Following Winnicott's propositions, we highlight three axes as central hypotheses to define experience: corporeality, time, and sense. Finally, we question whether experience can be conceived as a concept for contemporary psychoanalysis


En articulant la psychanalyse et la phénoménologie de Merleau-Ponty, cet article trace un chemin en psychanalyse vers une notion d'expérience. L'expérience, qu'elle soit fondée sur les problèmes soulevés par la psychanalyse contemporaine (états limites) ou sur la phénoménologie, n'appartient pas à un sujet, mais comporte une ouverture au monde. Basé sur certaines notions et interprétations de différents auteurs en psychanalyse, on cherche des voies permettant le passage d'une position idéaliste ou objectiviste. Suivant les propositions de Winnicott, trois axes sont mis en évidence comme hypothèses centrales pour définir l'expérience: la corporéité, le temps et le sens. Enfin, on discute de la possibilité de concevoir l'expérience comme un concept pour la psychanalyse contemporaine


Partiendo de una articulación entre el psicoanálisis y la fenomenología de Merleau-Ponty, el objetivo del artículo es trazar un posible camino en el psicoanálisis hacia una noción de experiencia. La experiencia, ya sea basada en los problemas planteados por el psicoanálisis contemporáneo, más específicamente con respecto a los estados límite, o basada en la fenomenología, no pertenece a un sujeto, sino que incluye una apertura al mundo. A partir de ciertas nociones e interpretaciones de diferentes autores en el psicoanálisis, buscamos formas que permitan lograr un cambio desde una posición idealista u objetivista. Siguiendo las indicaciones de Winnicott, se destacan tres ejes como hipótesis centrales para definir la experiencia: corporalidad, tiempo y sentido. Finalmente, se hace una pregunta sobre la posibilidad de concebir la experiencia como un concepto para el psicoanálisis contemporáneo


Subject(s)
Philosophy , Psychoanalysis
6.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1212-1232, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537932

ABSTRACT

Este artigo propõe articulações entre as estruturas coloniais de incidência do racismo e do sexismo no laço social e suas vias de inscrição no inconsciente e no corpo. Partimos de um debate sobre o enquadre colonial da subjetividade e de questões levantadas por Frantz Fanon acerca do modo como o racismo se conecta com a lógica fálica do complexo de Édipo para avaliar sua validade em relação à realidade de povos colonizados. Retomamos formulações freudianas e lacanianas úteis para abordar essa encruzilhada, a partir dos caminhos apontados por Lélia Gonzalez ao discutir as subversões operadas pela mulher negra diante do racismo e do sexismo no contexto brasileiro. Com base em alguns fragmentos clínicos, sustentamos que uma abordagem clínica da perspectiva interseccional antecipada por Lélia Gonzalez demanda uma tomada dialética das relações entre estrutura e história, entre o coletivo e o singular e entre o inconsciente colonizado e o resto que escapa e subverte as relações de dominação.


This article proposes articulations between the colonial structures of incidence of the racism and sexism in the social bond and their ways of inscription in the unconscious and in the body. Starting from a debate about the colonial framework of subjectivity and from questions raised by Frantz Fanon about how the racism connects with the phallic logic of the Oedipus complex to assess its validity in relation to the reality of colonized peoples. We return to useful Freudian and Lacanian formulations to address this crossroads, based on the paths pointed out by Lélia Gonzalez when discussing the subversions operated by black women in the face of racism and sexism in the Brazilian context. Based on some clinical fragments, we argue that a clinical approach to the intersectional perspective anticipated by Lélia Gonzalez demands a dialectical approach to the relations between structure and history, between the collective and the singular, and between the colonized unconscious and the rest that escapes and subverts the relations of domination.


Este artículo propone articulaciones entre las estructuras coloniales de incidencia del racismo y del sexismo en el lazo social y sus formas de inscripción en el inconsciente y en el cuerpo. Partimos de un debate sobre el marco colonial de la subjetividad y de las preguntas planteadas por Frantz Fanon sobre la forma en que el racismo se relaciona con la lógica fálica del complejo de Edipo para evaluar su validez con relación a la realidad de los pueblos colonizados. Retomamos formulaciones freudianas y lacanianas útiles para abordar esta encrucijada, a partir de los caminos señalados por Lélia González al discutir las subversiones operadas por las mujeres negras frente al racismo y al sexismo en el contexto brasileño. En función de algunos fragmentos clínicos, sostenemos que una aproximación clínica de la perspectiva interseccional, anticipada por Lélia González, exige un abordaje dialéctico de las relaciones entre estructura e historia, entre lo colectivo y lo singular y entre el inconsciente colonizado y el resto que escapa y subvierte las relaciones de dominación.


Subject(s)
Psychoanalytic Interpretation , Colonialism , Racism , Sexism , Politics , Unconscious, Psychology , Violence , Women , Black People , Oedipus Complex
7.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1255-1270, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537936

ABSTRACT

Neste artigo, são percorridas algumas indicações feitas por Jacques Lacan sobre a função da superfície e da importância do traço para pensar topologicamente a identificação. Em seguida, a direção dada pelo autor para pensarmos a identificação - especialmente acerca da importância da superfície e da nomeação pelo Outro - é articulada com questões que têm sido discutidas no âmbito das relações raciais no Brasil, trazendo as contribuições de autores do campo das relações raciais como Stuart Hall, Frantz Fanon e Lélia Gonzalez. Situando o campo discursivo sobre as identidades raciais em um contexto nacional marcado, desde a primeira metade do século XX até os dias atuais, pela proposição e pela manutenção do mito da democracia racial por parte considerável da intelectualidade brasileira (branca), são recuperadas questões presentes no trabalho de Lacan para pensar como as identificações são atravessadas pela raça hoje, bem como para indagar discursos que têm desqualificado tais debates nos campos políticos e teóricos. Nas considerações finais, são apontadas algumas implicações dessa discussão para o exercício da clínica psicanalítica.


This article explores specific insights provided by Jacques Lacan regarding the role of surface and the relevance of trace in a topological understanding of identification. Subsequently, the study aligns Lacan's perspective on identification - particularly emphasizing the importance of surface and the Other's act of naming - with pertinent issues to Brazil's racial dynamics. It embodies insights from race relations' scholars such as Stuart Hall, Frantz Fanon, and Lélia Gonzalez. Placing the discourse on racial identities within the national context of Brazil, which has been shaped by the persistent myth of racial democracy propagated by a significant portion of the white Brazilian intellectual sphere from the mid-20th century to the present, this article retrieves Lacanian concepts to realize how contemporary identifications intersect with race. It also investigates discourses that have marginalized these discussions in both political and theoretical realms. In its final considerations, the article underscores the implications of this discourse for psychoanalytic clinical practice.


En este artículo se exploran algunas indicaciones hechas por Jacques Lacan sobre la función de la superficie y la importancia de la traza para abordar topológicamente la identificación. Luego, se conecta la dirección proporcionada por el autor para reflexionar sobre la identificación, especialmente en relación con la importancia de la superficie y la nominación por el Otro, con cuestiones que han sido discutidas en el ámbito de las relaciones raciales en Brasil, incorporando las contribuciones de autores en el campo de las relaciones raciales como Stuart Hall, Frantz Fanon y Lélia Gonzalez. Al situar el campo discursivo sobre las identidades raciales en un contexto nacional marcado desde la primera mitad del siglo XX hasta la actualidad por la proposición y el mantenimiento del mito de la democracia racial por una parte significativa de la intelectualidad brasileña (blanca), se retoman aspectos presentes en el trabajo de Lacan para analizar cómo las identificaciones son atravesadas por la raza en la actualidad, así como para investigar discursos que han descalificado tales debates en los ámbitos político y teórico. En las consideraciones finales, se señalan algunas implicaciones de esta discusión para el ejercicio de la clínica psicoanalítica.


Subject(s)
Psychoanalytic Interpretation , Social Identification , Black People , Racism , Brazil
8.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1522-1541, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538278

ABSTRACT

Por meio da formalização lacaniana da teoria dos discursos e do discurso do capitalista, objetivamos localizar os modos de operação presentes na racionalidade neoliberal. Partimos da introdução de uma nova modalidade de laço social, que parece travar as possibilidades de funcionamento do quarto de giro e opera sob o psiquismo aos moldes de uma produção ilimitada, reduzindo o desejo à dimensão da demanda. Esse movimento realiza uma manobra de captura da subjetividade por meio do supereu e passa a se orientar por horizontes forjados pelo neoliberalismo. A empreitada do discurso do capitalista se assemelha a um "crime perfeito", a qual tem como meta o apagamento de qualquer rastro que sirva como uma orientação desejante. Apostamos na inscrição do desejo por meio do ato de escuta como estratégia de localização de representações possíveis. Assim evita-se a consumação de um crime perfeito e trata-se de uma operação com um resto inassimilável pela economia de mercado. É na medida em que esse resto pode ser acolhido por meio de uma escuta que se inscreve a possibilidade de produção não apenas de uma coordenada pautada no desejo bem como de uma estratégia política frente ao ilimitado dos mercados contemporâneos.


Through Lacan's formalization of the theory of discourses and the discourse of the capitalist, we aim to locate the operation modes present in neoliberal rationality. We start from the introduction of a new modality of social bond, which seems to block the working possibilities of a quarter spin and operates under the psyche in the mold of an unlimited production, reducing desire to the dimension of demand. This movement captures the subjectivity through the superego and begins to be guided by horizons forged by neoliberalism. The endeavor of the capitalist discourse resembles the "perfect crime", which has as its goal the erasure of any trace that serves as a desiring orientation. We bet on the inscription of desire through the act of listening as a strategy for locating possible representations. In this way, the consummation of a perfect crime is avoided and it is turns to be about an operation with a leftover that cannot be assimilated by the market economy. It is to the extent that this remainder can be welcomed through listening that the possibility of producing not only a coordinate based on desire, but also a political strategy in the face of the unlimited nature of contemporary markets is inscribed.


Por medio de la formalización lacaniana de la teoría de los discursos y del discurso del capitalista, pretendemos ubicar los modos de operación presentes en la racionalidad neoliberal. Partimos de la introducción de una nueva modalidad de vínculo social, que bloquea las posibilidades de trabajo del rotación y opera bajo el psiquismo en el molde de una producción ilimitada, reduciendo el deseo a la demanda. Este movimiento captura la subjetividad a través del superyó y comienza a guiarse por horizontes forjados por el neoliberalismo. La obra del discurso capitalista se asemeja al "crimen perfecto", que tiene como fin borrar cualquier rastro de orientación deseante. Apostamos por la inscripción del deseo a través del acto de escuchar como estrategia de localización de posibles representaciones. De esta forma se evita la consumación de un delito perfecto y se trata de una operación con un resto que no puede ser asimilado por la economía de mercado. Es en la medida en que este resto puede ser acogido a través de la escucha que se inscribe la posibilidad de producir no sólo una coordenada basada en el deseo, sino también una estrategia política frente a la naturaleza ilimitada de los mercados contemporáneos.


Subject(s)
Humans , Politics , Psychoanalytic Interpretation , Capitalism , Unconscious, Psychology
9.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1618-1632, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538290

ABSTRACT

Abordamos o problema da língua na psicanálise, apontando como esta lida com os limites nos quais esbarra em seu exercício linguageiro. Mostramos a relação entre letra, lugar e as fronteiras da língua. A partir da abordagem do exílio e do desarraigamento no campo da arte e da literatura, problematizamos o monolinguismo e situamos a importância do ato de recepção do testemunho em psicanálise. Como escutar o que escapa à representação? Apontamos a dimensão política da prática d'alíngua como via de reabitar a língua, recurso cuja escrita viabiliza novas leituras do mundo. A psicanálise encontra, assim, o desafio de fazer surgir/emergir aquilo que foi apagado/silenciado, contribuindo para a produção de novos territórios linguísticos que sejam respeitosos com a diferença e viabilizem o trânsito entre línguas. Ler com o translinguístico é uma maneira de grifar o movimento daqueles que estão à margem e fornece pistas para a reinvenção necessária do lugar de escuta.


We address the problem of language in psychoanalysis, pointing out how it deals with the limits it encounters in its language exercise. We show the relationship between letter, place, and language borders. From the approach of exile and uprooting in the field of art and literature, we problematize monolingualism and place the importance of the act of receiving testimony in psychoanalysis. How to listen to what escapes representation? We point out the political dimension of the practice of lalangue as a way to reinhabit the language, a resource whose writing enables new readings of the world. Psychoanalysis thus faces the challenge of bringing to light/emerging what has been erased/silenced, contributing to the production of new linguistic territories that are respectful of difference and make transit between languages possible. Reading with the translinguistic is a way of highlighting the movement of those who are on the margins and provides clues for the necessary reinvention of the place of listening.


Abordamos el problema de la lengua en psicoanálisis, señalando cómo lidia con los límites que encuentra en su ejercicio del lenguaje. Mostramos la relación entre letra, lugar y fronteras de la lengua. Desde el enfoque del exilio y del desarraigo en el campo del arte y la literatura, problematizamos el monolingüismo y ubicamos la importancia del acto de recibir testimonio en el psicoanálisis. ¿Cómo escuchar lo que escapa a la representación? Señalamos la dimensión política de la práctica del lenguaje como forma de rehabitar la lengua, recurso cuya escritura posibilita nuevas lecturas del mundo. El psicoanálisis enfrenta así el desafío de sacar a la luz/emerger lo borrado/silenciado, contribuyendo a la producción de nuevos territorios lingüísticos respetuosos de las diferencias y posibilitando el tránsito entre lenguas. Leer con el translingüístico es una forma de evidenciar el movimiento de los que están en los márgenes y da pistas para la necesaria reinvención del lugar de la escucha.


Subject(s)
Psychoanalysis , Psychoanalytic Interpretation , Language , Communication Barriers
10.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1466-1485, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538189

ABSTRACT

O artigo desponta da construção de um amplo panorama que localiza afinidades estruturais e tensões problemáticas entre a psicanálise e os coletivos. Nossa revisão de literatura, sobre psicanálise e política, discerne o valor da análise do psicanalista na sustentação da tarefa de subversões políticas do divã às praças públicas. Na sequência, pensamos as repercussões da política da psicanálise frente aos debates que envolvem neurodiversidade/autismo, cientificismo psicoterápico e capitalismo. Pretendemos criticar uma versão alienante da política, versão protagonista dos diferentes temas que abordamos e veiculada pelo agente na função do semblante - a lei, o saber-todo ou o indivíduo hedonista servo de seus mais-de-gozar (discurso capitalista). Na contrapartida dessa versão, está a prática advinda de um Judeu - ou seja, de um corpo que viveu os efeitos do racismo dos discursos, antes mesmo da ascensão do Nazismo - e elaborada através da escuta de algo amordaçado na potencialidade da sexualidade feminina. A partir de tais fatos, argumentamos uma crucial chave de leitura à psicanálise nos conflitos políticos: interrogar a subjetividade de quem psicanalisa. Resultando no questionamento de modalizações conservadoras que marcaram a história da clínica psicanalítica e ainda ressoam no fazer teórico-prático.


The article emerges from the construction of a large panorama that locates structural affinities and problematic tensions between psychoanalysis and collectives. Our literature review on Psychoanalysis and Politics discerns the value of the psychoanalyst's analysis in sustaining the task of political subversions from the divan to the public space. In the sequence, we consider the repercussions of the politics of psychoanalysis in the face of debates involving neurodiversity/autism, psychotherapeutic scientificism and capitalism. We intend to criticize an alienating version of politics, a version that is the protagonist of the different themes we approach and which is conveyed by the agent in the function of the semblant - the law, the all-knowing or the hedonistic individual who is the servant of his own surplus-jouissance (capitalist discourse). The counterpart to this version is the practice coming from a Jew - that is, from a body that lived the effects of the racism of discourses, even before the rise of Nazism - and elaborated by listening to something muzzled in the potentiality of female sexuality. Based on these facts, we argue that there is a crucial key to psychoanalysis in political conflicts: questioning the subjectivity of those who psychoanalyze. This results in the questioning of conservative modalizations that have marked the history of the psychoanalytic clinic and still resonate in the doing of theoretical-practical.


El artículo surge de la construcción de un amplio panorama que localiza afinidades estructurales y tensiones problemáticas entre el psicoanálisis y los colectivos. Nuestra revisión bibliográfica, sobre Psicoanálisis y Política, discute el valor del análisis del psicoanalista para sostener la tarea de subversiones políticas del diván a las plazas públicas. En seguida, pensamos en las repercusiones de la política del psicoanálisis frente a los debates sobre neurodiversidad/autismo, cientificismo psicoterapéutico y capitalismo. Pretendemos criticar una versión alienante de la política, una versión que protagoniza en los diferentes temas que abordamos y que es vehiculada por el agente en el papel del semblante - la ley, el saber-todo o el individuo hedonista siervo de su propio más-de-gozar (discurso capitalista). En la contrapartida de esta versión está la práctica proveniente de un judío - es decir, de un cuerpo que vivió los efectos del racismo de los discursos, incluso antes del ascenso del nazismo - y elaborada al escuchar algo amordazado en la potencialidad de la sexualidad femenina. A partir de estos hechos, sostenemos que hay una clave de lectura crucial del psicoanálisis en los conflictos políticos: cuestionar la subjetividad de quienes psicoanalizan. Esto resulta en el cuestionamiento de las modalidades conservadoras que han marcado la historia de la clínica psicoanalítica y aún resuenan en el hacer teórico-práctico.


Subject(s)
Politics , Psychoanalysis/history , Psychoanalytic Interpretation , Community Participation , Sexuality
11.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1633-1650, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538291

ABSTRACT

Este artigo se propõe a elaborar, a partir da formação do psicanalista e da política da psicanálise, a articulação entre os campos psicanalítico e da saúde mental. Para isso, parte-se do alerta de Freud quanto ao risco de a psicanálise figurar como uma técnica a mais, no rol das especialidades médicas, somado às questões colocadas por Franco Basaglia para a Psiquiatria e a Psicanálise. Compreende-se que tanto os questionamentos de Basaglia, quanto as justificativas dadas por Lacan em seu retorno a Freud, têm como possível elo o alerta quanto ao risco de reduzir o tratamento dispensado para sujeitos em situação de intenso sofrimento psíquico, bem como a formação ofertada no interior das instituições psicanalíticas, a um mero exercício de adequação social. Nesse sentido, indicamos ser a política do psicanalista, com seu radical compromisso com a perspectiva de não redução da Psicanálise à oferta de um tratamento que negue a condição de falta-a-ser do sujeito, uma perspectiva possível para situar o psicanalista frente ao aparelhamento das instituições, sejam as de saúde mental, sejam aquelas que atravessam a formação do psicanalista, como a Universidade e as Escolas de Psicanálise.


This article proposes to elaborate from the education of psychoanalysts and the politics of psychoanalysis, the articulation between the psychoanalytic and mental health fields. To that end, it starts with Freud's warning about the risk of psychoanalysis appearing as one more technique in the list of medical specialties, added to the questions raised by Franco Basaglia to Psychiatry and Psychoanalysis. It is understood that both Basaglia's questions and the justifications given by Lacan in his return to Freud have as a possible link the alert regarding the risk of reducing the treatment given to subjects in situations of intense psychic suffering, as well as the education offered in the within psychoanalytic institutions, to a mere exercise of social adequacy. In that sense, we indicate that the psychoanalyst's policy, with his radical commitment to the perspective of not reducing Psychoanalysis to the offer of a treatment that denies the subject's condition of lack-to-be, is a possible perspective to place the psychoanalyst in the face of the rigging of institutions, whether those of mental health or those that permeate the education of psychoanalysts, such as the University and Schools of Psychoanalysis.


Ese artículo se propone elaborar, a partir de la formación del psicoanalista y de la política del psicoanálisis, la articulación entre los campos psicoanalíticos y de la salud mental. Para eso, partimos de la alerta de Freud cuanto al riesgo del psicoanálisis engendrar como una técnica a más en el rol de las especialidades médicas, sumado a las cuestiones planteadas por Franco Basaglia para la Psiquiatría y el Psicoanálisis. Se entiende que tanto los cuestionamientos de Basaglia, cuanto las justificativas ofrecidas por Lacan en su retorno hacia Freud tienen como posible enlace la alerta cuanto, al riesgo en reducir el tratamiento dispensado para los sujetos en situación de intenso sufrimiento psíquico, así como la formación ofrecida en el interior de las instituciones psicoanalíticas, a un simples ejercicio de adecuación social. En ese sentido, indicaremos ser la política del psicoanalista, con su radical compromiso con la perspectiva de la no reducción del Psicoanálisis a una oferta de un tratamiento que niegue la condición de falta-a-ser del sujeto, una perspectiva posible para situar el psicoanalista frente al preparo de las instituciones, sean de salud mental, sean aquellas que atraviesan la formación del psicoanalista, como la Universidad y las Escuelas de Psicoanálisis.


Subject(s)
Humans , Politics , Psychoanalysis , Psychoanalytic Interpretation , Mental Health , Embarrassment
12.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1193-1211, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537293

ABSTRACT

Quem pode falar no divã? Como a inscrição do sujeito e do sujeito do inconsciente em relações sociais de poder de classe, gênero, sexualidade, raça, idade, validade, limita o acesso a uma elaboração analítica? O reconhecimento da colonialidade, como efeito de dominação e lugar de enunciação que persiste além da colonização, tornou possível a emergência de novas formas subjetivas, culturais e epistêmicas, incentivando a psicanálise a escutar de outra forma. Este artigo propõe se debruçar sobre a incidência da raça e da branquitude na psicanálise a partir das epistemologias do posicionamento e da epistemologia da ignorância. No contexto social francês, enquanto uma parte crescente da população francesa experimenta diariamente a discriminação racial, essa é veementemente negada por uma maioria de político·as e pesquisadore·as, que recusam até o uso da palavra "raça". A partir dessa negação oficial do racismo sistémico pelo poder político e por uma maioria de estudos acadêmicos, o artigo tenta analisar a epistemologia da ignorância que prevalece na postura clínica e teórica de uma psicanálise maioritária. Trata-se de estudar a forma como uma ignorância branca provoca uma desescuta das questões de raça no divã, produz efeitos transferenciais de silenciamento, e nega vivências particulares em nome do universalismo.


Who can speak on the couch? How does the inscription of the subject and the subject of the unconscious in class, gender, sexuality, race, age and validity social power relations limit access to a psychoanalytical elaboration? The recognition of coloniality as an effect of domination and a locus of enunciation that persists beyond colonisation has made it possible for new subjective, cultural and epistemic forms to emerge, encouraging psychoanalysis to listen differently. This article looks at the impact of race and whiteness on psychoanalysis through the perspective of the Standpoint Epistemologies and the Epistemology of Ignorance. In the French social context, while a growing part of the French population experiences racial discrimination on a daily basis, it is vehemently denied by a majority of politicians and researchers, who refuse to even use the word "race". Starting from this official denial of systemic racism by the political establishment and a majority of academic studies, the article seeks to analyse the epistemology of ignorance that prevails in the clinical and theoretical stance of a majoritian psychoanalysis. The aim is to study the way in which white ignorance causes race issues to be non-listened to on the couch produces silencing transferential effects, and denies particular experiences in the name of universalism.


¿Quién puede hablar en el diván? ¿Cómo la inscripción del sujeto y del sujeto del inconsciente en las relaciones sociales de poder de clase, género, sexualidad, raza, edad, validez, limitan el acceso a una elaboración analítica? El reconocimiento de la colonialidad como un efecto de dominación y un lugar de enunciación que persiste más allá de la colonización ha posibilitado la emergencia de nuevas formas subjetivas, culturales y epistémicas, impulsionando al psicoanálisis a escuchar de otra manera. Este artículo examina el impacto de la raza y la blanquitud en el psicoanálisis desde la perspectiva de las epistemologías del posicionamiento y la epistemología de la ignorancia. En el contexto social francés, mientras que una parte creciente de la población francesa experimenta a diario la discriminación racial, ésta es negada con vehemencia por una mayoría de políticos/as e investigadores/as, que se niegan incluso a utilizar la palabra "raza". Partiendo de esta negación oficial del racismo sistémico por parte del poder político y de una mayoría de estudios académicos, el artículo intenta analizar la epistemología de la ignorancia que prevalece en la postura clínica y teórica de un psicoanálisis mayoritario. El objetivo es estudiar el modo en que la ignorancia blanca hace que las cuestiones raciales sean des-escuchadas en el diván, produce efectos transferenciales de silenciamiento y niega las experiencias particulares en nombre del universalismo.


Subject(s)
Psychoanalysis , Psychoanalytic Interpretation , Racial Groups , Racism , Politics , Narcissism
13.
Vínculo ; 20(2): 140-148, 20230000.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1532549

ABSTRACT

Este estudo teve como objetivo compreender a autolesão na adolescência e investigar sua relação com o funcionamento familiar em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil por meio de um estudo de caso. A autolesão é caracterizada como um comportamento intencional de ferir o próprio corpo, sem a intenção de morrer, podendo evidenciar o desamparo e o convite ao olhar do outro, diante de sua dor. A pesquisa adotou uma abordagem clínico-qualitativa, com análise e discussão dos conteúdos à luz da Psicanálise de Casal e Família. Os resultados revelaram que a adolescente inscreve no corpo um sofrimento não verbalizado, relacionado à crise cultural e à fragilidade dos suportes simbólicos necessários para o desenvolvimento psíquico. Na família, evidenciou-se falhas das funções continentes do Eu-pele familiar, como a dificuldade em perceber os cortes e compreender as queixas da filha. Conclui-se que a autolesão pode servir como uma defesa contra o sofrimento psíquico, comunicando falhas ambientais. Destaca-se a importância da família no desenvolvimento psíquico durante a adolescência, fornecendo apoio emocional diante das transformações e lutos exigidos ao longo da vida.


The aim of this study was to understand self-injury in adolescence and investigate its relationship with family functioning in a Child and Adolescent Psychosocial Care Center through a case study. Self-injury is characterized as an intentional behavior of hurting one's own body, without the intention of dying, and can show helplessness and an invitation to the gaze of others in the face of their pain. The research adopted a clinical-qualitative approach, analyzing and discussing the content in the light of Couple and Family Psychoanalysis. The results revealed that the teenager inscribes non-verbalized suffering on her body, related to the cultural crisis and the fragility of the symbolic support necessary for psychic development. In the family, there were failures in the continental functions of the family Self-skin, such as the difficulty in perceiving the cuts and understanding the daughter's complaints. We conclude that self-injury can serve as a defense against psychic suffering, communicating environmental failures. The importance of the family in psychic development during adolescence is highlighted, providing emotional support in the face of the transformations and mourning required throughout life.


El objetivo de este estudio fue comprender la autolesión en la adolescencia e investigar su relación con el funcionamiento familiar en un Centro de Atención Psicosocial a Niños y Adolescentes a través de un estudio de caso. La autolesión se caracteriza por ser una conducta intencional de dañar el propio cuerpo, sin intención de morir, y puede ser una evidencia de indefensión y una invitación a la mirada de los demás ante su dolor. La investigación adoptó un abordaje clínico-cualitativo, analizando y discutiendo el contenido a la luz del Psicoanálisis de Pareja y Familia. Los resultados revelaron que la adolescente inscribía en su cuerpo un sufrimiento no verbalizado, relacionado con la crisis cultural y la fragilidad del soporte simbólico necesario para el desarrollo psíquico. En la familia, hubo fallas en las funciones continentales de la Auto-piel familiar, como la dificultad para darse cuenta de los cortes y comprender las quejas de la hija. Concluimos que la autolesión puede servir como defensa contra el sufrimiento psíquico, comunicando fallas ambientales. Se destaca la importancia de la familia en el desarrollo psíquico durante la adolescencia, proporcionando apoyo emocional frente a las transformaciones y duelos necesarios a lo largo de la vida.


Subject(s)
Humans , Male , Female , Adolescent , Self-Injurious Behavior , Family Relations
14.
Vínculo ; 20(2): 128-139, 20230000.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1532541

ABSTRACT

O medo é um afeto comum ao desenvolvimento humano, presente desde o nascimento; como é sentido e expressado pelas crianças reflete o amadurecimento emocional. Esta pesquisa clínica-qualitativa investigou os medos de seis crianças entre 5 e 7 anos, no contexto pandêmico, formato on-line, com entrevista com as mães e Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema com as crianças. Os dados foram analisados pela livre inspeção do material, segundo psicanálise winnicottiana. A manifestação do medo foi variada: medo de algo concreto e atual relacionado a um ego mais preservado; medos mais abstratos em crianças com menor autonomia. Em todos os casos, quanto maior o suporte emocional familiar, menos queixas e dificuldades. A figura materna se destacou como cuidadora principal, facilitando a autonomia ou mantendo a dependência infantil. O momento da pandemia surgiu como agravante de prejuízos emocionais, o medo infantil esteve relacionado a vivência de conflitos internos e expressão de necessidades anteriores.


Since birth, fear is a common affection of human improvement and how children feel and express it reflects their emotional development. This clinical-qualitative research investigated the fears of six children between five and seven years old in the context of COVID-19 pandemic. Both online, mothers were interviewed and were applied to children the Drawing-and-Story Procedure (D-E). Data were analyzed by free inspection of the material, according to winnicottian psychoanalysis. The manifestation of fear was varied: fear of something concrete and current related to a well-preserved ego; abstract fears were reported in less autonomy children. In all cases, the greater the family's emotional support, the less complaints and difficulties. The maternal figure stood out as the main caregiver, facilitating autonomy or maintaining child dependence. Child fear was related to experience of internal conflicts and expression of previous needs and the pandemic was an aggravating factor of these emotional losses.


El miedo es un afecto común en el desarrollo humano; cómo lo sienten y expresan los niños refleja la maduración emocional. Esta investigación clínico-cualitativa investigó los miedos de seis niños entre cinco y siete años, en el contexto de la pandemia. En formato online, se entrevistó a las madres; a los niños se les aplicó el Procedimiento de Dibujos-Cuentos (D-E). Los datos fueron analizados por inspección libre del material, según el psicoanálisis de Winnicott. La manifestación del miedo fue variada: miedo a algo concreto y actual relacionado con un ego más preservado; miedos más abstractos en niños con menor autonomía. Cuanto más grande era el apoyo emocional de la familia, menores las dificultades. Las madres se destacaron como las principales cuidadoras, manteniendo o no la dependencia infantil. El miedo se relacionó con la vivencia de conflictos internos y la expresión de necesidades previas, pero la pandemia fue un gran agravante.


Subject(s)
Humans , Male , Female , Child, Preschool , Child , Psychoanalysis , Fear , COVID-19/psychology
15.
Vínculo ; 20(2): 107-115, 20230000.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1532528

ABSTRACT

Grupos psicoterapêuticos encontram crescente receptividade nos serviços públicos e privados de saúde. Eles conjugam a expansão da capacidade de atendimento com atuação clínica crítica e propositiva frente ao individualismo da sociedade contemporânea. É importante assim pensarmos os desafios da formação dos psicólogos para este trabalho. Este artigo parte de uma dificuldade encontrada por estagiários de 4° e 5° ano do curso de psicologia, na condução de um grupo psicoterapêutico. Coloca-se como objetivo analisar a relação entre um pacto denegativo que obstaculiza o processo terapêutico com as experiências iniciais de atendimento dos estagiários. Aspectos vivenciados serão apresentados e debatidos à luz da teoria. Descreve-se a existência de um pacto denegativo neste grupo, que se opõe ao processo terapêutico dos pacientes e complexifica o desenvolvimento dos estagiários ao desafiar a confiança em suas percepções e associações, dificultando a realização de intervenções. Conclui-se que o pacto denegativo que obstaculiza o grupo se apresenta, a princípio, como um desafio aos estagiários, porém, mediante o apoio na relação entre os estagiários e supervisão é possível transformar este desafio em fonte de aprendizado.


Grupos psicoterapéuticos son cada vez más recibidos en los servicios de salud. Combinan la expansión de la capacidad de servicio con una acción clínica crítica y decidida frente al individualismo de la sociedad contemporánea. Es importante pensar en los desafíos de formar psicólogos para este trabajo. Este artículo se basa en una dificultad que enfrentan los pasantes de 4° y 5° año de psicología al momento de conducir un grupo psicoterapéutico. El objetivo es analizar la relación entre un pacto negativo que obstruye el proceso terapéutico y las experiencias de cuidado de los internos. Se debatirán experiencias y la teoría. Se describe la existencia de un pacto negativo, que se opone al proceso terapéutico de los pacientes e intensifica el desafío de los alumnos al desafiar la confianza en sus percepciones y asociaciones, lo que dificulta la realización de intervenciones. Se concluye que el pacto negativo que obstaculiza al grupo se presenta, en un primer momento, como un reto para los aprendices, sin embargo, a través del apoyo en la relación entre los aprendices y la supervisión es posible transformar este reto en una fuente de aprendizaje.


Psychotherapeutic groups are increasingly employed in health services. They combine the expansion of the service capacity with critical and purposeful clinical action in face of the individualism of contemporary society. It is important to think about the challenges of training psychologists for this work. This article is based on a difficulty encountered by 4th and 5th year psychology students, acting as trainees, when conducting a psychotherapeutic group. The objective is to analyze the relationship between a denegative pact that obstructs the therapeutic process and the trainees' initial clinical experience. This text debates aspects of this practice in light of theory. It describes a denegative pact in this group, which opposes the patients' therapeutic process and intensifies the trainees' challenge by challenging the trust in their perceptions and associations, making it more difficult for them to find spaces to intervene. It concludes that the negative pact that hinders the group presents itself, in principle, as a challenge to the trainees, however, through support in the relationship between the trainees and supervision it is possible to transform this challenge into a source of learning.


Subject(s)
Humans , Psychoanalysis , Psychotherapy, Group
16.
Vínculo ; 20(2): 97-106, 20230000.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1532525

ABSTRACT

A partir do bicentenário da Independência do Brasil inúmeros trabalhos de revisão histórica surgiram com a comemoração da data. No entanto, de qual história estamos falando, ou melhor, qual história nos foi contada, por quem e de que forma? Diante dessas inquietações, se questiona como se poderia, através do trabalho de grupo, trazer a conhecimento fatos da história do povo brasileiro que foram sombreados, distorcidos e invisibilizados. O Desvelar, um processo grupal que está em andamento, possui até 14 participantes e tem como constituinte mais importante depoimentos dos participantes (acerca das vivências de apagamento, violência e injustiça). Os encontros tiveram início com a discussão sobre o Projeto Querino (visão afrocentrada da história do Brasil). Este pode ser entendido como objeto mediador para facilitar melhor o conhecimento da história. Conhecendo melhor a história, vamos entender por que somos o que somos hoje. Conhecer seu lugar, sua história, seus condicionantes e seu potencial, levam a um pensamento livre.


Since the bicentennial of Brazil's Independence, numerous historical revisions works emerged with the commemoration of the date. However, what story are we talking about, or rather, what story was told to us, by whom and in what way? Faced with these concerns, it is questioned how it could, through group work, bring to light facts of the history of the Brazilian people that were shaded, distorted and made invisible. The Desvelar, an in progress group process that has up to 14 participants and has as its most important constituent testimonials from the participants (about the experiences of erasure, violence and injustice). The meetings began with a discussion about the Querino Project (Afro-centered view of the history of Brazil). This can be understood as a mediating object, to better facilitate the knowledge of history. Knowing better the history, we will understand why we are what we are today. Knowing our place in the world, our history, our constraints, our potential, leads to a free thinking.


Desde el bicentenario de la Independencia de Brasil, numerosas obras de revisión histórica surgieron con la conmemoración de esa fecha. Sin embargo, de qué historia estamos hablando, o mejor, que historia nos contaron, ¿por quién y de qué manera? Frente a estas preocupaciones, se pregunta cómo se podría, a través del trabajo en grupo, traer al conocimiento hechos de la historia del pueblo brasileño que fueron sombreados, distorsionados e invisibilizados. El Desvelar, un proceso grupal que está en curso, tiene hasta 14 participantes y tiene como componente más importante los testimonios de los participantes (sobre las experiencias de borrado, violencia e injusticia). Las reuniones comenzaron con una discusión sobre el Proyecto Querino (Visión afrocéntrica de la historia de Brasil). Este puede entenderse como un objeto mediador, para facilitar mejor el conocimiento de la historia. Conociendo mejor la historia, entenderemos por qué somos lo que somos hoy. Conocer tu lugar, tu historia, tus limitaciones, tu potencial conduce al pensamiento libre.


Subject(s)
Humans , Psychoanalysis
17.
Interaçao psicol ; 27(3): 365-374, ago.-dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS-Express | LILACS | ID: biblio-1531445

ABSTRACT

O objetivo do presente artigo é analisar o fenômeno das automutilações, trazendo à luz a complexidade desse campo de estudos e visando apresentar a construção de uma categoria nosográfica para as automutilações. Elas se caracterizam pelo ato de ferir o próprio corpo voluntariamente, sem intenção consciente de morte, e podem se apresentar de diversas formas, configurando diferentes tipos de comportamentos. Partindo das discussões existentes na literatura sobre o fenômeno, inicialmente circunscritas à psiquiatria e, posteriormente apropriadas pela psicanálise, apresentamos um percurso histórico do conceito, contextualizando suas aparições em diferentes cenas e formas psicopatológicas. Buscamos ainda fomentar uma discussão acerca do estatuto do fenômeno automutilatório: trata-se apenas de um sintoma, prevalente em diferentes quadros clínicos, ou estaríamos falando de uma síndrome, entidade clínica diferenciada que afunila e congrega outros comportamentos? Nesse cenário, destacamos o caráter transnosográfico das automutilações, uma vez que o fenômeno perpassa diversos quadros clínicos na forma de sintoma, ao mesmo tempo em que começa a se configurar como uma entidade nosográfica separada de outras doenças.


The aim of this article is to analyze the phenomenon of self-mutilations, to highlight the complexity of this field of study, and to present the construction of a nosographic category for self-mutilation. They are characterized by the act of voluntarily injuring one's own body, without a conscious intention of death, and they can manifest in different ways, configuring different types of behavior. Based on existing discussions in the literature on the phenomenon, initially limited to psychiatry and later appropriated by psychoanalysis, we present a historical trajectory of the concept, contextualizing its appearances in different psychopathological scenes and forms. We also seek to encourage a discussion about the statute of the self-mutilating phenomenon: would it be just a symptom, prevalent in different clinical conditions, or would we be talking about a syndrome, a differentiated clinical entity that narrows down and brings together other behaviors? In this scenario, we highlight the transnosographic character of self-mutilation, since the phenomenon permeates several clinical conditions in the form of symptoms, while at the same time it can be configured as a nosographic entity separate from other diseases.

18.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1291-1310, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537955

ABSTRACT

Debatemos os rastros presentes na distopia de nossos laços sociais contemporâneos enquanto restos da colonialidade que sobrevivem em nossa cultura. Metodologicamente, recorremos a personagens do imaginário coletivo que interrogam o lugar do outro na cena social e na política. Compreendemos que os zumbis enquanto imagem mnêmica social trazem visibilidade às políticas de degradação do outro - sua dominação, seu extermínio, bem como da desmobilização política. A contextualização histórica e geográfica da origem e da construção desses personagens reforça a constatação da lógica colonizadora e escravagista ali presente, fundamentada nos modos de captura dos desejos, dos corpos e da vida dos sujeitos, culminando no efeito de obliteração das perspectivas de futuro. A figura do zumbi enquanto a lembrança encobridora do negro escravizado haitiano denuncia a desqualificação das lutas de libertação como nada mais que atos violentos de uma horda acéfala, bem como oferece a oportunidade de reinstituir a dignidade dos movimentos que visam à transformação social. Dentro de determinada perspectiva crítica, os zumbis passam a representar a imagem mnêmica social dos libertários que não cessam de lutar. Tornam-se a simbolização do impossível de governar; reagem ao destino certo da condição de mortos, recuperando a potência de construção de um comum na alteridade.


We discuss the traces present in the dystopia of our contemporary social ties as remnants of coloniality that survive in our culture. Methodologically, we resort to characters from the collective imaginary that question the place of the other in social and political scene. We understand that zombies as a social mnemic image bring visibility to the policies of degradation of the other­their domination, their extermination, as well as political demobilization. The historical and geographic contextualization of the origin and construction of these characters reinforces the presence of the colonizing and slavery logic there, based on the ways of capturing the subjects' desires, bodies and lives, culminating in the effect of obliterating the prospects for the future. The figure of the zombie as a screen-memory of the enslaved black-Haitian denounces the disqualification of liberation struggles as nothing more than violent acts by an acephalous horde, as well as offers the opportunity to bring back the dignity of movements that claims for social transformation. Within a certain critical perspective, the zombies come to represent the social mnemic image of libertarians who never stop fighting. They become the symbolization of the impossible to govern; they react to dead condition as a fate, recovering the power to build a common in otherness.


Discutimos los rastros presentes en la distopía de nuestros lazos sociales contemporáneos como restos de colonialidad que perviven en nuestra cultura. Metodológicamente, recurrimos a personajes del imaginario colectivo, que cuestionan el lugar del otro en la escena social y en la política. Entendemos que los zombis como imagen mnémica social visibilizan las políticas de degradación del otro - su dominación, su exterminio, así como la desmovilización política. La contextualización histórica y geográfica del origen y de construcción de estos personajes refuerza la constatación de la lógica colonizadora y esclavista allí presente, basada en los modos de captura de los deseos, cuerpos y vida de los sujetos, culminando en el efecto de obliteración de perspectivas futuras. La figura del zombi como recuerdo encubridor del negro haitiano esclavizado denuncia la descalificación de las luchas de liberación como nada más que actos violentos de una horda acéfala, además de ofrecer la oportunidad de restituir la dignidad de los movimientos que aspiran a la transformación social. Dentro de cierta perspectiva crítica, los zombis vienen a representar la imagen mnémica social de los libertarios que no cesan de luchar. Se convierten en la simbolización del imposible de gobernar; reaccionan ante el destino cierto de la condición de los muertos, recuperando la potencia de construir un común en la alteridad.


Subject(s)
Psychoanalysis , Black or African American , Colonialism , Motion Pictures , Dehumanization , Enslavement
19.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1311-1332, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537965

ABSTRACT

Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa de mestrado, que se propôs a investigar, a partir de narrativas de mulheres negras, as percepções e significados de suas experiências enquanto mulheres, como também identificar os marcadores da diferença de suas vivências em torno da feminilidade e o que faz uma mulher negra experimentar a feminilidade de uma forma própria. Apoiamo-nos na perspectiva metodológica da pesquisa psicanalítica dos fenômenos sociais e políticos, por compreender que nossa questão advém de um impasse político-social, que foi examinado a partir da relação transferencial e da indissociabilidade entre teoria, clínica e pesquisa. Utilizamos o recurso de entrevistas enquanto instrumento para a produção do material de análise. Assim, entrevistamos três mulheres negras, convidadas a compartilhar suas histórias e experiências enquanto mulheres. A partir do debate teórico e do material levantado nas entrevistas, foi possível identificar as complexidades do processo de tornar-se mulher e negra, a partir dos marcadores difundidos no laço social, por possuir especificidades subjetivas. Para além disso, pensar no significado dos símbolos utilizados por mulheres negras e contar com uma outra mulher negra para apresentar esses elementos são direções que podem impactar a experiência da feminilidade dessas mulheres.


This work is part of our master's research, which has proposed to investigate, from narratives of black women, the perceptions and meanings of their experiences as women, as well as to identify the markers of the difference in their experiences around femininity and what makes a black woman experience femininity in her own way. We rely on the methodological perspective of psychoanalytic research on social and political phenomena, understanding that our issue stems from a political-social impasse, which has been examined from the transferential relationship and the inseparability between theory, clinic and research. We have used the interview resource as an instrument for the production of analysis material. Thus, we have interviewed three black women, which were invited to share their stories and experiences as women. From the theoretical debate and from the material that have raised in the interviews, it was possible to identify the complexities of the process of becoming woman and black, from the markers scattered through the social bond, as it has subjective specificities. Furthermore, thinking about the meaning of the symbols used by black women and relying on another black woman to present these elements are directions that can impact these women's experience of femininity.


Este trabajo forma parte de nuestra investigación de maestría, que se propuso indagar, a partir de narrativas de mujeres negras, las percepciones y significados de sus experiencias como mujeres, así como identificar los marcadores de la diferencia en sus experiencias en torno a la feminidad y que le permita experimentar la feminidad a su manera. Nos apoyamos en la perspectiva metodológica de la investigación psicoanalítica sobre los fenómenos sociales y políticos, entendiendo que nuestro problema surge de un impasse político-social, que fue examinado desde la relación transferencial y la inseparabilidad entre teoría, clínica e investigación. Utilizamos el recurso de la entrevista como instrumento para la producción de material de análisis. Así, entrevistamos a tres mujeres negras, invitadas a compartir sus historias y experiencias como mujeres. A partir del debate teórico y del material levantado en las entrevistas, fue posible identificar las complejidades del proceso de hacerse mujer y negra, a partir de los marcadores difundidos en el vínculo social, ya que tiene especificidades subjetivas. Además, pensar en el significado de los símbolos utilizados por las mujeres negras y confiar en otra mujer negra para presentar estos elementos son direcciones que pueden impactar la experiencia de la feminidad de estas mujeres.


Subject(s)
Humans , Female , Perception , Psychoanalysis , Women , Black People , Femininity , Life Change Events
20.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1506-1521, dez. 2023.
Article in Portuguese | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538192

ABSTRACT

O advento das biotecnologias no mundo contemporâneo, em particular das Novas Tecnologias Reprodutivas (NTR's), liberando a sexualidade dos antigos imperativos da procriação, nos oferece uma prova contundente da abertura ilimitada da vida à transformação das condições em que as normas vitais engajam os organismos no processo de individuação. Mais do que isso, evidencia o caráter essencialmente contingente da ligação entre vida, morte e sexualidade. O objetivo deste trabalho é examinar a fecundidade da concepção freudiana de sublimação - lida sob o registro das transformações que a ela se impõem com o advento do conceito de pulsão de morte (1920) - em subsidiar uma reflexão ética e política acerca dos efeitos da incidência das Novas Tecnologias Reprodutivas (NTR's) nos campos da reprodução, da sexualidade e do laço social. Nossa hipótese é a de que o fenômeno das biotecnologias desvela, sob a cobertura do temor, tão frequentemente evocado por alguns de nossos contemporâneos, de dilapidação das instituições e dos modos de vida sobre os quais acreditávamos poder fundar nossa fantasmática "humanidade", a infinita potência da vida em recriar-se diante d'isso que quer destruí-la.


The advent of biotechnologies in the contemporary world, particularly New Reproductive Technologies (NTRs), freeing sexuality from the old imperatives of procreation, offers us overwhelming proof of the unlimited opening up of life to the transformation of conditions in which vital norms engage the organisms in the individuation process. Even more so, it highlights the essentially contingent character of the connection between life, death, and sexuality. The aim of this study is, therefore, to examine the fruitfulness of the Freudian conception of sublimation, read under the register of the transformations imposed upon this notion with the advent of the death drive concept (1920), in subsidizing an ethical and political reflection on the effects of the incidence of NTRs in the reproduction, sexuality and social bond fields. Our hypothesis is that the biotechnologies phenomenon reveals, under the cover of fear, so often evoked by some of our contemporaries, of institutional dilapidation and ways of life in which we believed we could establish our fantastic "humanity", the infinite life's power to recreate itself in the face of that which wants to destroy it.


La llegada de las biotecnologías en el mundo contemporáneo, en particular de las Nuevas Tecnologías Reproductivas (NTR's), liberando la sexualidad de los imperativos de la procreación, nos ofrece una prueba contundente de la abertura ilimitada de la vida a la transformación de las condiciones en que las normas vitales capacitan el organismo a la individuación. Más allá de eso, se evidencia el carácter esencialmente contingente de la ligación entre vida, muerte y sexualidad. El objetivo de este estudio es examinar la fecundidad de la concepción freudiana de sublimación - leída bajo el registro de las transformaciones que a ella se imponen con la llegada del concepto de pulsión de muerte (1920) - en subsidiar una reflexión ética y política acerca de los efectos de la incidencia de las Nuevas Tecnologías Reproductivas (NTR's) en los campos de la reproducción, de la sexualidad y del lazo social. Nuestra hipótesis es que el fenómeno de las biotecnologías desvela, bajo la cobertura del temor, tan frecuentemente evocado por algunos de nuestros contemporáneos, de dilapidación de las instituciones y de los modos de vida sobre los cuales creíamos poder fundar nuestra fantasmática "humanidad", la infinita potencia de la vida en recrearse de ante d'eso que quiere destruirla.


Subject(s)
Sublimation, Psychological , Reproductive Techniques , Death , Freudian Theory , Biotechnology/methods , Sexuality
SELECTION OF CITATIONS
SEARCH DETAIL