ABSTRACT
Public health emerges and acquires a unique expressiveness in many places, albeit under different forms, according to the power games to which they were submitted. One trace makes itself present: domination, through a certain savoir-faire (just like a biopower), of the life dynamics of the population groups, to be able to act upon it and thus also dominate the crowds in their movements: whoever escaped would be monitored, captured and excluded. This is savoir-faire power about how many people die, how many are born, what they die of, and how to avoid it. How to enter and control this game, this is the sanitary obsession and paranoia. This article starts a conversation about thinking of the crowd as a kind of sphinx that the public health system must unearth to be able to control it, just like certain ways of governing others, both individuals and groups. Making it a population is always its strategy of central power. In the contingency of Rio de Janeiro, which some time ago raised the street issue intensely, added to the city's presence in the key world events, the FIFA World Cup and the Summer Olympics, the situation of street signals has been acquiring highly specific expressions regarding the relationship between a crowd and public health, which opens windows for our views about some of the dilemmas that we now face: the making of a crowd in several ways puts at risk the very Government strategies that bank on the construction of the 'population' category.".
A saúde pública emerge e adquire uma expressividade única em vários lugares, mesmo que sob formas distintas, conforme os jogos de poder a que estavam submetidos. Um traço se faz ali presente: dominar por um certo saber-fazer (como um biopoder) a dinâmica da vida nas populações, para poder agir sobre ela e, com isso, dominar as multidões em seus movimentos; o que escapasse, seria vigiado, capturado e excluído. Poder saber-fazer sobre quantos morrem, nascem, do que morrem e como evitá-lo. Como entrar e controlar esse jogo, é a obsessão e a paranoia sanitária. Esse artigo abre uma conversa sobre o pensar a multidão como uma esfinge que a saúde pública tem de desvelar para controlar, conforme certos modos de governar os outros, indivíduos e coletivos. Torná-la população é sempre sua estratégia de poder central. Na contingência do Rio de Janeiro, que trouxe há um tempo a questão da rua de uma maneira intensa, agregada pela sua presença nos eventos mundiais, Copa do Mundo de Futebol e Olimpíada, a situação dos sinais da rua vão adquirindo expressões muito específicas no que toca à relação multidão e saúde pública, o que, abre janelas para a nossa visão sobre alguns dos dilemas que temos hoje: o fazer-se multidão de vários modos coloca em cheque as estratégias governamentais que apostam na fabricação da categoria "população".