ABSTRACT
A etiologia do hipermetabolismo pós-traumático näo está ainda totalmente esclarecida. O estado metabólico do paciente traumatizado caracteriza-se por hipercatabolismo protéico, gliconeogênese hepática e considerável aumento do consumo de O2 total, entre outros atributos. Nesses pacientes, o hipercatabolismo é quantitativamente mais importante no tecido muscular esquelético. O objetivo do presente estudo é avaliar o perfil de extraçäo de O2 pelo tecido muscular esquelético em pacientes traumatizados, comparando-o com o mesmo perfil em controles normais. Foram estudados 14 pacientes, com idades variando entre 15 e 55 anos (média de 32 anos), vítimas de traumatismo que exigiu cirurgia de grande porte para seu tratamento, e comparados a 12 voluntários normais, com idades variando entre 13 e 64 anos (média 36 anos). Pacientes e voluntários pertenciam ao sexo masculino e se apresentavam hemodinamicamente estáveis, afebris, em repouso, jejum e recebendo apenas, soro fisiológico nas 12 horas que antecederam o estudo. As coletas de sangue arterial (artéria radial) e venoso (veia femoral comum) foram efetuadas entre 24 e 36 horas de pós-operatório e às 8 horas da manhä. Foram medidas nas amostras: pO2 saturaçäo de O2 hemoglobina, sendo calculado o conteúdo de O2 nas amostras arteriais e venosas. Sua diferença é diretamente proporcional ao consumo de O2 pelo membro inferior, dentro de certas limitaçöes. A extraçäo de O2 no território muscular esquelético dos pacientes (6,41 + ou - 1,69 ml/100 ml) foi elevada em relaçäo ao O2 nos voluntários (4,94 + ou - 1,63 ml/100 ml) com significância estatística ao nível de 5% (t = 2,25). As alteraçöes observadas refletem indiretamente a aceleraçäo das reaçöes oxidativas que caracterizam a fase catabólica do período pós-traumático imediato