ABSTRACT
Objetivo. Avaliar a relaçao entre raça e tipo histológico de glomerulomefrite, levando em consideraçao idade, sexo e presença da forma hepatoesplênica da esquistossomose mansônica. Material e Métodos. Pacientes do Serviço de Nefrologia da Universidade Federal da Bahia, 80 com esclerose glomerular focal (EGF) e 50 com glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP) foram comparados quanto à distribuiçao dos tipos raciais (negro, mulato, branco). Pacientes com lupus eritematoso sistêmico ou qualquer outro tipo de doença auto-imune nao foram incluídos na presente análise. Comparaçoes ajustadas foram feitas através do método de Mantel-Haenszel e de um modelo de regressao logística múltipla. Resultados. Raça foi significantemente associada com o tipo histológico; a relaçao entre o número de negros ou mulatos e o número de brancos foi aproximadamente 2,4 vezes maior (odds ratio=2,43; IC 95 por cento=1,09-5,45) em pacientes com EGF do que em pacientes com GNMP. Esta associaçao entre raça e tipo histológico foi independente da idade, do sexo e da presença da forma hepatoesplênica da esquistossomose. No modelo de regressao logística múltipla, raça foi significativamente (p=0,037) associada com o tipo histológico (odds ratio=2,54; IC 95 por cento=1,06-6,06). Conclusao. A maior freqüência de negros e mulatos no grupo EGF nesta amostra de pacientes da Bahia é consistente com os achados de estudos realizados nos Estados Unidos. Os dados apoiam a posibilidade de uma relaçao entre descendência africana e susceptibilidade aumentada para EGF, independente da idade, do sexo e do diagnóstico de esquistossomose. A identificaçao dos mecanismos que determinam esta diferença racial representa uma importante questao para futuras investigaçoes.