ABSTRACT
Descreve o perfil epidemiológico da doença meningocócica na cidade do Rio de Janeiro no início do século. Caracteriza-se como um estudo de epidemiologia descritiva realizado a partir de documentos estatísticos ofociais, teses acadêmicas e periódicos editados no período de 1903 a 1934. Discute no corpo do trabalho questöes metodológicas como a compatibilidade entre as definiçöes de caso da meningite cérebro-espinhal epidêmica, nomenclatura de registro da doença no início do século, e da infecçäo meningocócica na atualidade. O perfil epidemiológico da doença meningocócica foi descrito através da análise da distribuiçäo e freqüência de variáveis temporais, espaciais e pessoais a partir de dados de mortalidade e morbidade para o período de 1910 a 1930. Na descriçäo do processo epidêmico foram construídos diagramas de controle, analisados deslocamento de faixa etária e a razäo entre os coeficientes de mortalidade. No início da década de 20 observou-se um aumento súbito no número de casos notificados e de óbitos da doença. Os coeficientes de mortalidade que no período de 1910 a 1919 näo ultrapassaram os valores de 0,44 por 100.000 habitantes, durante esta década, chegaram a atingir coeficientes de 9,39 por 100.000 habitantes. Os resultados obtidos permitem descrever a primeira epidemia de doença meningocócica na cidade do Rio de Janeiro, iniciada em 1920. No ano de incidência máxima, 1922, foram notificados 231 casos e 119 óbitos da doença. A pesquisa reconstitui a história epidemológica da doença meningocócica, no início do século no Rio de Janeiro, resgatando fontes documentais importantes, e comprova a possibilidade de se aplicar, no caso da doença meningocócica, a dados produzidos no início do século técnicas epidemiológicas atuais.