ABSTRACT
O objetivo do artigo consistiu em discutir a medicalização do risco para a psicose; especificamente, a construção de uma nova categoria diagnóstica quevem sendo realizada pela força-tarefa de elaboração do DS M-5, nomeada síndrome de risco para a psicose e,mais recentemente, síndrome dos sintomas psicóticos atenuados. A metodologia utilizada foi a revisãobibliográfica. Foi realizado um breve relato da genealogia do risco na psiquiatria. Na parte inicial do artigo, procurou-se discutir a medicalização de uma forma mais geral, focandosobre os aspectos do controle social e das tecnologias do self, sob uma ótica foucaultiana. Posteriormente, foi dadaênfase ao processo da medicalização do risco para a psicose; em especial, à construção de uma categoria relacionadaa esse risco. Dentre os alcances desse processo, destacouse a possibilidade de se intervir precocemente na psicosee com isso retardar seu início. Ainda não está claro se a intervenção precoce pode reduzir a gravidade do quadroquando instalado ou mesmo impedir seu aparecimento. Quanto aos limites, mostrou-se o risco de se produzir umahipermedicalização com a construção da categoria, levando ao uso indiscriminado de medicamentos neurolépticos e aos riscos relacionados a esse uso, bem como à estigmatizaçãodos indivíduos incluídos na categoria. Foi mostrado também o problema do elevado número de indivíduos falsospositivos, ou seja, indivíduos que serão categorizados e mais tarde não desenvolverão qualquer transtorno psicótico. Procurou-se com o trabalho estabelecer uma crítica consistente à construção da categoria nosológica em questão.