ABSTRACT
Este artigo é fruto de pesquisa de iniciação científica da PUC Minas sobre trabalho doméstico e pandemia. Em junho de 2020, morreu Miguel, de cinco anos, filho da empregada doméstica Mirtes Renata, que trabalhava durante a pandemia de covid-19. Miguel caiu do edifício enquanto estava sob os cuidados da patroa de Mirtes. A partir do estudo de caso do "caso Miguel", aliado à bibliografia sobre trabalhadoras domésticas e relações étnico-raciais, buscou-se: (1) observar as relações entre raça, classe e gênero e a naturalização da precarização deste trabalho; (2) analisar o caso Miguel em sua relação com a profissão e movimentos de resistência na luta por direitos, reconhecimento e justiça. Como resultados, observa-se a potência das mobilizações de coalizão entre movimentos sociais e redes de solidariedade para a identificação do caráter estrutural do fenômeno, atuando em forma ampla pela justiça e transformação dessas estruturas. Conclui-se que a pandemia de covid-19 evidenciou a linha direta entre precarização da profissão e a desvalorização das vidas das trabalhadoras domésticas, sendo a morte de Miguel uma consequência da violência e precarização histórica do lugar da mulher negra
This article is the result of PUC Minas' scientific initiation research on domestic work and pandemic. In June 2020, five-year-old Miguel, son of the domestic worker Mirtes Renata, who was working during the COVID-19 pandemic, died. Miguel fell of the building while in the care of Mirtes' employer. From the case study of "Caso Miguel," combined with the bibliography on domestic workers and ethnic racial relations, we sought to: (1) observe the relationships between race, class, and gender and the naturalization of the precariousness of this work; (2) analyse Miguel's case related with the profession and with resistance movements in the fight for rights, recognition, and justice. As results the potential of coalition mobilizations between social movements and solidarity networks to identify the structural character of the phenomenon, acting broadly for justice and transformation of these structures, is observed. In conclusion, the COVID-19 pandemic evidenced the direct line between the profession precarization and the devaluation of the domestic workers lives, with Miguel's death a consequence of violence and historical precarization of black women place
Subject(s)
Humans , Male , Female , Child, Preschool , Adult , Race Relations/psychology , COVID-19/psychology , Working Conditions/psychology , Occupational Groups , Employment , Social Cohesion , Household Work , Human RightsABSTRACT
Resumo No presente manuscrito narramos em ficção experiências e questionamentos disruptivos que saboreamos com nossas corpas no processo de invenção e criação desse dossiê, que escuta e compartilha uma gama de possibilidades de "usos" do conceito de poder e de modos de subjetivação, seja na compreensão/vivência das relações raciais, na produção de estratégias de cuidado e de modos de existência de pessoas e comunidades negras, seja no enfrentamento ao racismo e às violências produzidas pela branquitude e pelos variados processos de atualização da lógica colonial. Caos-mundo é a encruzilhada, é a voz de criação, que protagoniza e fia conceitos diante de questionamentos sobre a Psicologia Social e do modo como tem trombado com a luta antirracista. Desde arte-fatos científicos, apresentamos o conjunto de artigos que constituem esse dossiê.
Abstract In this manuscript we narrate in fiction disruptive experiences and questions that we savored with our bodies in the process of invention and creation this dossier, which listens to and shares a range of possible "uses" of the concept of power and modes of subjectivation, in the understanding/experience of racial relations, in the production of care strategies and ways of existence for black people and communities, whether in confronting racism and the violence produced by whiteness and the varied processes of updating colonial logic. Chaos-world is the crossroads, it is the voice of creation, which leads and spins concepts in the face of questions about Social Psychology and the way it has collided with the anti-racist struggle. From scientific art-facts, we present the set of articles that constitute this dossier.
Resumen En este manuscrito narramos en ficción experiencias y preguntas disruptivas que saboreamos con nuestros cuerpos en el proceso de invención y creación de este dossier, que escucha y comparte un abanico de posibles "usos" del concepto de poder y modos de subjetivación, ya sea en la comprensión/vivencia de las relaciones raciales, en la producción de estrategias de cuidado y modos de existencia para las personas y comunidades negras, ya sea en la lucha contra el racismo y la violencia producida por la blanquitud y los variados procesos de actualización de las lógicas coloniales. Caos-mundo es la encrucijada, es la voz de la creación, que lidera y hila conceptos ante los interrogantes sobre la psicología social y su forma de chocar con la lucha antirracista. A partir de arte-factos científicos, presentamos el conjunto de artículos que componen este dossier.
Subject(s)
Antiracism , Race Relations/psychologyABSTRACT
Resumo Este trabalho resulta de uma pesquisa qualitativa que verificou as percepções de estagiários de Psicologia, através de entrevistas semiestruturadas, sobre questões raciais e de classe social, e como esses fatores se evidenciam na clínica de psicológica. O método de análise das entrevistas foi a Análise de Conteúdo de Bardin. Os resultados indicam: restrito conhecimento temático; dificuldades em relacionar conceitos de forma crítica que abarquem as especificidades desses fenômenos na realidade; escasso repertório teórico-metodológico dos estagiários em identificar tais questões em clínica, limitando-se a utilização de técnicas psicoterapêuticas que não contemplam as especificidades dessas demandas. Por fim, as questões raciais e de classe não são suficientemente discutidas no campo das intervenções clínicas, o que sugere que a formação em Psicologia no interior de Rondônia não contempla aprendizados que habilitem os futuros profissionais à intervenção adequada às questões sócio-raciais.
Resumen Este trabajo es el resultado de una investigación cualitativa que verificó las percepciones de los pasantes de psicología, a través de entrevistas semiestructuradas, sobre temas raciales y de clase social, y cómo estos factores se evidencian en la clínica psicológica. El método de análisis de las entrevistas fue el Análisis de contenido de Bardin. Los resultados indican: conocimiento temático limitado; dificultades para relacionar críticamente conceptos que engloben las especificidades de estos fenómenos en la realidad; escaso repertorio teórico-metodológico de los aprendices para identificar tales cuestiones en la práctica clínica, limitando el uso de técnicas psicoterapéuticas que no abordan la especificidad de estas demandas. Finalmente, las cuestiones raciales raciales y de clase no se discuten suficientemente en el campo de las intervenciones clínicas, lo que sugiere que la formación en Psicología en el interior de Rondônia no incluye un aprendizaje que permita a los futuros profesionales intervenir adecuadamente en cuestiones socio-raciales.
Abstract This work is the result of a qualitative research that verified the perceptions of psychology interns, through semi-structured interviews, about racial and social class issues, and how these factors are evidenced in the Psychology clinic. The method of analysis of the interviews was Bardin's Content Analysis. The results indicate: restricted thematic knowledge; difficulties in critically relating concepts that encompass the specificity of these phenomena in reality; scarce theoretical-methodological repertoire of trainees to identify such issues in clinical practice, limiting the use of psychotherapy techniques that do not address the specificity of these demands. Finally, racial and class issues are not sufficiently discussed in the field of clinical interventions, which suggests that the training in Psychology in the countryside of Rondônia does not include learning that will enable future professionals to intervene appropriately to socio-racial issues.
Subject(s)
Psychology, Clinical , Race Relations/psychology , Social Class , Training Support , Psychology/education , Qualitative Research , Racism/psychologyABSTRACT
O processo de migração internacional afeta os relacionamentos de imigrantes de diferentes formas, incluindo suas amizades. A presente investigação teve por objetivo descrever as amizades de imigrantes gregos no Brasil à luz do processo de migração internacional e as relações percebidas entre essas amizades e o contexto social a partir de entrevistas com 10 imigrantes estabelecidos no Brasil havia mais de 10 anos. Os resultados indicaram que as amizades estavam associadas à percepção da receptividade do país e adaptação ao Brasil. Mudanças nas amizades anteriores à migração e o papel da comunidade grega nas amizades dos migrantes também foram investigados. Os dados são discutidos com base nas propostas de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal
The process of international migration affects relationships of immigrants in different ways, including their friendships. The present study aimed to describe the friendships of Greek immigrants in Brazil in light of the process of international migration and the perceived relations between these friendships and social context based on interviews with 10 immigrants settled in Brazil for over 10 years. The results indicated that friendships were associated with the perception of receptivity as well as adaptation to the new country. Changes in friendships prior to migration and the role of the Greek community in friendships were also investigated. The data are discussed based on the proposals of Hinde for the study of interpersonal relationships
Subject(s)
Humans , Male , Female , Adult , Emigrants and Immigrants/psychology , Race Relations/psychologyABSTRACT
Em tarefas de reconhecimento facial, adultos e crianças apresentam dificuldade ao reconhecer faces de raças diferentes da sua. Esse efeito é conhecido como Efeito da Outra Raça (EOR) e tem sido consistentemente replicado em diversos estudos. O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão da literatura sobre alguns modelos teóricos que explicam sua emergência e desenvolvimento. Os modelos de codificação de faces baseado no Protótipo, e em Exemplares são a base para a explicação das diferenças na codificação entre faces da mesma raça e faces de outra raça. Uma revisão das recentes pesquisas sobre o EOR e como experiências com faces de outra raça, durante a primeira infância o influenciam, foi apresentada. Finalmente, pesquisas futuras relativas ao contexto cultural foram propostas, para melhor investigar o desenvolvimento do efeito da raça e dos modelos de codificação de faces.
In face recognition tasks, adults and children have difficulty recognizing faces from other races. This effect is known as the Other Race Effect (ORE) and has been consistently replicated in several studies. The aim of this paper is to present a review of some theoretical models that explain the ORE, its emergence and development. Face coding mechanisms based on Prototypes and Exemplars are the basis for the explanation of differences in coding between the same race and other race faces. It was presented a review of recent research on ORE and how the experiences with other race faces during early childhood influences the effect. Finally, further research on the cultural context has been proposed to better investigate the development of ORE and face coding mechanisms.
Subject(s)
Child Development , Face , Race Relations/psychology , Visual PerceptionABSTRACT
Este artigo tem como objetivo fazer uma contribuição para o campo de estudo que relaciona as categorias raça, racismo e psicologia, e faz parte dos estudos interdisciplinares nacionais e internacionais sobre branquitude. Para tanto, faço uma análise de como sujeitos brancos se apropriam da categoria raça e do racismo na constituição de suas subjetividades. Para essa compreensão foram feitas entrevistas com brancos paulistanos de diferentes classes sociais, gênero e gerações com o intuito de compreender quais os significados que estes sujeitos atribuíam a "ser branco". Os resultados obtidos nesta pesquisa apontaram que o racismo e a ideia falaciosa de raça, construída no século XIX, ainda fazem eco nos modos de subjetivação de indivíduos brancos. A partir das análises das entrevistas foi possível perceber que estes sujeitos acreditam que "ser branco" determina características morais, intelectuais e estéticas dos indivíduos.
Este artículo tiene como objetivo contribuir para el campo de estudio que relaciona las categorías de raza, racismo y psicología, y forma parte de los estudios interdisciplinares nacionales e internacionales sobre blancura. Por lo que, hago un análisis de cómo los individuos blancos se apropian de la categoría raza y del racismo en la constitución de sus subjetividades. Para ésta comprensión se han hecho entrevistas con paulistanos blancos de diferentes clases sociales, género y generaciones, cuyo intuito es de comprender cuales son los significados que estos individuos atribuían a "ser blanco". Los resultados obtenidos en esta investigación apuntaron que el racismo y la idea errónea de raza, construida en el siglo XIX, aún hacen eco en los modos de subjetivación de individuos blancos. A partir de los análisis de las entrevistas fue posible observar que estos individuos creen que "ser blanco" determina características morales, intelectuales y estéticas de los individuos.
This article aims to make a contribution to the field of study that relates the categories of race, racism and psychology and is part of the national and international field of critical studies on whiteness. For this purpose, it was made an analysis of how white people appropriate the categories of race and racism in their subjective constitution. Data was drawn from interviews made with white Brazilians from São Paulo of different social classes, gender and generations in order to grasp the ascribed meaning of being "white". The findings show that racism and the fallacious idea of race, built in the nineteenth century, still echoes in the modes of subjectivation of white individuals. Based on the analysis of the interviews, it was possible to realize that they believe that "being white" determines moral, intellectual and aesthetic characteristics of individuals.
Subject(s)
Humans , Male , Female , White People , Psychology, Social , Race Relations/psychology , Racism , Social IdentificationABSTRACT
Esta pesquisa avaliou discursos de mestrandos sobre a natureza das diferenças raciais, suas consequências sociais e os fatores psicossociais a que estão relacionados em um estudo exploratório, de natureza quali-quantitativa, com 19 alunos do mestrado em Psicologia e 15 do de Direito Econômico. Verificou-se que os discursos analisados organizaram-se em três classes: diferenças existem e são genéticas; diferenças não existem; processos de exclusão usam traços fenotípicos como critério de diferenciação. Constatou-se que o primeiro condena as reivindicações do movimento negro e é contrário às quotas e à sua autonomia política e cultural; o segundo, mais frequente em estudantes politizados, é favorável a essas reivindicações; o último agrega respostas negativas, positivas e interrogativas em relação aos aspectos mencionados. Os resultados evidenciam repertórios discursivos que negam ou naturalizam as desigualdades raciais: tanto expressam posições adversas às reivindicações dos negros quanto as justificam, racionalizando como não preconceituosas posições que o são.
This research evaluated graduate students discourses about nature of racial differences, their social consequences and the related psycho-social factors in an exploratory qualitative and quantitative study, with 19 graduate students of psychology and 15 of Economic Law. It was verified that the analyzed speeches had been organized in three classes: (1) differences exist and are genetic; (2) exclusion processes use phenotypic traces as differentiation criterion; (3) differences does not exist. We can observe that the first type of speech condemns the claims by black movement, specially university quotes and their politic autonomy; the second one, more frequent in politicized students, is favorable to these claims; the last one collect negative, positive and interrogative answers in relation to the cited aspects. The results evidence discursive repertoires that deny or naturalize the racial inequalities: expresses adverse positions to black population claims, rationalizing this position as not prejudiced.
Subject(s)
Prejudice , Race Relations/psychology , Racism , Psychology, Social , BrazilABSTRACT
O objetivo deste ensaio teórico é compreender como se caracterizam os discursos e as representações das relações raciais entre brancos e negros na mídia, por meio de pesquisas anteriores. O aporte teórico escolhido para explicar o fenômeno foi formado pela articulação da configuração estabelecidosoutsiders de Elias e Scotson (2000) com os conceitos de narcisismo e falsa projeção. A partir deste aporte teórico, o trabalho propõe um modelo que explica as relações raciais que ocorrem na sociedade e que são reproduzidas pela mídia. Os principais elementos do modelo são: o grau de coesão, o poder do grupo dominante, o narcisismo, a falsa projeção, o mito da democracia racial e a ideologia do branqueamento.
The objective of this investigation is to understand through literature review how racial relations among white and blacks are represented in media. The framework employed to understand the phenomenon is the articulation of the established and outsiders concept with two other concepts taken from the social psychology. A conceptual model is proposed in order to explain the phenomenon in the Brazilian context.
El objetivo de esta investigación es comprender cómo se caracterizan los discursos y las representaciones de las relaciones raciales entre blancos y negros en los medios de comunicación. La teoría elegida para explicar el fenómeno son la configuración de Elías y Scotson (2000) con los conceptos del narcisismo y la proyección falsa. El documento propone un modelo que explica las relaciones raciales que se producen en la sociedad y son reproducidas por los medios de comunicación. Los principales elementos del modelo son: el grado de cohesión, el poder del grupo dominante, el narcisismo, la proyección de falso, el mito de la democracia racial y la ideología del blanqueamiento.
Subject(s)
Humans , Black People , Mass Media/trends , Mass Media , Social Media , Politics , Prejudice , Propaganda , Psychology , Race Relations/psychology , TelevisionABSTRACT
Pesquisando a participação de mulheres em grupos juvenis entre 1999 e 2001, pude perceber que os movimentos hip-hop e anarcopunk, apesar de se constituírem como espaços predominantemente masculinos, eram ainda espaços de relações menos hierarquizadas, onde havia uma aceitação dessas jovens mulheres, ainda que precária. 'Aberta a brecha', elas apropriavam-se dessa aceitação e transformavam-na em um discurso da valorização do "ser mulher", denunciando as discriminações e relações desiguais que sofriam no próprio movimento, buscando construir novas relações - a partir de coletivos de mulheres ou em coletivos mistos, abrindo espaços para a atuação de outras mulheres, rompendo com os modelos tradicionais de socialização que sofreram, construindo também movimentos diferentes, em que os homens jovens estavam tendo que aprender que o poder poderia ser distribuído mais igualitariamente. A importância de sua 'juventude' estava mais em sua participação nos estilos hip-hop e anarcopunk - estilos que são juvenis -, participação que produziu os significados de gênero e raciais que elas vinham construindo, fundamentais na constituição de suas identidades
Subject(s)
Gender Identity , Interpersonal Relations , Women/psychology , Race Relations/psychology , Population GroupsABSTRACT
O presente artigo baseia-se em dissertação de mestrado defendida pelo autor no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, no ano de 2005. Tem como ponto de partida a psicologia analítica de C.G. Jung aplicada a um contexto local: o Brasil e, mais especificamente, a cidade de São Paulo. Aliado aos pós-junguianos, o trabalho procura referências externas ao campo da psicologia - como a sociologia, a antropologia e a história - para percorrer o fenômeno chamado movimento ou cultura hip hop. Este atinge parte considerável da população jovem de São Paulo, sobretudo a que mais sofre com o processo de exclusão social, isto é: a negro-descendente das periferias. Os materiais coletados foram entrevistas, depoimentos, observações próprias, além de letras da vertente musical rap. A análise realizada concluiu que o hip hop tem grande força de expressão simbólica na construção de uma persona criativa dessa população, conferindo-lhe possibilidade de assumir uma identidade mais próxima de sua realidade. Tal movimento é capaz de exercer influência sobre a autonomia dos complexos da sociedade paulistana, principalmente no que diz respeito à questão do racismo e do lugar ocupado pelos negro-descendentes habitantes das periferias
Subject(s)
Culture , Black People/psychology , Jungian Theory , Poverty Areas , Race Relations/psychologyABSTRACT
A escravidão negra no Brasil trouxe profundas marcas para a sociedade contemporânea. A ambigüidade presente no pós-abolição ao negro não é negado o direito de ser livre, mas lhe são negadas condições dignas de vida, repetindo-se muitas vezes, lógicas semelhantes a da escravidão , de alguma forma, persiste nos dias de hoje por meio de práticas racistas, sejam elas explícitas ou não. No presente artigo, são analisadas as origens do racismo brasileiro por meio de reflexões sobre as relações raciais após o fim da escravidão. O foco da análise é o discurso científico legitimado pela importação de teorias raciais européias no início do século XX e sua particular apropriação pelos intelectuais brasileiros, especificamente, pela análise de uma obra do médico baiano Raimundo Nina Rodrigues. O racismo justificado pela ciência foi a forma de manter a desigualdade de tratamento entre brancos e negros, nesse momento histórico. Essa desigualdade ainda pode ser observada nos dias de hoje. Para tal, são discutidas as formas de expressão do racismo atual
Subject(s)
Prejudice , Social Problems/history , Social Problems/psychology , Race Relations/history , Race Relations/psychology , BrazilABSTRACT
Este trabalho tem como objetivo fazer uma primeira aproximação ao tema do racismo sob o ponto de vista da abordagem psicanalítica. Num primeiro momento busca-se verificar, tendo como base o aparato teórico de Michel Foucault desenvolvido na obra História da sexualidade A vontade de saber, se a teoria psicanalítica pode ou não ser utilizada como um instrumento político que justifique medidas racistas. Num segundo momento, tenta-se fazer uma primeira investigação sobre o tema, buscando explicar esse evento social, levando em conta a teoria psicanalítica e, principalmente, o texto: O mal-estar na civilização, de Freud.
This text is a preliminary investigation about the subject of racism from the point of view of the psychoanalytic approach. Firstly, based on Michel Foucaults theory developed in his work. The history of sexuality: an introduction, it tries to check whether psychoanalysis could be a political tool to justify racist actions and decisions. Secondly, it tries to explain this social event, considering the psychoanalytic theory, mainly the text Civilization and its discontents, by Freud.
Subject(s)
Humans , Prejudice , Race Relations/psychologySubject(s)
Humans , Male , Female , Socioeconomic Factors/history , Race Relations/history , Race Relations/psychologySubject(s)
Male , Female , Humans , Race Relations/history , Race Relations/psychology , Socioeconomic Factors/historyABSTRACT
Em vários países, entre os quais o Brasil, constatamos uma expressiva presença demográfica de afro-descendentes. País de maior população negra fora da África, os valores ancestrais africanos estão presentes e muito atuantes no processo de desenvolvimento da identidade e da cidadania. Há, porém, um processo de negação da importância dos elementos das cosmovisões de matrizes africanas, nessa sociedade onde o ideal branco de ego determina aos afro-descendentes a construção de um mundo simbólico, com qualidades negativas, acompanhado de auto-estima rebaixada, o que em muito contribui para gerar condições subumanas de existência a se perpetuarem, num processo de exclusão sustentado por complexo mecanismo social. Dada a importância da contribuição da Psicologia no processo de reversão desse quadro, com vistas a promoção de relações étnicas e raciais fundadas nos princípios dos Direitos Humanos, o presente trabalho, parte integrante de pesquisa mais ampla, a partir de revisão bibliográfica realizada em revistas brasileiras de psicologia, em dissertações de mestrado, teses de doutorado e de livre docência, dos últimos 10 anos, busca mostrar como esse campo de conhecimento, pela pouca importância atribuída à abordagem da temática racial e da pouca ênfase no estudo da construção da identidade do brasileiro afro-descendente, pode estar colaborando para a construção e a manutenção da discriminação racial para com esta parte da população