RESUMEN
A glomerulopatia aguda do transplante (GATR) refere-se à inflamação do glomérulo nos três primeiros meses pós-transplante, em decorrência de reações irnunológicas. É caracterizada por hipercelularidade glomerular, às custas de células linfomononucleares e entumecimento e proliferação de células endoteliais e mesangiais. Os vários estudos relatam ocorrência da glomerulite entre 4,3 por cento a 14 por cento dos enxertos renais. Na presente revisão, as investigações sobre a patogenia, imunofenotipagem das células infiltrantes, eventual associação com citomegalovírus (CMV) ou com episódios de rejeição aguda, e o impacto na sobrevida do enxerto são criticamente revistas. A GATR é entendida com um componente da rejeição aguda, mediada por linfócitos T, particularmente citotáxicos. A imunofenotipagem das células infiltrantes revela exsudato rico em linfácitos T, monácitos, células NK e raros linfácitos B. A associação de GATR com CMV é assunto ainda controverso, apesar da maioria dos trabalhos recentes não suportar esta correlação. É freqüente a ocorrência simultânea de GATR com rejeição aguda vascular. Porém, há casos de GATR isolada, sugerindo que a glomerulite tem mecanismo patogenético provavelmente distinto de rejeição. A GATR, na maioria dos estudos, mostrou ter impacto negativo na sobrevida do enxerto. Não está ainda totalmente esclarecido até onde esses resultados se devem à GATR por se e qual sua associação com o processo de rejeição. Estudos adicionais são ainda necessários para melhor conhecer os mecanismos patogenéticos da GATR, sua relação com rejeição e com a sobrevida do enxerto.