RESUMEN
INTRODUÇÃO: A população idosa mundial tem aumentado de forma expressiva e pesquisas apontam para um aumento da expectativa de vida dos brasileiros em cerca de 10 anos. Assim como outras comorbidades, as doenças glomerulares também são observadas em idosos e, neste contexto, a biopsia renal surge como ferramenta diagnóstica fundamental para auxiliar a tomada de conduta, evitando, muitas vezes, terapias desnecessárias. OBJETIVO: Estabelecer a frequência dos diagnósticos histológicos em idosos submetidos a biopsia renal, com destaque para as glomerulopatias (GPs), em dois centros universitários brasileiros. MÉTODOS: Avaliação retrospectiva dos laudos de biopsias renais do Departamento de Patologia da UNIFESP, incluindo pacientes com idade maior ou igual a 60 anos, no período de 01/01/1996 a 31/12/2003 e do ambulatório de GPs do NIEPEN. Os estudos de rins transplantados e de nefrectomias foram excluídos. Os dados considerados para análise foram: idade, sexo, síndrome clínica de apresentação e diagnóstico histológico (por microscopia óptica e imunofluorescência). As nefropatias foram classificadas em GP primárias, doenças renais secundárias, patologias não glomerulares e outras. RESULTADOS: Foram avaliados 113 casos, constatando-se: média de idade de 66,0 ± 6,0 anos e predomínio do sexo masculino (54,8 por cento). A síndrome clínica de apresentação mais comum foi a síndrome nefrótica (32,7 por cento), seguida de insuficiência renal aguda e crônica, com 18,6 por cento cada. As doenças glomerulares foram: nefropatia membranosa (NM), 15 por cento; nefroesclerose hipertensiva, 11,5 por cento; glomerulosclerose segmentar e focal e vasculites/ GN com crescentes, 9,7 por cento cada; amiloidose, glomerulonefrite crônica e doença de lesões mínimas, 7,1 por cento cada; GN proliferativa difusa, 4,4 por cento; nefropatia por IgA e nefrite lúpica, 2,7 por cento cada. Houve um predomínio das GP primárias (45,2 por cento) quando comparadas às outras nefropatias. CONCLUSÃO: A principal indicação de biopsia foi a síndrome nefrótica. Predominaram as doenças glomerulares entre os diagnósticos histológicos renais, com destaque para NM e nefroesclerose hipertensiva, achados compatíveis com estudos prévios nesta área, mas raramente avaliados em nosso meio. Fica claro que a diversidade de diagnósticos e os tratamentos diferenciados justificam a biopsia renal para tomada de decisão neste grupo de pacientes.
INTRODUCTION: The elderly population has significantly increased worldwide and recent studies have evidenced a 10-year increase in Brazilian life expectancy. Similarly to other comorbidities, glomerular diseases are also observed in the elderly, and, in that age group, kidney biopsy emerges as a fundamental diagnostic tool to help disease management, preventing unnecessary therapies. OBJECTIVE: To establish the frequency of histological diagnoses in the elderly undergoing kidney biopsy, with an emphasis on glomerulopathies (GPs), at two Brazilian universities. METHODS: Retrospective assessment of kidney biopsy reports of the Department of Pathology of UNIFESP (patients aged 60 years or above, from 01/01/1996 to 12/31/2003) and of the outpatient clinic of GPs of NIEPEN. The studies of transplanted kidneys and nephrectomies were excluded. The following data were analyzed: age; sex; clinical syndrome at presentation; and histological diagnosis (light microscopy and immunofluorescence). Nephropathies were classified as primary GPs, secondary kidney diseases, nonglomerular diseases, and others. RESULTS: One hundred and thirteen biopsies were assessed, the mean age of patients was 66.0 ± 6.0 years, and the male sex prevailed (54.8 percent). The most common clinical presentation was nephrotic syndrome (32.7 percent), followed by acute and chronic kidney failure (18.6 percent, each). Glomerular diseases were as follows: membranous nephropathy (MN), 15 percent; hypertensive nephrosclerosis, 11.5 percent; focal segmental glomerulosclerosis and vasculitis/crescentic GN, 9.7 percent each; amyloidosis, chronic glomerulonephritis, and minimal change disease, 7.1 percent each; diffuse proliferative GN, 4.4 percent; IgA nephropathy and lupus nephritis, 2.7 percent each. Primary GPs predominated (45.2 percent) as compared with other nephropathies. CONCLUSION: Nephrotic syndrome was the major indication for kidney biopsy. Regarding the kidney histological diagnoses, glomerular diseases predominated, in particular MN and hypertensive nephrosclerosis, findings compatible with previous studies in the area, but rarely assessed among us. It is clear that the diversity of diagnoses and differentiated treatments justify kidney biopsy for decision making in that group of patients.
Asunto(s)
Anciano , Femenino , Humanos , Masculino , Persona de Mediana Edad , Enfermedades Renales/patología , Biopsia , Glomérulos Renales/patología , Estudios RetrospectivosRESUMEN
Introdução: A sedimentoscopia urinária com microscópio munido com contraste de fase (MCF) deveria ser a primeira etapa na determinação da origemdas hematúrias. Objetivo: Avaliar discrepâncias nas descrições dos parâmetros urinários relacionados à origem das hematúrias, comparando as descrições do nefrologista (Nef) e do profissional de análises clínicas (PAC). Métodos: Urinas de pacientes com glomerulopatias (GP) confirmadas por biópsia renal foram analisadas sob MCF, por um Nef e um PAC, ambos sem conhecimento prévio da origem das amostras. Cilindros hemáticos, acantocitúria ou células G1 >5% e dismorfismo eritrocitário foram utilizados na localização glomerular das hematúrias. Resultados: Dos 28 pacientes, 13 pacientes (46,4%) apresentavam glomerulonefrites não proliferativas e 15 (53,6%) glomerulonefrites proliferativas. Comparativamente ao PAC, o Nef identificou maior número de hemácias (mediana/mL de urina, 80.000 vs 4.800, p=0,001), maior número de cilindros hemáticos (39,3% vs 0%, p=0,001), maior freqüência de acantocitúria ou células G1 >5% (35,7% vs. 7,14%, p=0,021) e de dismorfismo eritrocitário (96,2% vs 7,14%, p<0,001). As discrepâncias dos resultados permaneceram após a separação das glomerulopatias em proliferativas e não proliferativas. Conclusão: Os parâmetros urinários que caracterizam a origem da hematúria foram mais freqüentemente identificados pelo nefrologista e sugerem que a urinálise, pela sua simplicidade e grande valor informativo, deveria ser incluída obrigatoriamente nos programas de treinamento em nefrologia.
Introduction: In the assessment of hematuria, the first step should be the identification of the origin of the bleeding, which can be done easily by analyzing the urine under phase-contrast microscopy. Obective: To assess the discrepancy of reports of the urinary parameters utilized in the localization of the glomerular origin of hematuria, comparing reports by the nephrologists and by the clinical laboratory technologist. Methods: Urines of patients with biopsy proven glomerulonephritis were assessed under phase-contrast microscopy by a nephrologist and a clinical laboratory technologist, both without previous knowledge of the origin of the samples. Red blood cell (RBC) casts, urinary acanthocytes or G1 cells >5%, and erithrocyte dysmorphism were used tolocalize the glomerular bleeding. Results: Among 28 patients, 13 (46.4%) had non proliferative glomerulonephritis and 15 (53.6%) had proliferative glomerulonephritis. Relatively to the clinical laboratory technologist, the nephrologist identified more RBC (median of 80.000 vs 4.800, p= 0.001), more RBC casts (39.3% vs 0%, p=0.001), more urinary acanthocytes or G1 cells >5% (35.7% vs 7.14%, p=0.021) and more dysmorphic RBC (96.2% vs 7.14%,p<0.001). The discrepancies of the reports were maintained after the separation of the glomerulonephritis in proliferative and non proliferative. Conclusion: The urinary parameters used in characterization of the origin of the hematuria were more frequently identified by the nephrologist, and suggest that the urinalysis, a simple and very informative test, should be mandatory in programs of training in nephrology.