RESUMEN
A rejeição crônica (RC), também conhecida como humoral ou ductopênica, é a principal causa de perda do enxerto após o transplante de fígado bem sucedido. É caracterizada por perda progressiva dos ductos biliares e por vasculopatia obliterativa. Possui três formas de apresentação clínica: 1) Ductopênica aguda precoce - ocorre em menos de 6 semanas; 2) Ductopênica aguda retardada - entre 6 semanas e 6 meses; e 3) Ductopênica tardia - mais de 6 meses. É rara após 12 meses, e sua incidência varia nos diferentes serviços entre 2 e 17 por cento. Relata-se maior risco em pacientes transplantados por colangite esclerosante primária, cirrose biliar ou autoimune e naqueles sem azatioprina no esquema de imunossupressão(ciclosporina + prednisona). Ocorre recidiva em 20-90 por cento dos casos retransplantados por RC. Quanto à etiologia, alguns autores sugerem: 1) expressão de antígenos de MHC elevados; 2) elevada incidência de incompatibilidade de HLA classe I; 3) ação de linfócitos T CD8+; 4) expressão de moléculas de adesão aumentadas; 5) citocinas como mediadores do processo. O diagnóstico da RC é basicamente histológico, observando-se o desaparecimento de mais de 50 por cento dos ductos biliares intra-hepáticos, vasculopatia obliterante, balonização, necrose hepatocitária e colestase. A prevenção se dá com uso de esquemas tríplices ou quádruplos de imunossupressão, baseado em ciclosporina ou com FK 506 associado a corticóides. O tratamento envolve conversão de ciclosporina em FK506 e/ou retransplante