RESUMEN
A maioria dos modelos de pesquisa em reparaçao tecidual utiliza a pele como principal órgao de estudo, assim como rato e coelho como animais de experimentaçao. Para melhor entendermos o processo, costuma-se dividi-lo em fases, que no entanto nao apresentam marcos divisórios nítidos. A reparaçao cutânea fetal apresenta características próprias, algumas delas muito distintas do padrao pós natal de cicatrizaçao. As lesoes suturadas reparam-se rapidamente, há regeneraçao completa dos apêndices epidérmicos, nao há reaçao inflamatória polimorfonuclear e o tecido de granulaçao é escasso, constituído basicamente por mononucleares, células mesenquimais e fibroblastos fetais. O fato marcante, no entanto, é a deposiçao organizada, reticular e de baixa densidade do colágeno. Provavelmente, as respostas sao moduladas por expressao gênica pré programada e pouco flexível. A baixa habilidade quimiotática e microbicida dos neutrófilos fetais aliada à neutropenia, explicam a ausência deste elemento celular na lesao, entretanto, se estimulados por potentes quimiotáticos em doses altas (exógenas), podem infiltrar a lesao. Vários fatores de crescimento foram identificados na lesao cutânea fetal e sua atividade estimuladora de fibroplasia, angiogênese e reepitelizaçao parece sofrer competiçao com o ácido hialurônico pelos sítios de ligaçao nas membranas dos fibroblastos, células endoteliais e queratinócitos. Também foi observado que os níveis de fatores de crescimento endógenos, na lesao cutânea fetal, seguem uma produçao modulada, permanecendo nas mesmas proporçoes da pele normal. Finalizando, resta salientar o aspecto transicional observado, pois as lesoes fetais reparam-se gradativamente em direçao ao modelo adulto, na medida que a gestaçao se aproxima do final.