RESUMEN
Las injusticias epistémicas son aquellas formas de trato injusto que se relacionan con la producción, trasmisión o utilización del conocimiento por parte de los sujetos. El encuadre ético-epistémico y socio-epistémico proporcionado por estas injusticias se vincula con temas que atraviesan las principales tradiciones filosóficas como el pragmatismo, la fenomenología y la teoría crítica. Estas injusticias se interrelacionan, además, con movimientos sociales e intelectuales como el feminismo, la teoría crítica de la raza, los estudios críticos de la discapacidad y las epistemologías decolonizadoras. Sin embargo, existe un cuestionamiento a que las personas con discapacidad no han sido suficientemente abordadas. El presente artículo se posiciona en los debates actuales sobre las injusticias epistémicas y la discapacidad, y tiene como propósito aportar el concepto de "injusticias epistémicas normalizadas". Partiendo de la constatación de las formas en que se reconocen opresivamente los sujetos con discapacidad, como alejados de la "norma", establece que existen injusticias epistémicas asociadas con esta identificación. Propone que las injusticias epistémicas normalizadas ocurren en la intersección de dos ámbitos: un sistema hermenéutico capacitista y una agencia epistémica restringida en la que se producen al menos tres tipos de configuraciones: no agencia, agencias epistémicas disminuidas y agencias epistémicas en resistencia. Pensar las injusticias epistémicas considerando el peso de la "normalidad" en la constitución como sujetos de las personas con discapacidad permite reconocer una situación crítica de exclusión epistémica para algunas personas, mientras que otras resisten y luchan por ser comprendidas en los recursos hermenéuticos colectivos.
Epistemic injustices refer to those forms of unfair treatment that are related to the production, transmission, or use of knowledge by the subjects. The ethical-epistemic and socio-epistemic framework provided by these injustices is linked to themes that cross the main philosophical traditions such as pragmatism, phenomenology, and critical theory. These injustices are further intertwined with social and intellectual movements such as feminism, critical race theory, critical disability studies, and decolonizing epistemologies. However, there is a question that people with disabilities have not been sufficiently addressed. This article is positioned in the current debates on epistemic injustices and disability, and its purpose is to contribute the concept of "normalized epistemic injustices". Starting from the verification of the ways in which subjects with disabilities are oppressively recognized, as far from the "norm", it establishes that there are epistemic injustices associated with this identification. It proposes that normalized epistemic injustices occur at the intersection of two realms: a capacitist hermeneutic system and a constrained epistemic agency where at least three types of configurations are produced: non-agency; diminished epistemic agencies and epistemic agencies in resistance. Thinking about epistemic injustices considering the weight of "normality" in the constitution as subjects of people with disabilities allows us to recognize a critical situation of epistemic exclusion for some people, while others resist and fight to be understood in collective hermeneutical resources.
As injustiças epistêmicas referem-se àquelas formas de tratamento injusto que estão relacionadas à produção, transmissão ou uso do conhecimento pelos sujeitos. O enquadramento ético-epistêmico e socioepistêmico proporcionado por essas injustiças está vinculado a temas que atravessam as principais tradições filosóficas como o pragmatismo, a fenomenologia e a teoria crítica. Essas injustiças estão ainda mais entrelaçadas com movimentos sociais e intelectuais como o feminismo, a teoria crítica da raça, os estudos críticos da deficiência e as epistemologias descolonizadoras. No entanto, há uma questão de que as pessoas com deficiência não foram suficientemente abordadas. Este artigo se posiciona nos debates atuais sobre injustiças epistêmicas e deficiência, e seu objetivo é contribuir com o conceito de "injustiças epistêmicas normalizadas". A partir da verificação das formas como os sujeitos com deficiência são opressivamente reconhecidos, como distantes da "norma", constata-se que existem injustiças epistêmicas associadas a essa identificação. Propõe que injustiças epistêmicas normalizadas ocorrem na interseção de dois domínios: um sistema hermenêutico capacitista e uma agência epistêmica restrita onde pelo menos três tipos de configurações são produzidas: não-agência; agências epistêmicas diminuídas e agências epistêmicas em resistência. Pensar as injustiças epistêmicas considerando o peso da "normalidade" na constituição como sujeitos das pessoas com deficiência permite reconhecer uma situação crítica de exclusão epistêmica para algumas pessoas, enquanto outras resistem e lutam para serem compreendidas em recursos hermenêuticos coletivos.