RESUMEN
INTRODUCTION: In Brazil, deaths by external causes rank first in the mortality statistics. Nevertheless, studies which investigate the relationship between mortality by external causes and race/skin color are scarce. OBJECTIVES: To evaluate the relative contribution of race/skin color to the spatial distribution of mortality by homicide in Salvador, state of Bahia, Brazil, in the period 1998 - 2003. MATERIAL AND METHODS: This is a spatial aggregate study including secondary data on 5,250 subjects, using a unit of analysis called the "weighting area" (WA). Annual average death rates by homicide were estimated. The Global and Local Moran Index were used to evaluate the presence of spatial autocorrelation and the Conditional Auto Regressive (CAR) model was employed to evaluate the referred effect, using the R statistical package. RESULTS: Global and Local Moran's I tests were significant. CAR regression showed that the predicted mortality rate increases when there is a growth in the proportion of black males aged between 15 and 49 years. Geometrically weighted regression (GWR) showed a very small variation of the local coefficients for all predictors. CONCLUSION: We demonstrated that the interrelation between race, violence and space is a phenomenon which results from a long process of social inequality. Understanding these interactions requires interdisciplinary efforts that contribute to advancement of knowledge that leads to more specific Public Health interventions.
INTRODUÇÃO: No Brasil, as mortes por causas externas vêm ocupando as primeiras posições nas estatísticas de mortalidade. No entanto, são escassos os estudos que investigam a relação entre mortalidade por causas externas e raça/cor da pele. OBJETIVOS: Avaliar a contribuição relativa da raça/cor da pele na distribuição espacial da mortalidade por homicídio em Salvador, BA, Brasil no período de 1998 a 2003. MATERIAL E METODOS: Estudo de agregado espacial cuja unidade de análise é "área de ponderação" (AP) e que teve a inclusão de 5.250 sujeitos. Foram utilizados dados secundários e taxas médias anuais estimadas de mortes por homicídio. Utilizou-se o Índice Global e Local de Moran para avaliar a presença de autocorrelação espacial e o modelo "Conditional AutoRegressive" (CAR) para avaliar o referido efeito, utilizando-se o pacote estatístico R. RESULTADOS: Os testes I de Moran global e local foram significantes. A regressão CAR mostrou que a taxa predita de mortalidade por homicídio aumenta quando há um aumento na proporção de população masculina negra de 15 a 49 anos de idade. Regressão geograficamente ponderada (GWR) mostrou uma pequena variação dos coeficientes locais para todos os preditores. CONCLUSÃO: A interrelação entre raça, violência e espaço faz parte de um longo processo de desigualdade. Portanto, o seu entendimento requer a junção de esforços interdisciplinares que contribuam para ampliar o conhecimento sobre o tema e conseqüentemente orientar intervenções de Saúde Pública mais especificas.
Asunto(s)
Adolescente , Adulto , Femenino , Humanos , Masculino , Persona de Mediana Edad , Adulto Joven , Población Negra , Población Blanca , Homicidio/estadística & datos numéricos , Brasil/epidemiología , Grupos Raciales , Demografía , Mortalidad/tendencias , Factores Socioeconómicos , Población UrbanaRESUMEN
Propôs-se discutir o uso da variável raça/cor como fator determinante de desigualdades sociais e de exposição social ao risco de adoecimento e morte. Trata-se de uma reflexão sobre a produção atual da literatura nacional e internacional da área de Saúde Pública/Epidemiologia. Foram incluídos no estudo 47 artigos originais e de revisão no período de 1990 a 2005. Observou-se que os estudos internacionais procuram debater e fundamentar o uso da variável raça/cor no campo da saúde. No Brasil, a utilização dessa variável em estudos de desigualdade em saúde é ainda incipiente, mas, entre as poucas investigações realizadas, têm sido evidenciados diferenciais que instigam maior produção de pesquisas nessa direção. Investigações sobre o papel da raça/cor na produção de diferenciais em saúde poderão produzir informações capazes de contribuir para a elaboração de políticas destinadas a reduzir desigualdades em saúde.
This study aimed to discuss the use of the variable of race/color as a determining factor for social inequalities and social exposure to the risk of illness and death. This was a reflection on the present production of national and international literature within the field of Public Health and Epidemiology. Forty-seven original articles and reviews produced between 1990 and 2005 were included in this study. It was observed that international studies have sought to debate and find a basis for using the variable of race/color within the healthcare field. In Brazil, the use of this variable is still at an initial stage, but among the few investigations undertaken, differentials have been shown and further production of research along these lines has been encouraged. Investigations on the role of race/color in producing health differentials may produce information capable of contributing towards drawing up policies aimed at reducing healthcare inequalities.
Se propone discutir el uso de la variable raza/color como factor determinante de desigualdades sociales y de exposición social al riesgo de adolecer y de muerte. Se trata de una reflexión sobre la producción actual de la literatura brasileña e internacional del área de Salud Pública/Epidemiología. Se incluyen en el estudio 47 artículos originales y de revisión en el periodo de 1990 a 2005. Se observa que los estudios internacionales tratan de debater y fundamentar el uso de la variable raza/color en el campo de la salud. En Brasil la utilización de esta variable en estudios de desigualdad en salud es todavía incipiente, pero entre las pocas investigaciones realizadas se han evidenciado diferenciales que instigan mayor producción de investigaciones en esta dirección. Investigaciones sobre el papel de la raza/color en la producción de diferenciales en salud podrán producir informaciones capaces de contribuir a la elaboración de políticas destinadas a reducir desigualdades en salud.
Asunto(s)
Salud Pública , Factores Socioeconómicos , Bases de Datos BibliográficasRESUMEN
OBJETIVO: As mortes por causas externas representam um dos mais importantes desafios para a saúde pública, sendo a segunda causa de óbito no Brasil. O objetivo do estudo foi analisar os diferenciais de mortalidade por causas externas segundo raça/cor da pele. MÉTODOS:Estudo descritivo realizado em Salvador (BA), com 9.626 registros de óbitos por causas externas entre 1998 e 2003. Dados foram obtidos do Instituto Médico Legal e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O indicador "anos potenciais de vida perdidos" foi utilizado para identificar diferenciais entre grupos etários, de raça/cor da pele e sexo. RESULTADOS: As mortes por causas externas determinaram perda de 339.220 anos potenciais de vida, dos quais 210.000 foram devidos aos homicídios. Indivíduos negros morreram em idades mais precoces e perderam 12,2 vezes mais anos potenciais de vida devido a mortes por homicídio que indivíduos brancos. Embora a população negra (pardos e pretos) fosse três vezes maior que a população branca, o número de anos perdidos daquela foi 30 vezes superior. A população de pretos era 11,4% menor que a população branca, mas apresentou anos perdidos quase três vezes mais. Mesmo após a padronização por idade, mantiveram-se as diferenças observadas no indicador de anos potenciais perdidos/100.000 hab e nas razões entre estratos segundo raça/cor. CONCLUSÕES: Os resultados mostram diferenciais na mortalidade por causas externas segundo raça/cor da pele em Salvador. Os negros tiveram maior perda de anos potenciais de vida, maior número médio de anos não vividos e morreram, em média, em idades mais precoces por homicídios, acidentes de trânsito e demais causas externas.
OBJECTIVE: Deaths by external causes represent one of the most important challenges for public health and are the second cause of death in Brazil. The aim of this study was to analyze differentials in mortality by external causes according to race/skin color. METHODS: A descriptive study was carried out in Salvador, Northeastern Brazil, using 9,626 cases of deaths by external causes between 1998 and 2003. Data were obtained from the Forensic Medicine Institute and from Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brazilian Institute of Geography and Statistics). The indicator "potential years of life lost" was utilized to identify the existence of differences among age groups, sex groups and race/skin color groups. RESULTS:Deaths by external causes provoked the loss of 339,220 potential years of life, of which 210,000 were due to homicides. Nonwhite individuals died at earlier ages and lost 12.2 times as much potential years of life due to deaths by homicidies than white individuals. Although the nonwhite (black and mixed) population was three times larger than the white population, its number of potential years of life lost was 30 times higher. The population of blacks was 11.4% smaller than the white population, but its loss of potential years of life was almost three times higher. Even after the adjustment for age, the differences observed in the indicator potential years of life lost/100,000 inhabitants and in the ratios between strata according to race/skin color were maintained. CONCLUSIONS: The results showed differentials in mortality by external causes according to race/skin color in Salvador. The nonwhite population had greater loss of potential years of life, higher average number of years not lived and, on average, they died at an earlier age due to homicides, traffic accidents an all other external causes.
OBJETIVO: Las muertes por causas externas representan uno de los más importantes desafíos para la salud pública, siendo la segunda causa de óbito en Brasil. El objetivo del estudio fue analizar los diferenciales de mortalidad por causas externas según raza/color de la piel. MÉTODOS: Se realizó estudio descriptivo en Salvador, BA, con 9.626 registros de óbitos por causas externas entre 1998 y 2003. Los datos se obtuvieron del Instituto Médico Legal e Instituto Brasilero de Geografía y Estadística. El indicador "años potenciales de vida perdidos" fue utilizado para identificar diferenciales entre grupos erarios, de raza/color de la piel y sexo. RESULTADOS: Las muertes por causas externas determinaron pérdida de 339.220 años potenciales de vida, de los cuales 210.000 fueron debidos a los homicidios. Individuos negros murieron en edades más precoces y perdieron 12,2 veces más años potenciales de vida debido a homicidios que individuos blancos. A pesar de que la población negra (pardos y negros) era tres veces mayor que la población blanca, el número de años perdidos de la primera fue 30 veces superior. La población de negros era 11,4% menor que la población blanca, pero presentó años perdidos casi tres veces mayor. Aún después de la estandarización por edad, se mantuvo las diferencias observadas en el indicador de años potenciales perdidos/100.000 hab y en las razones entre estratos según raza/color. CONCLUSIONES: Los resultados muestran diferenciales en la mortalidad por causas externas según raza/color de la piel en Salvador. Los negros tuvieron mayor pérdida de años potenciales de vida, mayor número promedio de años no vividos y murieron, en promedio, en edades más precoces por homicidios, accidentes de tránsito y demás causas externas.