RESUMEN
A partir de 1986, as várias pesquisas realizadas têm constatado um aumento significativo da incidência de sífilis (SIF) primária e secundária na populaçäo em geral. Assim, nos Estados Unidos, 50.000 casos forma publicados em 1990, representando a mais alta incidência desde 1948. Nos últimos anos, setores específicos de saúde, em grandes centros urbanos e áreas rurais daquele país, têm observado um aumento de características epidêmicas na incidência da doença durante o período gestacional, situaçäo que origina, com freqüência, novos casos de sífilis congênita (SifCon).Curiosamente, pesquisas da área pediátrica têm publicado casos de estágios avançados da SifCon em crianças de 3 a 14 semanas de vida, cujas mäes apresentaram testes sorológicos negativos para SIF no momento do parto. Por outro lado, desde o final dos anos 40, vários grupos interessados na patologia têm tentado estudar a eficácia dos vários tratamentos propostos. Em virtude de análises metodológicas pouco confiáveis e da falta de dados científicos que estabelecessem a eficácia terapêutica preventiva e curativa das várias drogas usadas, as rotinas do Centers for Disease Control (CDC) ("Guidelines for the prevention and control of congenital syphilis", 1988; "Sexually transmitted diseases treatment guidelines", 1989) passaram a basear-se, primariamente, no julgamento clínico, ademais de näo privilegiarem o período gestacional. Na literatura atinente, tem-se visto um sem número de publicaçöes que apontam falha na terapia atual em mulheres com SIF durante a gravidez. Embora a SIF seja curável, a eficácia do tratamento requer seguimento de títulos sorológicos por muito tempo. Soma-se a estes acontecimentos o fato de que mulheres infectadas pelo Treponema pallidum na gravidez, freqüentemente, buscam cuidados pré-natais tardiamente, além de relutarem em freqüentar os serviços públicos de saúde. Proteger o feto dos efeitos devastadores da infecçäo congênita é uma das principais metas do médico assistente pré-natalista. O presente estudo foi elaborado no sentido de identificar fatores maternos que possam estar relacionados ao desenvolvimento da SifCon. Convém enfatizar, também, que näo está bem esclarecido que tipo de relaçäo existe entre o diagnóstico tardio, o tratamento incompleto ou postergado, ou mesmo a reinfecçäo quando da falha do tratamento.