RESUMEN
Pesquisando a participação de mulheres em grupos juvenis entre 1999 e 2001, pude perceber que os movimentos hip-hop e anarcopunk, apesar de se constituírem como espaços predominantemente masculinos, eram ainda espaços de relações menos hierarquizadas, onde havia uma aceitação dessas jovens mulheres, ainda que precária. 'Aberta a brecha', elas apropriavam-se dessa aceitação e transformavam-na em um discurso da valorização do "ser mulher", denunciando as discriminações e relações desiguais que sofriam no próprio movimento, buscando construir novas relações - a partir de coletivos de mulheres ou em coletivos mistos, abrindo espaços para a atuação de outras mulheres, rompendo com os modelos tradicionais de socialização que sofreram, construindo também movimentos diferentes, em que os homens jovens estavam tendo que aprender que o poder poderia ser distribuído mais igualitariamente. A importância de sua 'juventude' estava mais em sua participação nos estilos hip-hop e anarcopunk - estilos que são juvenis -, participação que produziu os significados de gênero e raciais que elas vinham construindo, fundamentais na constituição de suas identidades