RESUMEN
A valorização da atividade médica em Medicina Geral e Familiar (MGF), conhecida no Brasil como Medicina de Família e Comunidade, depende, entre outros fatores, do resultado de um encontro médico/doente. O especialista em MGF, ao ter de gerir a sua atividade com base nos pilares fundamentais do contexto, da ciência e da atitude, deve ponderar que a qualidade é algo que depende também da interface que ele contata. Objetivos: verificar a satisfação dos pacientes com a consulta médica de Clínica Geral. Averiguar a capacidade de os médicos avaliarem corretamente a satisfação dos pacientes na consulta. Foi feito um estudo observacional, transversal, com intenção analítica. O material utilizado consistiu em: três médicos de Medicina Geral e Familiar de um Centro de Saúde, questionário validado e usuários da consulta em dois dias distintos de trabalho. Métodos: em dois dias de atividade, apenas sabidos no início de período laboral, foram entregues pelos médicos o questionário com 11 afirmações. No final da cada consulta os médicos preenchiam questionário sobre os mesmos pontos, mas, na sua óptica e após a saída do paciente. Critérios de inclusão: maiores de 16 anos, capacidade de leitura e escrita e aceitação para participar. Análise estatística descritiva e inferencial ( 2 e t de student). Análise de diferenças na resposta às afirmações do questionário, por um modelo de correlação bi-variada com o coeficiente tau-b de Kendall com sensibilidade a 5%. Resultados: recebidos 43 (64,2%) dos questionários entregues. Idade média de 42,7±16,8 anos, sendo majoritariamente do sexo feminino (72,1%). Para 51,3% da amostra não terá havido possibilidade de falar sobre as preocupações de saúde e para 50% não parecem ter sido recebidas instruções acerca de estilos de vida saudáveis para a doença, e para 56,1% o tempo de duração da consulta não terá sido suficiente. Sem diferenças com significado as respostas por sexo, grupo etário e formação. Apenas na questão de o médico querer advogar a saúde do doente, as respostas são consonantes entre doentes e médicos. Conclusões: boa avaliação da consulta nos 11 fatores estudados. Os médicos revelam baixa capacidade de avaliação correta da satisfação dos pacientes na consulta, apenas estando médico e doente de acordo quanto à disponibilidade do médico para advogar a saúde do paciente.
One of the criteria for evaluating medical activity in the field of Family and General Practice, in Brazil known as Family and Community Practice, is the satisfaction obtained in the doctor-patient encounter. The general practitioner, while performing his activity based on the fundamental pillars context, science and attitude, has to consider that quality is something that has to be seen from the viewpoint of the patient as well. Objectives: verify the degree of satisfaction of patients with the general practice consultation and the capacity of the practitioners to correctly predict the satisfaction of their patients with the consultation. An observational transverse study was carried out with the intent to analyze this question. The subjects ans material used in the study consisted of: three general practitioners from a Primary Care Unit, a validated questionnaire and users of consultations on two distinct workdays. Method: during two specific days, only revealed in the beginning of each work shift, the doctors asked the patients to answer a questionnaire containing 11 statements. In the end of each consultation, after the patient had left, the doctors answered the same questionnaire from their own perspective. Criteria for inclusion in the study: over 16 years of age, ability to read and write and consensual participation. Data were submitted to descriptive and inferential statistical analysis (chi square and students t test). The differences in the answers to the statements contained in the questionnaire were analyzed with a bivariable correlation model using Kendalls tau-b coefficient with sensibility of 5%. Results: Forty three (64,2%) of the distributed questionnaires were returned. The age mean of responders was 42,7±16,8 years, most of them of feminine sex (72,1 %). 51,3% of the sample claimed that they were not given the chance to speak about their health concerns, 50% seem not to have received instructions about healthier life styles in relation to their disease and in the opinion of 56,1% the consultation was too short. The answers showed no significant differences in relation to sex, age group and educational level of the responders. The only question in which doctors and patients agreed was that the doctors were ready to care for the health of the patients. Conclusions: the consultations were considered good with regard to the 11 factors studied. The doctors reveal low capacity for correctly predicting the satisfaction of their patients with the consultation. Doctors and patients only agree with respect to the doctors readiness to care for the patients health.