RESUMEN
O objetivo é desenvolver os desdobramentos filosóficos que a teoria do amadurecimento pessoal de Winnicott tem a oferecer para iluminar reflexões pertinentes à filosofia. Os conceitos eleitos para a discussão são natureza humana, continuidade-de-ser, eu e si-mesmo. Após percorrer esses conceitos que se intercambiam, far-se-á uso da noção de cooriginação dependente, mostrando que relacionalidade, cuidado e confiabilidade proporcionam uma sustentação para a compreensão de ser no mundo; para a existência de um si-mesmo que não surge como algo ou uma propriedade que se assenta sobre outro algo.
The objective is to develop the philosophical developments that Winnicott's theory of personal maturation has to offer to illuminate reflections pertinent to philosophy. The elected concepts for the discussion are human nature, continuity of being, and self. After going through these interchangeable concepts, the notion of codependent arising will be used, showing that relationality, care and reliability provide a support for the understanding of being in the world; for the existence of a self that does not arise as something or a property that rests on something else.
RESUMEN
Este artigo consiste em apontar alguns pressupostos conceituais que são necessários para se compreender a teoria da angústia em Freud e em Winnicott. Trabalhamos com a ideia de que a teoria psicanalítica de Freud e a de Winnicott constituem paradigmas diferentes. Isso significa dizer que o conceito de angústia, no desenrolar da história da psicanálise, sofreu algumas mudanças, seja em Freud, com sua primeira e sua segunda teoria sobre a angústia, seja em Winnicott, ao introduzir o conceito de angústias impensáveis. Procurar-se-á mostrar que o conceito de angústia pode ser lido de outra perspectiva na qual o acontecer no mundo do ser humano é mais importante do que o funcionamento dos seus mecanismos psíquicos.
This article aims to show some conceptual presuppositions to understand the anxieties in Freud and in Winnicott. We defend the idea that both Freud's and Winnicott's psychoanalytic theories represent different paradigms, i.e., that the concept of anxiety, in the history of psychoanalysis, has undergone some changes, not only in Freud with his first and second theory of anxiety, but also in Winnicott, as he introduced the concept of unthinkable anguish. We seek to demonstrate that the concept of anxiety can be read from a different point-of-view, where the human Dasein is more important than the operation of their psychic mechanisms.
RESUMEN
o objetivo deste artigo é indicar uma possível articulação entre a teoria do amadurecimento pessoal de Winnicott e a teoria da acontecência (Geschichtlichkeit) de Heidegger. Utiliza-se a noção de paradigma de Kuhn para, no quadro do desenvolvimento histórico da psicanálise, distinguir a psicanálise de Winnicott da psicanálise tradicional (Freud e Klein). Essa escolha pretende mostrar, por um lado, que a ontologia presente na teoria de Winnicott aproxima-se de um modo de pensar a natureza humana muito afim às concepções pós-metafísicas de Heidegger, podendo a teoria da acontecência desse filósofo iluminar a compreensão dos elementos ontológicos que compõem a teoria winnicottiana. Por outro lado, esse movimento de aproximação aponta para um distanciamento, que permite notar que a psicanálise de Winnicott apresenta várias questões instigantes e suplementares a uma fenomenologia existencial.
The aim of the present work is to investigate the possibility of establishing a bond between Winnicott's theory of personal maturation and Heidegger's theory of Geschichtlichkeit (historicity). We used Kuhn's notion of paradigm to distinguish Winnicott's psychoanalysis from traditional psychoanalysis (Freud and Klein) within the framework of historical development of psychoanalysis. By this choice, we intend to show, on one hand, that the ontology found in Winnicott's theory approaches a way of thinking human nature which is very close to Heidegger's post-metaphysical conceptions so that his theory appropriation could illuminate the comprehension of the ontological elements that compose Winnicott's theory. However, on the other hand, that movement of approximation points towards a distancing, which shows that Winnicott's psychoanalysis contains several instigating and additional issues in relation to existential phenomenology.