RESUMEN
A infecção por sífilis representa um problema de saúde pública no mundo, podendo sua prevalência variar de acordo com cada região. Mulheres gestantes com sífilis são um grupo chave devido ao risco de contaminação do feto através da via vertical, sendo esta uma das causas mais comuns de morbimortalidade infantil. Na região Nordeste do Brasil, entre 2014 a 2018 houve um aumento de 190% nas notificações. Pernambuco se apresentava na segunda posição com maior número de casos de gestantes com sífilis em relação aos demais estados nordestinos em 2018. Considerando o ambiente fértil para a reprodução da sífilis em Pernambuco, assim como as graves consequências trazidas pelo ciclo vicioso entre pobreza e sua reprodução, justifica-se a realização deste estudo que visa conhecer a realidade dessas mulheres, levando em consideração os contextos locais. Para tanto, realizou-se abordagem epidemiológica tripla da reprodução da sífilis em gestantes no Estado. Estudo transversal descritivo, conduzido nos 184 municípios de Pernambuco mais Fernando de Noronha, a partir dos casos de sífilis em gestantes notificados entre 2011 a 2020 por município de residência coletados do DATASUS e SINAN. Analisaram-se as características clínicas e sociodemográficas das gestantes, assim como a distribuição espacial da taxa de incidência. Verificou-se elevada incidência de ocorrência de sífilis em gestantes em Pernambuco. A taxa aumentou no período, movimentando-se para o interior do estado. A maioria das mulheres eram jovens ou adolescentes, pardas, e foram diagnosticadas tardiamente, sugerindo ineficiência dos serviços de saúde. Conclui-se que a sífilis em gestantes em Pernambuco é um grave problema de saúde pública, clarificado pelo acentuado aumento no período, penalizando mulheres jovens e pardas. A oferta ineficiente de serviços piora o quadro. Seu controle exige urgente confluência de ações dentro e fora do setor saúde, visando redução de iniquidades com a combinação certa de políticas governamentais. Sugere-se, principalmente, melhoria na assistência ao pré-natal, diagnóstico, tratamento adequado, ações de saúde e notificação.