RESUMEN
Os estudos sobre a ocorrência de litíase biliar na doença de Chagas crônica apresentam resultados conflitantes. Visando contribuir para o melhor entendimento do tema, foi avaliado, por ultra-sonografia, a freqüência de colelitíase em 128 chagásicos com diferentes formas anatomoclínicas da doença, sendo 85 homens (idade média: 53 + 13 anos) e 43 mulheres (idade média: 53 + 10 anos). Dezenove homens e 18 mulheres tinham a forma cardíaca, 32 homens e 19 mulheres, a digestiva, 20 homens e 3 mulheres, a cardiodigestiva, e 14 homens e 3 mulheres, a indeterminada. Como controle, utilizou-se a casuística de 1139 indivíduos necropsiados, näo-chagásicos, sendo 716 homens e 423 mulheres (idade média de 46 + 14 anos para ambos os sexos). A freqüência de coletíase em homens chagásicos (14,1 por cento) foi significativamente maior que nos controles (6 por cento); por subgrupo, foi significativamente maior nos portadores das formas cardíaca (26,3 por cento) e cardiodigestiva (20 por cento), mas näo na digestiva (9,4 por cento). Também foi significativamente maior a freqüência de colelitíase em mulheres chagásicas, tanto no total (42 por cento), quanto em relaçäo às formas cardíaca (50 por cento) e digestiva (31,6 por cento), comparadas ao grupo controle (14 por cento). Concluiram-se que chagásicos crônicos, homens ou mulheres, apresentam aumento da freqüência de colelitíase e que a preocupaçäo com este fato nao deve ser restrita à forma digestiva da doença, como sugerem trabalhos anteriores a respeito.