Avaliaçäo da cavidade uterina pela histerossonografia / Hysterossonography in the evaluation of the uterine cavity

OBJETIVO: Avaliar a acurácia da histerossonografia na detecçäo de patologias uterinas intracavitárias, comparando os resultados com o ultra-som transvaginal convencional, com a histerossalpingografia e com a histeroscopia. MATERIAL E MÉTODOS: Foram avaliadas 36 mulheres com suspeita de patologia uterina intracavitária empregando-se a histerossonografia, ultra-sonografia transvaginal e histeroscopia. Dessas pacientes, 22 foram avaliadas também pela histerossalpingografia. A histerossonografia foi realizada com a distensäo da cavidade uterina por meio da infusäo de soluçäo salina, utilizando a sonda ZUI-2.0. Os achados da histeroscopia para a cavidade uterina foram considerados padräo ouro. Os métodos foram comparados pela sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo, tendo sido utilizado ainda o índice de Kappa para avaliar o grau de concordância dos exames com a histeroscopia. RESULTADOS: A histerossonografia foi superior (sensibilidade 90,9 por cento, especificidade 92,3 por cento) à histerossalpingografia (sensibilidade 64,3 por cento, especificidade 75,0 por cento) na detecçäo de patologias uterinas intracavitárias, sendo ainda mais eficiente que a ultra-sonografia transvaginal convencional (sensibilidade 72,7 por cento, especificidade 84,6 por cento). O valor preditivo positivo para a histerossonografia foi de 95,2 por cento e o valor preditivo negativo de 85,7 por cento, enquanto o valor preditivo positivo para a histerossalpingografia foi de 81,8 por cento e o valor preditivo negativo de 54,6 por cento. O valor preditivo positivo e o valor preditivo negativo para a ultra-sonografia foram respectivamente de 88,9 por cento e 64,7 por cento. O índice de Kappa encontrou a melhor concordância (77 por cento) entre a histerossonografia e a histeroscopia, ficando as demais em 62,5 por cento (ultra-sonografia e histeroscopia) e 48,8 por cento (histerossalpingografia e histeroscopia). CONCLUSÄO: A histerossonografia representa uma melhora importante em relaçäo ao ultra-som convencional na detecçäo de patologias uterinas intracavitárias, sendo ainda muito superior à histerossalpingografia para este fim, devendo, portanto, substitui-la na propedêutica da cavidade uterina.

A eletroejaculaçäo como técnica de reproduçäo assistida / Electroejaculation as a assisted reproductive technique

A incapacidade ejaculatória responde por menos de 3 por cento dos casos de infertilidade por fator masculino. Para estes pacientes, no entanto, representa a incapacidade de gerar filhos. Os fatores causais desse quadro säo: lesäo da medula espinhal, dissecçäo de linfonodos retroperitoneais, diabete melito, mielite transversa, esclerose múltipla ou desordens psicogênicas. A eletroejaculaçäo surge como uma alternativa para esses pacientes: induz-se ejaculaçäo com uma sonda transretal, através de estímulo elétrico à musculatura lisa e fibras nervosas autonômicas simpáticas da regiäo da ampola da uretra pélvica e vesículas seminais. O preparo dos pacientes inclui: alcalinizaçäo da urina e lavagem vesical, já que a maior parte da ejaculaçäo é retrógrada, uma vez que a eletroejaculaçäo näo coordena o fechamento do colo vesical, e antibioticoprofilaxia. O paciente é colocado em posiçäo de litotomia ou decubito lateral esquerdo. Uma vez introduzida a sonda, controla-se a voltagem, corrente elétrica, duraçäo do estímulo elétrico e temperatura da mucosa retal. A maior parte dos pacientes apresenta uma pequena quantidade de ejaculado anterógrado gotejante e a fraçäo mais importante do mesmo é retrógrada, sendo recuperada da bexiga através de sondagem vesical. O sêmen é entäo beneficiado e utilizado para inseminaçäo intra-uterina. As complicaçöes, raras, em espasmo transitório das extremidades e lesäo do reto. A disreflexia autonômica, um grave quadro, praticamente inexiste, utilizando-se previamente a nifedipina nos pacientes de risco. A eletroejaculaçäo tem obtido ejaculado em aproximadamente 90 por cento dos casos, com concentraçäo em torno de 180 a 300 milhöes de espermatozóides por ejaculado e motilidade ruim, em torno de 22 por cento. Em nosso serviço, já realizamos procedimentos de eletroejaculaçäo em quatro pacientes (15 séries de estímulo elétrico), com obtençäo de sêmen com motilidade semelhante ao descrito na literatura e sem registro de alguma complicaçäo.

A inseminaçäo artificial com sêmen de doador / Artificial insemination with donor sêmen

O objetivo do trabalho foi a avaliaçäo do índice de sucesso da inseminaçäo artificial, com sêmen de doador, em casos de infertilidade por fator masculino. Foram atendidos 17 casais com quadro de infertilidade por fator masculino, que se subdividiu nas seguintes causas: 2 casos de falha de reversäo de vasectomia, 12 casos de azoospermia e 3 casos de oligoastenospermia. Desses casais, 7 pacientes näo foram submetidas à inseminaçäo artificial con sêmen de doador devido a: paciente ser portadora de quadro psiquiátrico grave (n=1); näo-aceitaçäo por parte do parceiro masculino (n=3); rejeiçäo da opçäo terapêutica por parte do casal (n=3). Nos 10 casais restantes, eram as seguintes as características das pacientes: a idade variou entre 24 e 39 anos, sendo a mediana de 27. Oito pacientes possuíam ciclos menstruais regulares e duas, irregulares. Foi realizado, nessas pacientes, acompanhamento ultra-sonográfico dos ciclos menstruais, observando-se maturaçäo folicular, alteraçöes do endométrio e do muco cervical. Com base nesse acompanhamento e na história menstrual das pacientes, diagnosticou-se a iminência da ovulaçäo e procedeu-se à inseminaçäo intra-uterina de sêmen congelado (descongelamento à temperatura ambiente por um mínimo de 20 minutos) de doadores pré-selecionados, utilizando-se seringa de insulina acoplada a gelco número 14. As dez pacientes foram submetidas a 41 ciclos de inseminaçäo artificial, sendo 34 ciclos naturais e 7 ciclos estimulados com citrato de clomifeno (dose máxima de 150 mg por dia), estes últimos nas duas pacientes com ciclos irregulares. O número máximo de ciclos de inseminaçöes tentado em cada paciente foi de 6. Dez gestaçöes foram obtidas através da técnica, em 8 das 10 pacientes tratadas; duas dessas oito obtiveram duas gestaçöes. Das 10 gravidezes, 7 atingiram o termo e 3 evoluíram para abortamento espontâneo. As duas pacientes que näo conseguiram engravidar, após os 6 ciclos de inseminaçäo artificial, tiveram, posteriormente, comprometimento da funçäo tubária confirmado por laparoscopia. A taxa de gravidez por ciclo foi de 24 por cento e de gravidez por paciente, 80 por cento. Concluímos que as taxas de gravidez, por ciclo e por paciente, obtidas com a técnica em questäo, se assemelha, em nosso trabalho, à encontrada na populaçäo geral.