RESUMEN
A incidência de depressöes no inverno em países do Hemisfério Norte é bem estabelecida. Alguns estudos mostram, além de depressöes de inverno, padräo de depressöes de veräo, freqüentemente acompanhado de hipomania no inverno em outros países do Hemisfério Sul. A carência de estudo nessa rea, na América Latina, refletindo-se na ausência de publicaçöes quanto à sazonalidade em pacientes afetivos hospitalizados, objetivou este estudo. O padräo de ocorrência sazonal de doença afetiva (DA) num período de dez anos (1982-1991), em todas as internaçöes psiqui tricas com este diagnóstico, em hospital psiqui trico estadual (Botucatu, SP) foi analisado. Ocorreram 15.450 internaçöes, das quais 2/3 de homens (x anual = 1.122) e 1/3 de mulheres (x anual = 423). Usou-se o critério diagnóstico do DSM-III-R (APA, 1987) em 157 prontu rios (total de pacientes com transtornos afetivos localizados): 46 por cento dos diagnósticos foram feitos por psiquiatras do hospital e pelos dois primeiros autores e 54 por cento apenas pelo primeiro autor deste trabalho, tendo anteriormente sido considerados como esquizofrenia paranóide (295.3, CID-9) ou psicose näo especificada (298.9, CID-9). Os pacientes foram bipolares-mania (72 por cento), bipolares-depressivos (8 por cento) e depressivos-unipolares (20 por cento). Cerca de 43 por cento tiveram apenas uma intervençäo e 20 por cento, quatro ou mais. Um padräo sazonal em mania foi encontrado apenas para mulheres, com picos de ocorrência (p < 0,02) na primavera e veräo. Nenhum paciente usava ou passou a usar lítio. Aparentemente, no Brasil, a DA é pouco diagnosticada e os episódios depressivos säo tolerados pela família, levando a menos hospitalizaçöes