RESUMEN
A infusäo de líquidos com glicose durante anestesias em crianças tem sido uma prática comum. Alertar com isquemia cerebral transoperatória, por desencadear danos cerebrais em animais, nos fez revisar os prontuários de 34 pacientes com menos de um ano, sem lesäo neurológica prévia, submetidos a anestesia para cirurgia cardíaca com circulaçäo extracorpórea (CEC) e hipotermia, com o objetivo de encontrar alguma relaçäo entre hiperglicemia e danos cerebrais pós-operatórios. Anotamos a glicemia pré-CEC, duraçäo da parada e resultados neurológicos. Dos 34 pacientes nove apareceram com evidências de lesöes neurológicas transitórias, que variaram desde convulsöes moderadas até cegueira. Nenhuma relaçäo foi observada entre estes resutlados e a duraçäo da CEC. O pequeno número de pacientes tornou difícil a análise estatística, quando relacionamos a duraçäo da CEC com a hiperglicemia, mas, dividindo-os em grupos de acordo com a glicemia pré-CEC, obtivemos: um (16%) de seis pacientes com glicemia até 216 mg.dl-1 (12 mmol.L-1) com lelsäo neurológica; seis (24%) dos 25 com 216-432 mg.dL-1 (12024 mmol.L-1 e dois (66%) de três com glicemia acima de 432 mg.dL-1 (> 24 mmol.L-1 a ocorrer danos cerebrais a medida que aumentava a glicemia. Concluímos que a hiperglicemia transoperatória deve ser evitada naquelas situaçöes, em que possa coexistir com episódios de isquemia cerebral, como ocorre nas cirurgias cardíacas em pediatria e sugerimos que esta pode ser, dentre várias outras, uma das formas de proteçäo cerebral. Estudos prospectivos ainda deveräo ser realizados para averiguar o perigo do uso de soluçöes glicosadas em cirurgia caríaca pediátrica