RESUMEN
Neste ensaio, desenvolvo algumas conjecturas sobre os muito estudados talentos de Eros para vincular objetos, emoções e ideias, assim como sobre a operação do amor no setting da psicanálise. A meu ver, uma das principais tarefas do psicanalista, por meio da própria oscilação constante entre paciência e segurança (entre as posições esquizoparanoides e depressivas, em Bion), resulta na mútua elaboração das sucessivas perdas que todos os indivíduos diariamente sofrem. Entendo, dessa forma, o fardo do amor [contra(trans)ferencial] em psicanálise como propiciando um continente adequado para a vivência de lutos compartilhados, assim como pela sua qualidade de não apenas criar, como ainda cortar laços.
In the present essay the author develops her conjectures about the extensively explored powers of Eros to engender links among objects, emotions, ideas and the effectiveness of love in the psychoanalytic setting. The author understands that one of the main tasks of the psychoanalyst lies in working-through his own unceasing alternation between patience and security (Bion) so as to realize, with the patient, the succession of losses every human being encounters in daily life. In this way, one of burdens of [counter(trans)ferencial] love in psychoanalysis is to serve as a container for an experience of shared mourning by its ability to link and, as importantly, to sever links.