RESUMEN
O artigo consiste em um resgate tradutório-conceitual das diferenças entre a pulsão de apoderamento e os aspectos da pulsão de morte. Para sustentar a proposta, apoiamo-nos em Sigmund Freud e no ensino de Jacques Lacan. Considerando que o termo usado por Freud, Bemächtigungstrieb, foi traduzido nas formas de pulsão de dominação e pulsão de apoderamento, defendemos que a segunda possibilidade de tradução permite conceituá-la originariamente, designando a força para apoderar-se do mundo, operacionalizada pelo aparelho muscular. Assim, localizamos sua ação participativa na organização constitutiva do sujeito, sublinhando sua especificidade no terceiro tempo da pulsão, chamada aqui de apassivada. A retomada expõe a distinção da pulsão de morte da ideia de dominação, explorando a natureza do apoderar-se, reabrindo o campo epistemológico.
This article develops a translation-conceptual resumption of the differences between the instinct to master and aspects of the death drive, based on Sigmund Freud and teachings by Jacques Lacan. Since Bemächtigungstrieb, term used by Freud, was translated both as "pulsão de dominação" and "pulsão de apoderamento" in Portuguese, the texts argues that the latter translation allows us to conceptualize it as originally intended, as a force to master the world, operationalized by the muscular apparatus. Thus, we point out its participatory action in the constitutive organization of the subject, underlining its specificity in the third time of the drive, called here passivation. This resumption reveals the distinction between the death drive and the idea of mastery, exploring the nature of taking possession, reopening the epistemological field.
Cet article développe une reprise conceptuelle des différences entre la pulsion d'emprise et la pulsion de mort, en s'appuyant sur Freud et les enseignements de Lacan. Puisque Bemächtigungstrieb, terme utilisé par Freud, a été traduit à la fois par "pulsão de dominação" et "pulsão de apoderamento" en portugais, nous soutenons que cette dernière traduction nous permet de la conceptualiser tel qu'elle était prévue à l'origine, comme une force de maîtrise du monde, opérationnalisée par l'appareil musculaire. Ainsi, on signale son action participative dans l'organisation constitutive du sujet, en soulignant sa singularité dans le tiers temps de la pulsion, appelé ici passivation. Cette reprise révèle la distinction entre la pulsion de mort et l'idée de domination, explorant la nature du "se saisir", rouvrant le champ épistémologique.
Este artículo realiza un rescate de traducción-concepto de las diferencias entre la pulsión de empoderamiento y los aspectos de la pulsión de muerte. Para sostener la propuesta, utilizamos los aportes de Freud y de Jacques Lacan. Considerando que el término Bemächtigungstrieb utilizado por Freud fue traducido como "pulsión de dominio" y "pulsión de empoderamiento", argumentamos que esta segunda posibilidad de traducción permite conceptualizar el término originalmente como una fuerza para apoderarse del mundo, puesta en práctica por el aparato muscular. Así su acción participativa se sitúa en la organización constitutiva del sujeto, subrayando su especificidad en el tercer tiempo de la pulsión llamado aquí pasivación. La reanudación apunta a la distinción entre la pulsión de muerte y la idea de dominio, y explora la naturaleza de la toma de posesión reabriendo su campo epistemológico.
RESUMEN
Ao longo de sua teoria, Freud procurou compreender e explicar as manifestações agressivas e hostis do ser humano. Podemos dividir essas explicações em três fases. Na primeira, do início de seus escritos até 1913, é enfatizada a ligação entre as manifestações agressivas e as pulsões sexuais. Na segunda, de 1914 até os textos que precedem Além do princípio do prazer (1920), ganha ênfase a abordagem das manifestações agressivas decorrentes das pulsões do Eu. Na terceira, a partir de 1920 até o final de sua obra, as manifestações agressivas passam a ser pensadas, sobretudo, como derivadas da pulsão de morte. Neste artigo, concentramos nossa atenção na primeira fase da teorização de Freud sobre agressividade, com o objetivo de descrever e analisar como o autor concebeu as manifestações agressivas nesse período. A maioria das publicações sobre a agressividade na obra freudiana abordam as ideias apresentadas pelo autor a partir de 1920, de forma que permanece ainda pouco elucidada sua concepção prévia sobre o tema, o que justifica o presente trabalho.
Throughout his theory, Freud sought to understand and explain the human being's aggressive and hostile manifestations. We can divide these explanations into three phases. In the first one, from the beginning of his writings until 1913, the link between aggressive manifestations and sexual instincts is emphasized. In the second phase, from 1914 to the texts that precede "Beyond the pleasure principle" (1920), the aggressive manifestations arising from the ego-instincts are emphasized. In the third phase, from 1920 until the end of Freud's work, aggressive manifestations are thought, above all, as derived from the death instinct. In this article, we focus our attention on the first phase of Freud's theorization on aggressiveness, discussing how the author conceived aggressive manifestations in this period. Most publications on aggressiveness in Freud's work address the author's ideas since 1920, so his previous conception on the subject remains unclear, which justifies the present work.
A lo largo de su teoría, Freud intentó comprender y explicar las manifestaciones agresivas y hostiles del ser humano. Podemos dividir estas explicaciones en tres fases. En la primera, desde el inicio de sus escritos hasta 1913, se enfatiza el vínculo entre las manifestaciones agresivas y las pulsiones sexuales. En la segunda, desde 1914 hasta los textos precedentes a Más allá del principio de placer (1920), se enfatiza el abordaje de las manifestaciones agresivas derivadas de las pulsiones del Yo. En la tercera fase, desde 1920 hasta el final de su obra, las manifestaciones agresivas pasan a ser pensadas, sobre todo, como derivadas de la pulsión de muerte. En este artículo, centramos nuestra atención en la primera fase de la teorización de Freud sobre la agresividad, con el objetivo de describir y analizar cómo el autor concibe las manifestaciones agresivas en este período. La mayoría de las publicaciones sobre la agresividad en la obra freudiana abordan las ideas presentadas por el autor a partir de 1920, por lo que su concepción previa sobre el tema permanece poco trabajada, lo que justifica el presente estudio.