RESUMEN
Resumen Aproximadamente a partir del año 2010, los usos terapéuticos del cannabis se han extendido en nuestras sociedades latinoamericanas. Dichas terapias se construyen mayormente en el ámbito doméstico y en redes por fuera de instituciones oficiales de salud. Así, la biomedicina tiende a subalternatizar cualquier saber-hacer alternativo al modelo médico hegemónico. Nuestro objetivo es describir cómo se produce saber-hacer popular en torno a los usos terapéuticos del cannabis, identificando las tensiones y diferencias con la biomedicina. Metodológicamente nos basamos en experiencias documentadas en investigaciones propias y de otres, para construir una descripción sobre ese saber-hacer popular en contraste con el biomédico. Nuestros resultados dan cuenta de las singularidades epistémicas, metodológicas y valorativas en la construcción de los usos terapéuticos del cannabis, acompañada de una negación autoridad epistémica y marginalización en la producción, circulación y reconocimiento sobre su valor terapéutico. Recurrimos al concepto de violencia epistémica como analizador para comprender dicho proceso violencia que en ocasiones puede abonar a una violencia institucional. Consideramos necesario visibilizar la violencia epistémica que impide el desarrollo de saberes, conocimientos y terapias alternativos que vienen a complementar y (re)crear, y no a reemplazar, formas de pensar e intervenir en el ámbito salud.
Resumo Aproximadamente a partir do ano de 2010, os usos terapêuticos da cannabis se difundiram em nossas sociedades latino-americanas. Essas terapias são construídas maioritariamente no âmbito doméstico e em redes fora das instituições oficiais de saúde. Assim, a biomedicina tende a subordinar qualquer saber-fazer alternativo ao modelo médico hegemônico. Nosso objetivo é descrever como se produz um saber-fazer popular sobre usos terapêuticos da cannabis, identificando as tensões e diferenças com a biomedicina. Metodologicamente, nos baseamos em experiências documentadas em pesquisas próprias e alheias, para construir uma descrição desse saber-fazer popular em contraste com o biomédico. Nossos resultados dão conta da singularidade das características epistêmicas, metodológicas e dos valores da construção de usos terapêuticos da cannabis, à qual é negada autoridade epistêmica e se atribui um papel marginal na produção, circulação e reconhecimento. Nesse sentido, recorremos ao conceito de violência epistêmica para compreender esse processo. Essa violência, além disso, às vezes pode contribuir para a violência institucional. Consideramos necessário dar visibilidade à violência epistêmica que impede o desenvolvimento de saberes alternativos, saberes e terapias que complementem e (re)criem, e não substituam, modos de pensar e intervir no campo da saúde.
Abstract Approximately since the year 2010, the therapeutic uses of cannabis have spread in our Latin American societies. These therapies are mostly built in domestic contexts and in networks apart of official health institutions. In this sense, biomedicine tends to subordinate any alternative know-how to the hegemonic medical model. Our objective is to describe how the popular know-how around therapeutic uses of cannabis is produced, identifying the tensions and differences with biomedicine. Methodologically, we build a description of this popular know-how, in contrast to biomedicine, based on experiences documented in previous research. Our results account for the uniqueness of the epistemic, methodological, and values characteristics of the construction of therapeutic uses of cannabis, for which epistemic authority is denied and a marginal role in the production, circulation, and recognition of its therapeutic value is assigned. We appeal to the concept of epistemic violence to understand this process. Moreover, this violence can sometimes contribute to institutional violence. We consider it necessary to make visible the epistemic violence that prevents the development of alternative knowledge and therapies that complement and (re)create, but not replace, ways of thinking and intervening in health issues.
RESUMEN
Pour discuter le thème plus général de l'invention qui se présente dans la clinique psychanalytique, cet article propose de penser la question des solutions de contournement comme des cas particuliers d'invention marqués par la dimension de la précarité. Cette précarité nous intéresse dans la mesure où elle nous permet d'accéder à une lecture non idéalisée de ce que Lacan formule comme invention sur le destin donné au symptôme dans le terme d'une psychanalyse, qui serait une manière de faire avec quelque chose pour laquelle il n'y a pas de programmation symbolique définie. Dans cette perspective, nous pensons que la pratique du psychanalyste actualise le bricolage de la solution de contournement comme une fuite vers la singularité inventive.
Visando discutir o tema mais geral da invenção que se apresenta no âmbito da clínica psicanalítica, este trabalho propõe pensar a questão da gambiarra como um caso particular de invenção marcada pela dimensão da precariedade. Essa precariedade interessa na medida em que nos permite alcançar uma leitura não idealizada do que Lacan formula como invenção acerca do destino dado ao sintoma no termo de uma psicanálise, que seria um modo de se haver com algo para o qual não se dispõe de uma programação simbólica definida. Nessa perspectiva, acreditamos que a prática do psicanalista atualiza a bricolagem da gambiarra como um escape para a singularidade inventiva.
In order to discuss the more general theme of the invention that presents itself in the scope of psychoanalytic clinic, this work propose to think about the issue of the workaround as a particular case of invention marked by the dimension of precariousness. This precariousness is of interest hereto the extent that it allows us to achieve a non-idealized reading of what Lacan formulates as an invention to describe the destiny given to the symptom at the end of a psychoanalysis, which would be a way of dealing with something for which there is no predefined symbolic setting. From this perspective, we believe that the psychoanalyst's practice updates the DIY aspect of the workaround as an escape towards the inventive singularity.
Asunto(s)
Psicoanálisis , Signos y Síntomas , InvencionesRESUMEN
Neste artigo, partimos da seguinte questão: se a técnica é passível de objetivação, como pode a habilidade ser tão dificilmente transmissível,mesmo em organizações artesanais? Para respondê-la, realizamos pesquisa etnográfica em uma fábrica de doces artesanais em Pelotas, RS, com o objetivo de compreender os modos de transmissão de um saber-fazer incorporado. A análise dos dados empíricos, à luz do paradigma do embodiment, demonstra que muito embora o produto artesanal em questão oriente um sistema produtivo relativamente simples, nem todos os envolvidos na produção alcançam o mesmo domínio técnico. Disso decorre que a manutenção e propagação de dado saber-fazer depende deinteresses que contribuem para restringi-lo por força de fatores sociais, econômicos e simbólicos.Constatamos que a habilidade incorporada através da prática apresenta uma dimensão política, que se manifesta à medida que determinado saber-fazer postula a distinção de uma pessoa ou grupo de pessoas em relação às demais
In this paper, we address the following question: if it is possible to objectify a technique, how can ability be so hard to transmit even in artisanal organizations? To answer it, we made anethnographical research in an artisanal candy shop in Pelotas, RS, in order to understand the ways of transmission of an embodied know-how. In the light of the embodiment paradigm empirical data shows that even though this handmade good may guide a relatively simple production system, it was not taken for granted that everyone involved in this production could reach the same technical domain. It follows that the maintenance and propagation of know-how is conditional to interests that can restrict it according to social,economic and symbolic factors. We found that embodied ability acquired through practice has a political dimension that manifests it self as certain know-how sett les the distinction of a personor a group over another
Asunto(s)
Humanos , Aptitud , Dulces , Cultura , Familia , Antropología CulturalRESUMEN
Toda situação de trabalho se presta a uma dupla abordagem. É o local onde se realiza uma tarefa, pensada anteriormente e provocadora de uma intensa atividade intelectual pelo trabalhador. Mas é igualmente um momento único da vida, com suas arbitragens. Nesse caso, a tarefa não é mais vista como primeira, ela entra no 'debate de normas' que caracteriza a atividade do trabalhador sob o ângulo vital, aquele das escolhas que um ser humano não cessa de fazer. Entendemos que essas duas perspectivas correspondem, respectivamente, à de Pierre Pastré e à de Yves Schwartz. Elas se completam e enriquecem a análise: seu entrecruzamento confere, notadamente, um destaque inédito à questão das competências.
There can be a dual approach to every work situation. It is the place where a task is done, one which has been planned previously and which leads the worker to an intense intellectual activity. But it is also a unique moment in life, with its arbitrations. In this case, the task is no longer seen as the first. In fact, it enters the realms of the debate of rules that characterize the worker's activity from the critical perspective, the one of the choices a human being never ceases making. We believe these two perspectives correspond to Pierre Pastré and Yves Schwartz's views, respectively. They complement and enrich the analysis: the intersection between them gives rise, notably, to an unprecedented emphasis on the issue of skills.