RESUMEN
As leishmanioses são enfermidades infecciosas de importância em Saúde Pública. A identificação e retirada de cães infectados é uma medida de controle controversa. A reação de imunofluorescência, utilizada na rotina de diagnóstico, apresenta limitações quanto à sensibilidade e especificidade. Tais limitações podem implicar na manutenção de animais infectados nas áreas endêmicas ou na indicação de eutanásias desnecessárias. Por apresentarem elevadas sensibilidade e especificidade, as técnicas de ELISA e immunoblotting deveriam ser melhor avaliadas. A utilização de antígeno homólogo e a detecção de subclasses de IgG têm sido relatadas como alternativas para a obtenção de melhores resultados no diagnóstico sorológico. Este estudo teve como objetivo avaliar os parâmetros de acurácia de ELISA IgG e subclasses em soros de cães infectados por Leishmania (Viannia) braziliensis e Leishmania (Leishmania) chagasi (sintomáticos e assintomáticos) e identificar e caracterizar, por immunoblotting, bandas de L. (V.) braziliensis e de L. (L.) chagasimais freqüentemente reconhecidas por IgG e subclasses nesses soros. Foram estudadas 162 amostras de soro, sendo 34 de cães com leishmaniose tegumentar americana (LTA), 37 com leishmaniose visceral americana (LVA) (sintomáticos e assintomáticos), 4 com infecção mista (Leishmania (Viannia) braziliensis e Leishmania (Leishmania) chagasi) e 87 amostras de soros controle de cães residentes fora de área endêmica de leishmanioses, sendo 17 cães saudáveis e 70 com doenças que necessitam diagnóstico diferencial com LTA (esporotricose 35) ou com LVA (ehrlichiose 35). As médias de densidade ótica (D.O.) obtidas para detecção de IgG nos soros de cães com LTA ou com LVA foram estatisticamente mais elevadas com os respectivos antígenos homólogos, havendo um equilíbrio da resposta humoral nos animais com infecção mista...
Entretanto, a técnica não permitiu discriminar entre um caso individual de LTA e de LVA. A média de D.O. nos cães com LVA sintomáticos foi mais elevada que nos assintomáticos. IgG1 não revelou resultados promissores, com baixas médias de D.O. e reduzido reconhecimento antigênico nos cães infectados por Leishmania sp., independente da presença de sinais clínicos. As freqüências de detecção de IgG e IgG2, tanto por ELISA quanto por immunoblotting foram semelhantes. Não foi observada reatividade cruzada com L. (L.) chagasi no immunoblotting. Esses resultados sugerem que a utilização de antígenos homólogos para a detecção de IgG por ELISA elevaram a acurácia do teste e que em áreas com sobreposição de transmissão de L. (V.) braziliensis e de L. (L.) chagasi, seria indicado empregar o ELISA com ambos os antígenos. Além disso, o emprego do antígeno de L. (L.) chagasi elevou a especificidade dos testes de ELISA e de immunoblotting, permitindo a discriminação entre casos de leishmaniose e controles...