RESUMEN
Frente à presença marcante do discurso autobiográfico, autoficcional ou testemunhal no horizonte contemporâneo indago quais singularidades a psicanálise introduz ao frequentar, com seus relatos clínicos, essa cultura dos arquivos de si. Para discuti-lo, retomo o debate Lejeune-Doubrovsky sobre o enlaçamento e desenlaçamento entre a experiência do analista relatando casos clínicos ou do analisante testemunhando e a experiência da escrita. Ao ultrapassar a simples dimensão de transcrição ou de relato do vivido já produzido na análise, a escritura permite avançar em pontos deixados obscuros? A presença da escrita na fala analítica introduziria algo novo no tecido narrativo? Com a noção de extimidade, uma exterioridade íntima, Lacan evidencia a presença de um ponto de real das Ding, a Coisa excluído no centro da organização significante. De que modo os escritos íntimos e os relatos clínicos esbarram e transmitem isso? Afinal, a psicanálise operaria a transmutação do autobiográfico ou autoficcional em discurso científico
Facing the strong presence of autobiographical, autofictional or testimonial discourse on the contemporary horizon one inquires if with its clinical reports psychoanalysis introduces singularities when it attends this culture of oneself files. To discuss it, one focuses on the debate Doubrovsky-Lejeune about the enlacement and unlacing between the analysts experience of reporting clinical cases or the analysand's relating or witnessing his experience and the experience of writing. Going beyond the mere transcription or reporting of what was lived and produced in analysis, the writing experience allow one to advance in points analysis left unclear? The presence of writing in the analytical speech would introduce anything new in the narrative discourse? With the notion of extimité, an "intimate exteriority, Lacan indicates the presence of a point of real das Ding, the Thing - excluded in the center of the significant organization. How intimate writings and clinical reports face and transmit this? After all, psychoanalysis would operate the transmutation of autobiographical or autofictional in scientific discourse