Saúde mental indígena em território de conflitos: o caso da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro no sul da Bahia / Indigenous mental health in conflict territory: the case of the Tupinambá community of Serra do Padeiro in southern Bahia

Resumo Este artigo apresenta uma perspectiva da saúde mental a partir do estudo dos efeitos dos conflitos pela terra e da organização comunitária na aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia. A luta pela terra com a retomada do território destaca-se enquanto força produtora de saúde, com potência de suplantar as agruras vividas em um contexto de ameaças, violências e traumas. Para isso, diferentes saberes, práticas e atores, indígenas e não indígenas, são continuamente articulados. Os modos de organização da comunidade se inserem como elemento-chave para prevenção e recuperação da saúde mental, evitando agravos nos conflitos territoriais e promovendo condições para reabilitação e inserção social. A espiritualidade, o trabalho, a cultura, a coletividade e o diálogo interétnico são aspectos centrais de proteção e promoção da saúde mental.

Abstract This study offers a mental health perspective based on the study of the effects of conflicts over land and community organization at Aldeia Tupinambá in Serra do Padeiro in southern Bahia. The struggle for land with the repossession of the territory stands out as a force that produces health with the power to overcome the hardships experienced in a context of threats, violence, and trauma. For this, Indigenous and non-Indigenous knowledges, practices, and actors are continuously articulated. The community's ways of organizing itself are inserted as a key-element to prevent and recover mental health, avoid injuries in territorial conflicts, and promote conditions for rehabilitation and social insertion. Spirituality, work, culture, community and interethnic dialogue are central aspects of protecting and promoting mental health.

Eventos Traumáticos e a experiência de ouvir vozes

A audição de vozes compõe um aglomerado de experiências com diferentes significados, dentre estas, eventos traumáticos. Este artigo tem o objetivo de descrever estudos que apresentem a relação da experiência de ouvir vozes com os eventos traumáticos. Trata-se de uma revisão de literatura realizada nas bases de dados PubMed, Scopus e Web of Science no período de maio a junho de 2019 com base em 13 artigos científicos selecionados. Foram elencados dois tópicos para discussão: as implicações dos eventos traumáticos e sua relação com a experiência de ouvir vozes; e o trauma na infância e audição de vozes. Conclui-se que os eventos traumáticos podem ter relação com a audição de vozes e, ainda, o ouvidor pode criar possibilidades de apropriação de sua experiência. Além disso, há carência de estudos qualitativos sobre o tema e na abordagem do Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes.

Trauma histórico. Revisión sistemática de un abordaje diferente al conflicto armado / Historical trauma. Systematic review of a different approach to armed conflict

Introducción: El trauma histórico (TH) es un trauma colectivo infligido a un grupo de personas que comparte una identidad o afiliación, que se caracteriza por el legado transgeneracional de los eventos traumáticos experimentados, y se expresa a través de diversas respuestas psicológicas y sociales. Este constructo se propuso en contraposición al trastorno de estrés postraumático (TEPT), debido a las limitaciones identificadas para abordar desde esta categoría diagnóstica traumas colectivos en situaciones de violencia política y social. El objetivo del presente artículo es revisar la literatura sobre TH publicada hasta el momento. Métodos: Se llevó a cabo una búsqueda en las bases de datos EMBASE, Ebscohost, JSTOR, Pro-Quest, LILACS, SciELO, Psycarticles, ISI Web of Science y PubMed con los términos "historical trauma" y "mental health" o "trauma histórico" y "salud mental". Resultados: Se revisan elementos del constructo de TH como su definición, las características de la experiencia traumáticas que lo caracterizan y la forma en que se da una sucesión transgeneracional. Se describen las consecuencias de los eventos traumáticos individuales, familiares y sociales en comunidades que han sufrido TH. Finalmente, se revisan las características comunes de distintos modelos de intervención terapéutica y algunas recomendaciones de los creadores para su aplicación. Conclusiones: Existen claras limitaciones del TEPT en el abordaje de experiencias traumáticas comunitarias y acumuladas relacionadas con contextos sociales e históricos específicos, por lo que mencionamos las posibles ventajas que puede ofrecer el TH en esta tarea. Por último, se señalan vacíos actuales en el conocimiento sobre este tema y se esbozan algunas recomendaciones para investigaciones futuras.

Introduction: Historical trauma (HT) is a collective trauma inflicted on a group of people who share an identity or affiliation, and is often characterized by the transgenerational legacy of traumatic experiences, and expressed through various psychological and social responses. This construct is proposed in contrast to post-traumatic stress disorder (PTSD) due to limitations identified with the latter diagnostic category when addressing collective trauma, especially in situations of political and social violence. The purpose of this article is to review the literature published so far on HT. Methods: A search was performed using the terms "historical trauma" and "mental health" or "trauma histórico" and "salud mental" in the scientific databases, EMBASE, Ebscohost, JSTOR, ProQuest, LILACS, SciELO, PsycARTICLES, ISI Web of Science and PubMed. Results: The authors reviewed HT definition, paramount characteristics of its traumatic experience, and several theories of on the transgenerational succession if these experiences occur, as well as possible consequences of traumatic events at individual, family and social level. Common characteristics of different therapeutic models are highlighted, in addition to some recommendations for their application. Conclusions: PTSD has clear limitations in addressing community and cumulative traumatic experiences related to specific social and historical contexts. The authors discuss the potential utility of HT in this task. Finally, several gaps in current knowledge regarding this construct are mentioned, and some recommendations for future research are indicated.