RESUMEN
A proliferação espontânea de linfócitos é um marcador da infecção pelo Vírus Linfotrópico de Célula T Humana do tipo 1 (HTL V -l)o Esta é mais elevada em pacientes com paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTL V (HAMJTSP) que em indivíduos assintomáticos. Embora o seu papel na patogênese da HAM/TSP ainda seja desconhecido, a identificação de drogas capazes de modular a proliferação espontânea pode ser relevante para o tratamento da HAM/TSP. Neste estudo nós avaliamos os efeitos dos derivados quinoIínicos BS373, Ql e Q2 e da fisalina F em culturas de células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de indivíduos infectados pelo HTL V com HAM/TSP. Estes compostos inibiram, ex vivo, a proliferação espontânea em culturas de PBMC, conforme avaliado pela incorporação de 3H-timidina. Além disso, a produção espontânea, ex vivo, de citocinas inflamatórias foi significativamente inibida pelo composto BS373 (25 j.tM) e pela tlsahna F (10 j.tM). A expressão da proteína viral Tax foi reduzida cerca de 80% após incubação de PBMC com BS373 (25 uM). BS373 e fisalina F induziram um aumento na porcentagem de células em apoptose, como demonstrado por análise da marcação do PBMC com anexina V por citometri~ de fluxo. A análise ultraestrutural de células cultivadas na presença destes compostos mostrou vacúolos apresentando membranas de mielina, que se assemelham a compartimentos autofágicos. Em conclusão, as quinolinas e a fisalina F foram capaz de inibir a proliferação espontânea de células de indivíduos infectados pelo HTL V-I. Outros estudos são necessários para compreendermos os mecanismos pelos quais estes compostos agem no PBMC de indivíduos infectados pelo HTL V-I.
Spontaneous lymphocyte proliferation, a hallmark ofHuman- T Lymphocyte Virus Type 1 (HTL V -1) infection, is particular1y high in HTL V -associated myelopathy/tropical spastic paraparesis (HAM/TSP) patients compared to asymptomatic carriers. Although its role in the pathogenesis of HAM/TSP is stiH unknown, the identification of drugs capable of modulating the spontaneous proliferation may be reievant for the treatment ofHAM/TSP. Here we evaluated the effects ofthe quinoline derivative BS373, Q1 and Q2 and physalin F in cultures of peripheral blood mononuclear ceHs (PBMC) obtained from HTL V-infected subjects with HAM/TSP. Compounds inhibited of spontaneous proliferation in PBMC cultures, as assessed by 3H-thymidine incorporation. Additionally, the spontaneous production of inflammatory cytokines by PBMC was significantly inhibited by BS373 (25 flM) and physalin F (10 flM). The expression of the viral transcription factor Tax was reduced about 80% after incubation of PBMC with 8S373 (25 I-tM). BS373 and physalin F induced an increase in the percentage of apoptotic cells, as shown by flow cytometry analysis of annexin V-stained PBMC. Ultrastructural analysis of cultured cells in the presence of compounds showed vacuoles presented with myelin-like membranes, resembling autophagic vacuole-like compartments. In conc1usion, quinolines and physalin F was able to inhibit the spontaneous proliferation of cells from HTL V -l-infected individuaIs. Further studies are required to understand the mechanisms by which the compounds affect HTL V -1 PBMC.
Asunto(s)
Humanos , Apoptosis/genética , Apoptosis/inmunología , Quinolinas , Quinolinas/inmunología , Virus Linfotrópico T Tipo 1 Humano/inmunología , Virus Linfotrópico T Tipo 1 Humano/metabolismo , Virus Linfotrópico T Tipo 1 Humano/patogenicidadRESUMEN
O HTLV-1 foi o primeiro retrovírus descrito associado a doenças humanas, tais como leucemia de célula T do adulto (ATLL), paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV (TSP/HAM), dermatite infecciosa, entre outras. Esse retrovírus possui um genoma de RNA de fita simples, com os genes gag (grupo antigênico), env (envelope), pol (polimerase), e uma região próxima à extremidade 3' conhecida como pX. Em cada extremidade do genoma existem sequências de repetições terminais longas (LTR long terminal repeat), que são essenciais na integração do DNA proviral ao DNA do hospedeiro, e também para a regulação transcricional do genoma do vírus. Estima-se que cerca de 5-10 milhões de pessoas estejam infectadas pelo HTLV-1 no mundo. No Brasil, presume-se que 2,5 milhões de pessoas estejam infectadas. Apesar da infecção pelo HTLV-1 ser endêmica em diferentes regiões geográficas do mundo, ainda permanece sem um método de profilaxia eficaz. Pesquisas realizadas em macacos-esquilos no Instituto Pasteur da França e no Instituto Nacional do Câncer nos EUA avaliaram a imunogenicidade e a eficácia de uma vacina contendo o gene env ou env e gag do HTLV-1. Após a vacinação e transfusão de células infectadas com o HTLV-1 todos os animais mostraram-se protegidos. Anteriormente a este estudo, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer, NIH-EUA, avaliaram a eficácia de um vetor vacinal derivado do vírus da varíola atenuado contendo o gene env do HTLV-1 (R-ALVAC), e após o desafio vacinal todos os animais mostraram-se protegidos. Porém, a proteção destes dois estudos não foi permanente. Entretanto, esses resultados sugerem que uma vacina anti-HTLV-1 pode ser viável e, acreditamos que a produção dessa vacina tendo como vetor um vírus persistente como o HTLV-2 pode proteger contra a infecção pelo HTLV-1. Assim, desenvolvemos em colaboração com o NIH, um vetor vacinal contendo as duas regiões LTR do HTLV-2, para serem inseridos os genes gag e env do HTLV-1 sob o controle da região 3LTR deste vetor. Para a utilização desse vetor recombinante faz-se necessário caracterizar a região promotora do HTLV-2, avaliando assinaturas nucleotídicas presentes em diferentes subtipos, bem como a presença de motifs importantes para a expressão do vetor vacinal. Pelo exposto, o objetivo principal desse trabalho foi avaliar in silico a habilidade do vetor recombinante do HTLV-2 poder ser utilizado como vetor vacinal anti-HTLV-1. Nossos resultados revelaram que existem pequenas diferenças na região promotora dos subtipos HTLV-2a, HTLV-2b, HTLV-2c e HTLV-2d. Algumas alterações resultam em ganho ou perda de motifs importante para a regulação da transcrição gênica, como o motif E Box, presente nas sequências dos diferentes subtipos do HTLV-2 e ausente na região promotora do vetor. Entretanto, estudos sugerem que esse motif pode ser responsável pela repressão da transcrição gênica e, portanto, essa diferença encontrada entre o vetor recombinante do HTLV-2 e as diferentes sequências analisadas sugere que a transcrição gênica do vetor vacinal sem esse motif pode ser mais eficiente. Logo, o vetor recombinante do HTLV-2 pode ser utilizado como vetor vacinal anti-HTLV-1 em ensaios pré-clínicos.
Asunto(s)
Humanos , Retroviridae/patogenicidad , Virus Linfotrópico T Tipo 1 Humano/metabolismo , /inmunologíaRESUMEN
Infecções do trato urinário (ITUs) constituem um dos mais significativos agravos de Saúde Pública contribuindo para elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Em pacientes HTLV-I+ as infecções do trato urinário são muito frequentes e a ocorrência de recidivas, assim como a evolução para quadros sistêmicos, são manifestações clínicas preocupantes e comumente observadas, principalmente, entre os indivíduos neurologicamente mais comprometidos. Estudos que investigam a etiologia das ITUs em pacientes HTLV-I+ reconhecem e destacam a importância da Escherichia coli na patogenia destas infecções. O objetivo desse estudo foi o de investigar características de diversidade e virulência em 71 amostras uropatogênicas de E. coli (UPEC) isoladas de pacientes infectados pelo vírus HTLV-I com e sem sintomas clínicos de mielopatia. Para atingir a presente proposta foram empregados ensaios bacteriológicos para a observação da atividade hemolítica e reações de amplificação para a detecção de genes de urovirulência...
Asunto(s)
Humanos , Escherichia coli/virología , Infecciones Urinarias/virología , Virus Linfotrópico T Tipo 1 Humano/metabolismo , VirulenciaRESUMEN
O Retovírus HTLV-I é o agente etiológico da Mielopatia Associada ao HTLV-I/Paraparesia Espástica Tropical (HAM/TSP), Leucemia de Células T do Adulto (ATL) e outras doenças sistêmicas mediadas pela resposta imune. A infecção pelo HTLV-I induz uma elevada proliferação espontânea das células T do perfil de citocinas com predominância das pró-inflamatórias. Nos indivíduos com HAM/TSP o TNF-a encontra-se elevado e envolvido na lesão tecidual. O surgimento de drogas inibidoras da síntese de TNF-a traz a possibilidade de uma terapêutica, buscando reduzir a inflamação e lesão tecidual. O objetivo deste estudo foi avaliar o poder inibidor destas drogas na produção de TNF-a em PBMC de indivíduos infectados com HTLV-I. PBMC de 37 indivíduos foram avaliados: assintomáticos (n=11), subclínicos (n=7) e com mielopatia (n=19). Foram utilizadas quatro drogas inibidoras da síntese de TNF-a: Pentoxifilina, Forskolin, Rolipram e Talidomida, as quais agem em diferentes etapas da síntese desta citocina. As concentrações espontâneas de TNF-a e IFN-y e com as drogas inibidoras foram avaliados nos sobrenadantes das culturas de PBMC através da técnica de ELISA e os resultados comparados entre os grupos usando o teste Mann-Whitney. A produção espontânea de TNF-a foi mais elevada no grupo com HAM/TSP quando comparado ao assintomático e a diferença estatisticamente significante (p = 0.001). A produção espontânea de IFN-y também foi mais alta no grupo com HAM/TSP quando comparados aos assintomáticos e a diferença estatisticamente significante (p = 0.017). Para avaliação das drogas inibidoras de TNF-a, utilizamos PBMC de indivíduos com de TNF-a e IFN-y espontâneos maiores que 5 pg/ml e os resultados comparados pelo teste estatístico Wilcoxon signed ranks. Pentoxifilina foi utilizada nas doses de 50 e 200 μM. A inibição da produção de TNF-a com 50 μM foi de 71 ± 26% (p = 0.003) e de IFN-y com 50 μM foi de 46 ± 24% (p = 0.001). Forskolin foi utilizado nas doses...
Asunto(s)
Humanos , Citocinas/metabolismo , Factor de Necrosis Tumoral alfa/inmunología , Virus Linfotrópico T Tipo 1 Humano/metabolismo , Pentoxifilina/toxicidad , Rolipram/toxicidad , Talidomida/toxicidadRESUMEN
Estudos prévios têm mostrado que a infecção pelo HTLV-I pode resultar em uma ativação e proliferação linfocitária, e uma exacerbada resposta imune Th1 com níveis altos de IFN-y. A infecção por helmintos está relacionada com produção de IgE e citocinas com um perfil Th2. Neste trabalho foi caracterizada a resposta imune de portadores de HTLV-1 e de pacientes com mielopatia asssociada ao HTLV-1 e a influência da infecção pelo HTLV-I no curso clínico e na resposta imune de pacientes com estrongiloidíase e esquistossomos. Adcionalmente, foi avaliada a influência da infecção por he1mintos na resposta imune (determinação de citocinas em sobrenadante e análise por FACS) e na carga proviral de indivíduos infectados pelo HTLV-I. Foi observado que indivíduos com mielopatia apresentaram níveis de citocinas pro-inflamatórias, especificamente o IFN-y, bem mais altos do que portadores assintomáticos, porém neste último grupo houve uma variação nestes níveis e 40% destes indivíduos tiveram níveis semelhantes aos pacientes com mielopatia. Além disso, os pacientes com mielopatia apresentaram maior proliferação linfocitária e maior freqüência de células T CD8+. Quando foi avaliada a influência do HTLV-1 na resposta imune ao S. stercoralis, foi documentado que pacientes com estrongiloidíase quando co-infectados pelo HTLV-1 apresentaram níveis mais baixos de IL-5, IL-13 e níveis mais altos de IFN-y do que pacientes que apresentavam somente estrongiloidíase. Estes achados podem justificar o fato de que pacientes co-infectados pelo HTLV-1 e S. stercoralis desenvolvam formas disseminadas da doença e menor resposta terapêutica a drogas anti-helmínticas. Achados imunológicos semelhantes foram observados em relação à co-infecção com HTLV-1 e S. mansoni. Os pacientes dualmente infectados pelo HTLV-1 e S. mansoni produziram mais IFN-y e menos IL-5, IL-10 e IgE específica para S. mansoni do que pacientes apenas com infecção pelo S. mansoni. A despeito de pacientes com HTLV-1 e...