RÉSUMÉ
A técnica do transplante cardíaco, ou biatrial, foi introduzida por Lower e Shumway em 1960, em trabalho experimental com cäes. Estima-se que mais de vinte mil cirurgias foram realizadas nestas três décadas, porém desde os primeiros pacientes, as arritmias atriais e os distúrbios da conduçäo átrio-ventricular foram sempre os efeitos indesejáveis da técnica. Mesmo com as modificações introduzidas por Barnard estas complicaçöes continuaram. Com o desenvolvimento de métodos diagnósticos mais sofisticados, como o ecocardiograma transesofágico, outras anormalidades foram detectadas: insuficiência das valvas átrio-ventriculares mitral e tricúspide, aumento dos átrios com formaçäo de trombos nas linhas de sutura, assincronia de contraçäo do átrio do doador com o receptor e insuficiência ventricular direita no pós-operatório imediato. Com o objetivo de contornar estes problemas, Yacoub e Dreyfus apresentaram, em 1990, a técnica do transplante cardíaco ortotópico bicaval, onde o coraçäo do receptor é retirado totalmente e o coraçäo do doador é implantado com suturas individuais das veias pulmonares e das veias cavas. A técnica bicaval, segundo estudos preliminares, parece solucionar os efeitos adversos do procedimento biatrial