Résumé
RACIONAL: Estudos demonstram mudança na forma de apresentação clínica da doença celíaca, com aumento da ocorrência de formas atípicas tanto em crianças, como em adultos. OBJETIVO: Verificar este fato em crianças atendidas em serviço universitário especializado (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, SP.). MÉTODOS: Foram estudados pacientes celíacos em dois períodos: de janeiro de 1978 a dezembro de 1987 (grupo 1 = G1) e janeiro de 1988 a dezembro de 1997 (grupo 2 = G2). Foram analisados: tempo de doença, idade ao diagnóstico, estado nutricional e formas clínicas. Considerou-se forma típica se o paciente tinha pelo menos dois dos seguintes sinais/sintomas: diarréia, distensão abdominal, perda de peso, associados ou não a outros. A análise estatística foi realizada pelos testes exato de Fisher e de Wilcoxon. RESULTADOS: Mediana de idade ao diagnóstico: 23 meses (G1) e 21 (G2). Intervalo entre início de sintomas e diagnóstico: 13 meses (G1) e 11 (G2). Estado nutricional ( por cento) Gomez: G1:eutrofia = 23,8; DI = 47,61; DII = 23,8 e DIII = 4,76. G2: eutrofia = 20,68, DI = 48,27, DII = 27,58 e DIII = 3,44. Waterloo: G1: eutrofia = 23,8, emaciação = 14,28 baixa estatura = 28,57 e crônico = 33,33. G2: eutrofia = 20,68, emaciação = 13,79, baixa estatura = 34,48 e crônico = 31,03. Formas clínicas ( por cento) - G1: típica 57,14 e atípica 42,85. G2: típica 55,18 e atípica 44,82. Nenhum dado foi estatisticamente diferente nos dois grupos. CONCLUSÕES: No estudo não se encontrou mudança nas formas de apresentação e demais características clínicas da doença celíaca. Cogita-se que essa hipótese poderia ser decorrente de características populacionais, de diferenças na abordagem nos serviços de saúde ou de diferentes períodos de observação, em comparação com os demais estudos.