Résumé
A flebofragia é considerada o método padräo para o diagnóstico de trombose venosa profunda (TVP), sendo aceito pela quase unanimidade dos autores que uma flebografia bem feita, negativa para TVP, práticamente exclui esse diagnóstico. Com a finalidade de avaliar a importância do uso rotineiro da flebografia no diagnóstico da TVP dos membros inferiores, sua exeqüibilidade em nosso meio e a freqüência de complicaçöes, foram estudados prospectivamente 424 pacientes com suspeita clínica desta afecçäo. Em todos os pacientes foi realizada flebografia, pela técnica de Kakkar modificada, para confirmaçäo diagnóstica. Em 68,6% dos casos o diagnóstico clínico foi confirmado pela flebografia, sendo o índice de concordância entre esses dois exames mais alto do que o referido na literatura. 29,8% dos pacientes apresentaram efeitos colaterais indesejáveis ou complicaçöes de pequena importância. Em apenas um caso houve complicaçäo maior, com reaçäo do tipo anafilático que regrediu após tratamento específico. Clinicamente, näo houve piora do quadro de TVP nos casos positivos, desenvolvimento de TVP em caso de exame negativo, nem embolia pulmonar ou tromboflebite superficial conseqüentes à flebografia. Tendo em vista a inocuidade da flebografia e sua exeqüibilidade em nosso meio, o presente estudo sugere que sua realizaçäo rotineira para a confirmaçäo diagnóstica de TVP dos membros inferiores deve ser utilizada nos casos em que näo haja contra-indicaçäo de exame radiológico ou alergia a contrastes, visando evitar o tratamento desnecessário e auxiliar na escolha do melhor tipo de tratamento. Essa utilizaçäo pode ser dispensada eventualmente em casos em que a existência de TVP foi confirmada com métodos näo-invasivos e näo se pretenda proceder à desobstruçäo cirúrgica ou medicamentosa das veias