RÉSUMÉ
Os autores descrevem as características biológicas de 1.459 crianças com leucemias agudas no Brasil, para comparar os efeitos de diferentes perfis imunofenotípicos com fatores ambientais que podem estar associados à etiologia das leucemias linfoblásticas agudas (LLA). As classificações morfológicas e imunofenotípicas combinadas foram aplicadas em 96% dos casos. Nestes, 55% foram classificados como LLA de células B precursoras (LLA-Bp) que compreendem LLA-pro-B e LLA-comum, 15% LLA-T, e 1,6% LLA-B. A proporção de LLA-Bp e LLA-T difere entre si quanto à raça, com 59% das LLA-Bp em crianças brancas, enquanto 60,7% LLA-T em crianças não-brancas. No entanto, as análises proporcionais de brancos versus não brancos para cada subtipo, quando ajustadas por idade, são semelhantes em crianças maiores de 6 anos (60,3% LLA-Bp e 59,3% LLA-T), mas diferem substancialmente em crianças menores, com 63,6% de LLA-Bp e 37,3% de LLA-T em brancos (0,0001). Estes resultados são consistentes com excesso de LLA-Bp em crianças brancas mais jovens, embora a distribuição entre LLA-Bp e LLA-T em cada região seja semelhante sem significado estatístico. As taxas de incidências de LLA calculadas para cada região variaram de 2,2, 2,6 e 3,3/105 casos por ano para Bahia, Rio de Janeiro e Brasília, respectivamente. Para avaliar se o pico de incidência observado de LLA-Bp estaria relacionado com incidência de infeção viral, nós observamos que LLA-Bp apresentou uma curva ascedente de casos no verão e inverno, enquanto LLA-T apresentou pico de incidência no outono. Este estudo adiciona informações sobre epidemiologia de leucemias agudas no Brasil, no qual sugere que o subtipo LLA-comum poderia estar associado com tempo de exposição a infecção viral requerendo futuras análises específicas.