RÉSUMÉ
Abstract The scientific literature on amphibian anomalies is large, but registered cases of amphibians' ocular heterochromia are almost absent, even considering anecdotal records. In the Brazilian territory, only two cases of ocular heterochromia were formerly registered for amphibians, both for anurans, the first from the Atlantic Forest of northeastern Brazil and the second from the Amazonian region of northern Brazil. In the present account, we report two cases of ocular heterochromia in the hylid treefrog Boana albomarginata, both from the Atlantic Forest biome, Bahia state, northeastern Brazil, representing the first record of ocular heterochromia for this species and the third case registered for an amphibian's species in Brazil. One eye of each observed specimen had an unusually flashy and homogeneous blue-colored iris, filling its entire surface or only its lower half, representing cases of complete and sectoral heterochromia, respectively. Furthermore, the unusual flashy blue iris was only detectable during daylight, when the iris background color was white. At night, the standard copper to golden iris background color remains unchanged, and the blue color cannot be detected. No other detectable anomalies or unusual behaviors were observed for both specimens. This is the first report of amphibian ocular heterochromia represented by a flashy blue color iris and limited to a daylight iris color pattern. Further studies are necessary to determine the nature of this anomaly and its potential consequences for the specimen and the species.
Resumo A literatura científica sobre anomalias em anfíbios é vasta, mas casos registrados de heterocromia ocular em anfíbios estão quase ausentes, mesmo considerando registros anedóticos. No território brasileiro, apenas dois casos de heterocromia ocular foram registrados anteriormente para anfíbios, ambos para anuros, o primeiro para a Mata Atlântica do nordeste do Brasil e o segundo para a região amazônica do norte do Brasil. No presente relato, descrevemos dois casos de heterocromia ocular no hilídeo Boana albomarginata, ambos no bioma Mata Atlântica, estado da Bahia, nordeste do Brasil, representando o primeiro registro de heterocromia ocular para esta espécie e o terceiro caso registrado para uma espécie de anfíbio no Brasil. Um olho de cada exemplar observado apresentava atipicamente íris de cor azul chamativa e homogênea, preenchendo toda sua superfície ou apenas a metade inferior, representando casos de heterocromia completa e setorial, respectivamente. Além disso, a não-usual íris azul só esteve detectável sob a luz do dia, quando a cor de fundo da íris era branca. À noite, a cor de fundo padrão da íris cobreada ou dourada permaneceu inalterada e a cor azul não pôde ser detectada. Nenhuma outra anomalia detectável ou comportamento incomum foi observada para ambos os exemplares. Este é o primeiro relato de heterocromia ocular em anfíbios representado por uma cor azul bem-marcada e limitada a um padrão diurno de cor da íris. Mais estudos são necessários para determinar a natureza desta anomalia e suas potenciais consequências para o indivíduo e para a espécie.