RÉSUMÉ
OBJECTIVE: congenital adrenal hyperplasia (CAH) newborn screening can prevent neonatal mortality in children with the salt-wasting form of the disease and prevent incorrect gender assignments, which can occur in females. However, the occurrence of false-positive results in preterm or low-birth-weight newborns creates some diagnostic difficulties, with consequent therapeutic implications. This study aimed to report the results of a pilot project for neonatal CAH screening conducted in the state of Minas Gerais, Brazil from 09/2007 to 05/2008 with a three-year follow-up. METHODS: dried blood specimens were collected on filter paper cards three to seven days after birth of all newborns in the period. Samples were analyzed for 17-hydroxyprogesterone using an enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA). RESULTS: a total of 159,415 children were screened. The apparent incidence of the classic variant of the disease was 1:9,963, based on initial diagnoses following newborn screening. During the follow-up period, eight of 16 children initially diagnosed with CAH were reclassified as unaffected, resulting in a revised incidence of 1:19,927. The false-positive rate was 0.31%, and the positive predictive value was 2.1%. Sensitivity and specificity were 100% and 99.7%, respectively. CONCLUSIONS: newborn screening is an important public health policy in developing countries such as Brazil, where CAH remains underdiagnosed. It has great potential to identify children with the disease who otherwise cannot be diagnosed earlier. Long-term follow-up and monitoring of all children with positive screening results are crucial to ensure a correct diagnosis and to calculate a reliable incidence ratio of the disease. .
OBJETIVO: a triagem neonatal para hiperplasia adrenal congênita (HAC) pode evitar a morte de recém-nascidos com a forma perdedora de sal e o registro civil incorreto das meninas. Entretanto, a ocorrência de resultados falso-positivos em recém-nascidos pré-termos ou com baixo peso ao nascer gera dificuldades diagnósticas, com consequentes implicações terapêuticas. O objetivo do estudo foi avaliar os resultados do projeto piloto de triagem neonatal para HAC realizado no estado de Minas Gerais, Brasil, de setembro de 2007 a maio de 2008 com acompanhamento de três anos. MÉTODOS: a dosagem da 17-hidroxiprogesterona foi realizada por ensaio imunoenzimático (ELISA), em amostras de sangue seco coletadas em papel-filtro, três a sete dias após o nascimento de todos os recém-nascidos no período. RESULTADOS: foram triadas 159.415 crianças. Observou-se incidência de 1:9.963 para a forma clássica da doença, baseando-se nos diagnósticos iniciais. Durante o período de acompanhamento, 8 de 16 crianças inicialmente diagnosticadas com HAC foram reclassificadas como não afetadas, resultando em uma incidência corrigida de 1:19.927. A taxa de falsos positivos foi de 0,31%, e o valor preditivo positivo foi de 2,1%. A sensibilidade e a especificidade foram 100% e 99,7%, respectivamente. CONCLUSÕES: a triagem neonatal é uma importante política de saúde pública para países em desenvolvimento como o Brasil, onde a HAC continua subdiagnosticada. Ela possui grande potencial para identificar crianças que poderiam não ter a doença reconhecida precocemente. O acompanhamento em longo prazo e o monitoramento de todas as crianças com resultados positivos na triagem são cruciais para confirmação diagnóstica e para o correto cálculo da incidência da doença. .
Sujet(s)
Enfant d'âge préscolaire , Femelle , Humains , Nourrisson , Nouveau-né , Mâle , Hyperplasie congénitale des surrénales/diagnostic , Dépistage néonatal/méthodes , /sang , Hyperplasie congénitale des surrénales/complications , Hyperplasie congénitale des surrénales/épidémiologie , Poids de naissance , Brésil/épidémiologie , Diagnostic précoce , Test ELISA , Faux positifs , Études de suivi , Incidence , Projets pilotes , Valeur prédictive des tests , Sensibilité et spécificité , Virilisme/étiologieRÉSUMÉ
OBJETIVO: Avaliar a ingestão alimentar e o estado nutricional em selênio em pacientes com fenilcetonúria. MÉTODOS: Foram avaliados prospectivamente 54 crianças com fenilcetonúria, entre 4 e 10 anos de idade. O estudo foi realizado antes e após o uso de mistura de aminoácidos complementada com selênio. A segunda fase do estudo foi realizada com, no mínimo, 90 dias de utilização da mistura complementada. O estado nutricional em selênio foi avaliado por meio da análise de parâmetros bioquímicos: dosagens séricas de selênio e tiroxina livre e dosagem de glutationa peroxidase no eritrócito. A ingestão alimentar de selênio foi avaliada por aplicação de Questionário de Frequência Alimentar Quantitativo. RESULTADOS: A idade média das crianças foi de 7,0±1,8 anos, e 35,2% eram do sexo feminino. O tempo médio de complementação de selênio, em fórmula especial, foi de 122,2±25,1 dias. A mistura de aminoácidos complementada com o mineral representou 72,9% da oferta diária de selênio. Após a complementação, as concentrações médias de selênio sérico e de glutationa peroxidase no eritrócito apresentaram aumento significativo (p < 0,05). A ingestão média diária de selênio aumentou significativamente (p < 0,001), alcançando o recomendado pela Ingestão Dietética de Referência. A concentração de tiroxina livre, no soro, apresentou redução significativa (p < 0,001) em todos os pacientes na segunda fase do estudo, tendo retornado aos limites da normalidade naqueles em que estava alterada. CONCLUSÃO: A complementação de selênio por meio de substituto proteico é eficaz para melhorar e adequar o estado nutricional de selênio em pacientes com fenilcetonúria.
OBJECTIVE: To evaluate selenium dietary intake and nutritional status of patients with phenylketonuria. METHODS: The study prospectively evaluated 54 children with phenylketonuria, from 4 to10 years old. The study was performed before and after the use of a selenium-supplemented amino acid mixture. The second phase of the study was performed after, at least, 90 days of use of the supplementation. Selenium nutritional status was assessed through the analysis of biochemical parameters: serum free thyroxin and selenium and glutathione peroxidase in erythrocytes. Selenium dietary intake was evaluated by the administration of the Food Frequency Questionnaire. RESULTS: Mean age of the children was of 7.0±1.8 years, and 35.2% were female. Mean time of supplementation of selenium, on special formula, was 122.2±25.1 days. The selenium-supplemented amino acid mixture represented 72.9% of the daily supply of the mineral. Upon supplementation, mean concentrations of serum selenium and glutathione peroxidase in erythrocytes increased significantly (p < 0.05). The average daily intake of selenium increased significantly (p < 0.001), reaching the levels recommended by the Dietary Reference Intakes. The concentration of free thyroxin, in serum, presented significant reduction (p < 0.001) in all patients during the second phase of the study, and returned to normal limits in those who had changed levels. CONCLUSION: Selenium supplementation through protein replacement is effective to improve and adapt the nutritional status of selenium in patients with phenylketonuria.
Sujet(s)
Enfant , Enfant d'âge préscolaire , Femelle , Humains , Mâle , Acides aminés/administration et posologie , Antioxydants/administration et posologie , Compléments alimentaires , État nutritionnel , Phénylcétonuries/diétothérapie , Sélénium/administration et posologie , Répartition par âge , Brésil , Glutathione peroxidase/sang , Évaluation de l'état nutritionnel , Études prospectives , Phénylcétonuries/sang , Sélénium/sangRÉSUMÉ
OBJETIVO: Avaliar a deficiência ou sobrecarga de ferro em lactentes com doença falciforme, a fim de embasar a decisão de recomendar (ou não) a suplementação profilática de ferro nessa população. MÉTODOS: Estudo retrospectivo transversal envolvendo 135 lactentes menores de 2 anos (66 meninos e 69 meninas), com genótipos SS e SC (77/58), nascidos entre 2005 e 2006 em Minas Gerais. Os indicadores de uma possível deficiência de ferro foram: volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), saturação da transferrina (ST) e ferritina. Dezessete lactentes [12,6 por cento, intervalo de confiança de 95 por cento (IC95 por cento) 7,0-18,2 por cento] haviam recebido hemotransfusão antes da coleta dos exames. RESULTADOS: ST e ferritina estavam significativamente mais baixas nos lactentes com hemoglobina SC (p < 0,001). Quando dois indicadores foram utilizados para definir a deficiência de ferro (VCM ou HCM baixos mais ST ou ferritina baixas), 17,8 por cento das crianças (IC95 por cento 11,3-24,3 por cento) tinham deficiência de ferro, predominando naquelas com perfil SC (p = 0,003). Análise das crianças que não haviam sido transfundidas (n = 118) mostrou prevalência de ferropenia em 19,5 por cento. Constatou-se aumento de ferritina em 15 lactentes (11,3 por cento; IC95 por cento 5,9-16,7 por cento); a maioria havia sido transfundida. CONCLUSÕES: A maior parte dos lactentes com doença falciforme não desenvolve deficiência de ferro, mas alguns têm déficit significativo. Este estudo indica que lactentes com doença falciforme, principalmente aqueles com hemoglobinopatia SC, talvez possam receber ferro profilático; no entanto, a suplementação deve ser suspensa após a primeira hemotransfusão.
OBJECTIVE: To assess iron deficiency or overload in infants with sickle cell disease in order to support the decision to recommend (or not) iron prophylactic supplementation in this population. METHODS: Cross-sectional and retrospective study with 135 infants below 2 years old (66 boys and 69 girls), 77 with SS and 58 with SC hemoglobin, born between 2005 and 2006 in Minas Gerais, Brazil. Indicators of possible iron deficiency were: mean corpuscular volume (MCV), mean corpuscular hemoglobin (MCH), transferrin saturation (TS), and ferritin. Blood transfusions had been given to 17 infants (12.6 percent, 95 percent confidence interval [95 percentCI] 7.0-18.2 percent) before laboratory tests were done. RESULTS: Ferritin and TS were significantly lower in SC infants (p < 0.001). When two indices were considered for the definition of iron deficiency (low MCV or MCH plus low ferritin or TS), 17.8 percent of children (95 percentCI 11.3-24.3 percent) presented iron deficiency, mainly those with SC hemoglobin (p = 0.003). An analysis of infants who were not given transfusions (n = 118) showed that 19.5 percent presented iron deficiency. Fifteen infants (11.3 percent, 95 percentCI 5.9-16.7 percent) presented increased ferritin; the majority had been transfused. CONCLUSIONS: Most infants with sickle cell disease do not develop iron deficiency, though some have a significant deficit. This study indicates that infants with sickle cell disease, mainly those with SC hemoglobin, may receive prophylactic iron; however, supplementation should be withdrawn after the first blood transfusion.
Sujet(s)
Enfant d'âge préscolaire , Femelle , Humains , Nourrisson , Mâle , Anémie par carence en fer/épidémiologie , Drépanocytose/épidémiologie , Anémie par carence en fer/anatomopathologie , Anémie par carence en fer/prévention et contrôle , Drépanocytose/sang , Drépanocytose/classification , Marqueurs biologiques/sang , Transfusion sanguine/statistiques et données numériques , Brésil/épidémiologie , Méthodes épidémiologiques , Ferritines/sang , Transferrine/analyseRÉSUMÉ
The aim of this study was to evaluate the utility of western blot (WB) analysis as a diagnostic tool for congenital toxoplasmosis in 215 newborn infants. The children were submitted to clinical examinations to assess macular, neurological and hearing signals. The WB results obtained were compared to the persistence of IgG antibodies at the end of 12 months, which is regarded as the "gold standard" diagnosis of congenital toxoplasmosis. Association between the WB results and the clinical signs presented by the infants was also assessed. Of the 215 children, 177 had a confirmed congenital toxoplasmosis diagnosis and 38 were uninfected. IgG-WB showed a sensitivity of 73.5 percent and a specificity of 97.4 percent. IgM-WB showed a sensitivity of 54.8 percent and a specificity of 94.7 percent. The IgG-WB and IgM-WB combination increased the sensitivity to 86.5 percent. The IgM-WB-positive children had a 1.4-fold greater risk of presenting active macular lesions than did those that were IgM-WB-negative. This study showed that the WB assay is a useful tool to confirm a diagnosis of congenital toxoplasmosis and that the IgM-WB-positive results can indicate active macular lesions in newborn infants.
Sujet(s)
Humains , Nouveau-né , Anticorps antiprotozoaires/sang , Immunoglobuline G/sang , Immunoglobuline M/sang , Toxoplasma/immunologie , Toxoplasmose congénitale , Technique de Western , Test ELISA , Sang foetal/immunologie , Sang foetal , Dépistage néonatal , Sensibilité et spécificitéRÉSUMÉ
Objetivo: Apresentar um caso raro de toxoplasmose congênita de uma mãe imunocompetente com infecção crônica que teve reativação da doença ocular durante a gestação. Descrição: O recém-nascido estava assintomático no nascimento e foi identificado através de triagem neonatal (IgM anti-Toxoplasma gondii em sangue seco) entre outros 190 bebês com toxoplasmose congênita durante um período de 7 meses. Sua mãe tinha tido um episódio não tratado de reativação de retinocoroidite toxoplásmica durante a gestação, com títulos de IgG estáveis e resultados negativos para IgM. Os resultados de IgM e IgG no soro do recém-nascido e o teste de immunoblotting para IgG foram positivos, e detectou-se lesões retinocoroideanas ativas na periferia da retina. O recém-nascido foi tratado com sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. Aos 14 meses de vida, a criança permanecia assintomática, com regressão das lesões retinocoroideanas e persistência de IgG. Comentários: É possível que a triagem neonatal sistemática em áreas com alta prevalência de infecção possa identificar esses casos.
Objectives: To report a rare case of congenital toxoplasmosis from an immunocompetent mother with chronic infection who had reactivation of ocular disease during pregnancy. Descriptions:The newborn was asymptomatic at birth and identified by neonatal screening (IgM anti-Toxoplasma gondii in dried blood) among other 190 infants with congenital toxoplasmosis during a 7-month period. His mother had had a non-treated episode of reactivation of toxoplasmic retinochoroiditis during pregnancy, with stable IgG titers and negative IgM results. Results of IgM and IgG in the newborns serum, as well as IgG immunoblotting were positive and active retinochoroidal lesions were detected in his peripheral retina. The neonate was treated with sulfadiazine, pyrimethamine and folinic acid. At 14 months of life, the child remained asymptomatic, with regression of retinochoroidal lesions and persistence of IgG. Comments: It is possible that systematic neonatal screening in areas with high prevalence of infection may identify these cases.
Sujet(s)
Femelle , Humains , Nouveau-né , Grossesse , Choriorétinite/parasitologie , Transmission verticale de maladie infectieuse , Complications parasitaires de la grossesse , Toxoplasmose oculaire/transmission , Choriorétinite/congénital , Choriorétinite/immunologie , Dépistage néonatal/méthodes , Complications parasitaires de la grossesse/traitement médicamenteux , Complications parasitaires de la grossesse/immunologie , Récidive , Toxoplasmose oculaire/congénital , Toxoplasmose oculaire/immunologieRÉSUMÉ
The clinical and diagnostic aspects of cystic fibrosis have been extensively reviewed, with an emphasis on neonatal screening. This systematic literature review involved a search for relevant contributions in the PubMed and SciELO databases. The first references to cystic fibrosis date to the Middle Ages. Cystic fibrosis is the most frequent autosomal recessive hereditary disease among Caucasians (1:2,000 to 3,500). More than 1,000 mutations lead to the disease, the most common being "F508, with 70 percent prevalence among Canadian, Northern European, and American Caucasians and 23 to 55 percent prevalence among Brazilians. The basic defect is in chloride ion secretion. Cystic fibrosis screening has long been controversial, and after almost three decades, there are few nationwide programs (most are regional or local). However, the U.S. Centers for Disease Control and Prevention (CDC) has concluded that screening for cystic fibrosis is justified. The lack of a specific screening test and the ethnic heterogeneity of the Brazilian population pose challenges for neonatal screening.
Aspectos clínicos e diagnósticos da fibrose cística são revistos de modo abrangente, com ênfase na triagem neonatal. Esta revisão sistematizada da literatura envolveu busca de contribuições relevantes nos bancos de dados PubMed e SciELO. Referências sobre fibrose cística existem desde a Idade Média. É a doença hereditária autossômica recessiva mais freqüente em caucasianos (1:2.000 a 3.500). Mais de mil mutações levam à doença, a mais comum: "F508 (prevalência: 70 por cento em caucasianos canadenses, americanos e norte-europeus; de 23 a 55 por cento em brasileiros). O defeito básico ocorre na secreção do íon cloro. Sua triagem é assunto polêmico e apesar de estar disponível há quase três décadas, por meio de diferentes protocolos, poucos programas de abrangência nacional existem. Entretanto, o Centers for Disease Control and Prevention, dos Estados Unidos, afirma que o rastreamento neonatal para fibrose cística é justificado. A falta de um teste específico e a heterogeneidade étnica da população brasileira dificultam sua triagem neonatal.