RÉSUMÉ
Resumo: A contracepção é fundamental para que as mulheres possam regular sua fecundidade, exercendo uma das dimensões dos direitos reprodutivos. No entanto, desconhecemos como elas enfrentam esse desafio na maior cidade do Brasil, São Paulo. Para preencher essa lacuna, o inquérito populacional Ouvindo Mulheres: Contracepção no Município de São Paulo foi realizado junto a uma amostra probabilística de 4 mil mulheres com 15 a 44 anos de idade, residentes nessa cidade, em 2015. Neste artigo, apresenta-se a prevalência da prática contraceptiva, analisam-se os fatores associados ao não uso de contracepção e aos tipos de contraceptivos em uso. A prevalência da anticoncepção foi estimada para mulheres com, pelo menos, uma relação heterossexual nos 12 meses anteriores à entrevista e que não estavam grávidas. Regressão logística foi utilizada para verificar fatores associados ao não uso de contracepção, e o modelo CHAID, para identificar associações aos tipos de contraceptivo em uso. A prevalência da anticoncepção foi 84,8% (IC95%: 83,2-86,3). Os contraceptivos mais prevalentes foram pílula e preservativo masculino. Associaram-se ao não uso de anticoncepção, religião (Pentecostal), número de filhos (menos do que 3), não ter usado contraceptivo na primeira relação sexual, não ter parceiro e não ter tido relação sexual no mês anterior. O número de filhos tidos e a idade da mulher foram os dois primeiros níveis de discriminação dos tipos de contraceptivo utilizados. A prevalência da anticoncepção é alta, mas mantém-se a concentração em dois métodos: anteriormente, laqueadura e pílula, agora, pílula e preservativo masculino. É necessário incorporar novos contraceptivos hormonais no Sistema Único de Saúde (SUS) e promover o uso de métodos de longa duração como o DIU.
Abstract: Contraception is essential for women to be able to regulate their fertility, exercising a key dimension of reproductive rights. However, little is known about how women deal with this challenge in Brazil's largest city, São Paulo. To fill this gap, the population survey Ouvindo Mulheres: Contracepção no Município de São Paulo was conducted with a probabilistic sample of 4,000 women 15 to 44 years of age living in this city in 2015. This article presents the prevalence of contraceptive practice and analyzes factors associated with lack of contraception use and with types of contraceptives. Prevalence of contraception was estimated for women with at least one heterosexual relation in the 12 months prior to the interview and who were not pregnant. Logistic regression was used to verify factors associated with lack of contraception use, and the CHAID model was used to identify associations with the types of contraceptives used. Prevalence of contraception was 84.8% (95%CI: 83.2-86.3). The most prevalent contraceptives were the pill and condoms. Factors associated with lack of contraceptive use were religion (Pentecostal), number of children (fewer than 3), not having used contraceptives in the first sexual relation, not having a partner, and not having had sex in the previous month. Number of children and woman's age were the first two levels of discrimination of the types of contraceptives used. Prevalence of contraception was high, but maintaining a concentration in two methods: historically, female sterilization and the pill prevailed, nowadays, the pill and condoms do. New hormonal contraceptives should be incorporated by the Brazilian Unified National Health System (SUS), besides promoting the use of long-acting methods such as IUDs.
Resumen: La contracepción es fundamental para que las mujeres puedan regular su fecundidad, ejerciendo una de las dimensiones de sus derechos reproductivos. No obstante, desconocemos cómo enfrentan este desafío en la mayor ciudad de Brasil, São Paulo. Para resolver esta cuestión, se realizó la encuesta poblacional Ouvindo Mulheres: Contracepção no Município de São Paulo, mediante una muestra probabilística de 4 mil mujeres de 15 a 44 años de edad, residentes en esa ciudad en 2015. En este artículo se presenta la prevalencia de la práctica contraceptiva, se analizan los factores asociados con el no uso de métodos anticonceptivos, así como los tipos de contraceptivos en uso. La prevalencia de la anticoncepción se estimó en mujeres con por lo menos una relación heterosexual, en los 12 meses anteriores a la entrevista, y que no estaban embarazadas. Se utilizó la regresión logística para verificar factores asociados al no uso de contracepción y el modelo CHAID para identificar asociaciones respecto a los tipos de contraceptivo en uso. La prevalencia de la anticoncepción fue 84,8% (IC95%: 83,2-86,3). Los contraceptivos más prevalentes fueron la píldora y el condón. Se asociaron al no uso de anticonceptivos: religión (Pentecostal), número de hijos (menos de 3), no haber usado contraceptivo en la primera relación sexual, no tener pareja y no haber tenido relaciones sexuales durante el mes anterior. El número de hijos y la edad de la mujer fueron los dos primeros niveles de discriminación de los tipos de contraceptivo utilizados. La prevalencia de la anticoncepción es alta, pero se mantiene la concentración en dos métodos: anteriormente, ligadura y píldora, ahora, píldora y condón. Es necesario incorporar nuevos contraceptivos hormonales en el Sistema Único de Salud (SUS), así como promover el uso de métodos de larga duración como el DIU.
Sujet(s)
Humains , Femelle , Grossesse , Enfant , Contraception , Contraceptifs , Stérilisation contraceptive , Brésil , Comportement contraceptifRÉSUMÉ
A contracepção é fundamental para que as mulheres possam regular sua fecundidade, exercendo uma das dimensões dos direitos reprodutivos. No entanto, desconhecemos como elas enfrentam esse desafio na maior cidade do Brasil, São Paulo. Para preencher essa lacuna, o inquérito populacional Ouvindo Mulheres: Contracepção no Município de São Paulo foi realizado junto a uma amostra probabilística de 4 mil mulheres com 15 a 44 anos de idade, residentes nessa cidade, em 2015. Neste artigo, apresenta-se a prevalência da prática contraceptiva, analisam-se os fatores associados ao não uso de contracepção e aos tipos de contraceptivos em uso. A prevalência da anticoncepção foi estimada para mulheres com, pelo menos, uma relação heterossexual nos 12 meses anteriores à entrevista e que não estavam grávidas. Regressão logística foi utilizada para verificar fatores associados ao não uso de contracepção, e o modelo CHAID, para identificar associações aos tipos de contraceptivo em uso. A prevalência da anticoncepção foi 84,8% (IC95%: 83,2-86,3). Os contraceptivos mais prevalentes foram pílula e preservativo masculino. Associaram- -se ao não uso de anticoncepção, religião (Pentecostal), número de filhos (menos do que 3), não ter usado contraceptivo na primeira relação sexual, não ter parceiro e não ter tido relação sexual no mês anterior. O número de filhos tidos e a idade da mulher foram os dois primeiros níveis de discriminação dos tipos de contraceptivo utilizados. A prevalência da anticoncepção é alta, mas mantém-se a concentração em dois métodos: anteriormente, laqueadura e pílula, agora, pílula e preservativo masculino. É necessário incorporar novos contraceptivos hormonais no Sistema Único de Saúde (SUS) e promover o uso de métodos de longa duração como o DIU.
Sujet(s)
Démographie , Contraception , Droits procréatifsRÉSUMÉ
Introdução: Entender as disparidades raciais no Brasil tem sido algo bastante complexo e pouco investigado em alguns segmentos populacionais, como na população idosa. Objetivo: Objetivou-se apresentar de forma descritiva uma análise comparativa, numa perspectiva racial, do perfil sociodemográfico, das condições de saúde e de uso de serviços de saúde dos idosos da cidade de São Paulo, SP. Métodos: Trata-se de uma análise transversal do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE). Para o presente trabalho, foram considerados 1.345 idosos da coorte de 2010. Selecionaram-se os dados referentes aos idosos de cor preta, parda e branca. Abordaram-se os dados em três eixos essenciais: sociodemográficos, condições de saúde e uso e acesso a serviços de saúde. A medida epidemiológica de associação escolhida foi a razão de prevalência (RP), para expressar as diferenças entre os grupos. Resultados e conclusão: Os resultados evidenciaram um cenário mais favorável para o envelhecimento dos idosos de cor branca em comparação com aqueles de cor parda ou preta, no tocante aos indicadores sociodemográficos, às condições de saúde ou de uso e ao acesso a serviços de saúde.
Sujet(s)
Disparités de l'état de santé , Facteurs socioéconomiques , Racisme , Vieillissement , Santé des Minorités EthniquesRÉSUMÉ
Iniciativas para ampliar o acesso a contraceptivos ocorreram no Brasil na última década. No entanto, o último estudo de base populacional sobre anticoncepção foi realizado em 2006. Um inquérito domiciliar investigou a prática contraceptiva de mulheres com 15 a 44 anos, residentes no Município de São Paulo em 2015. Para o presente trabalho, foram selecionados os dados relativos às jovens com idade entre 15 e 19 anos. Foram objetivos: identificar a prevalência da anticoncepção, os contraceptivos adotados, suas fontes de obtenção e os diferenciais no uso da contracepção. As jovens integram a amostra probabilística do estudo. Diferenciais do uso de contracepção foram avaliados por meio de regressão logística múltipla. Foram entrevistadas 633 jovens, das quais, 310 (48,5%) haviam iniciado atividade sexual. Dessas, 60% relataram uso de contracepção de emergência pelo menos uma vez na vida. Esse uso foi diretamente proporcional à idade e ao número de parceiros na vida. A prevalência da anticoncepção foi de 81%. A chance de estar usando contraceptivo foi maior entre as residentes na região de saúde com melhor desenvolvimento social, as católicas, as que tiveram relação sexual nos últimos 30 dias e as que realizaram consulta ginecológica no último ano. Foi inversamente proporcional ao número de parceiros na vida. Preservativo masculino e pílula foram os métodos mais frequentes (28,2% e 23%). A maioria das mulheres comprou o contraceptivo na rede comercial de farmácias (75,2%), o Sistema Único de Saúde (SUS) foi fonte significativa apenas para a obtenção do anticoncepcional hormonal injetável. O apoio do Estado ao exercício dos direitos sexuais e reprodutivos segue insuficiente.
En la última década hubo en Brasil iniciativas para ampliar el acceso a anticonceptivos. No obstante, el último estudio de base poblacional sobre anticoncepción se realizó en 2006. Una encuesta domiciliaria investigó la práctica contraceptiva de mujeres de 15 a 44 años, residentes en el municipio de São Paulo en 2015. Para el presente estudio, se seleccionaron los datos relativos a las jóvenes con edad entre 15 y 19 años. Los objetivos fueron: identificar la prevalencia de la anticoncepción, los métodos anticonceptivos adoptados, sus fuentes de obtención y los diferenciales en el uso de métodos anticonceptivos. Las jóvenes integran la muestra probabilística del estudio. Los diferenciales del uso de métodos anticonceptivos fueron evaluados mediante regresión logística múltiple. Se entrevistaron a 633 jóvenes, de las cuales 310 (48,5%) habían comenzado su actividad sexual. De éstas, un 60% informaron el uso de métodos anticonceptivos de emergencia por lo menos una vez en la vida. Este uso fue directamente proporcional a la edad y al número de parejas en su vida. La prevalencia de métodos anticonceptivos fue de un 81%. La oportunidad de estar usando algún método anticonceptivo fue mayor entre las residentes en la región de salud con un mejor desarrollo social, las católicas, las que tuvieron relaciones sexuales en los últimos 30 días y las que fueron a una consulta ginecológica durante el último año. Fue inversamente proporcional al número de parejas en su vida. El preservativo masculino y la píldora fueron los métodos más frecuentes (28,2% y 23% respectivamente). La mayoría de las mujeres compró el contraceptivo en la red comercial de farmacias (75,2%), el Sistema Único de Salud (SUS) fue una fuente significativa solamente para la obtención del anticonceptivo hormonal inyectable. El apoyo del Estado al ejercicio de los derechos sexuales y reproductivos sigue siendo insuficiente.
The last decade has witnessed initiatives to expand access to contraceptives in Brazil. However, the last population-based study on contraception was undertaken in 2006. A household survey in 2015 investigated contraceptive practices in women 15 to 44 years of age living in the city of São Paulo. The current study selected data on young women 15 to 19 years of age. The objectives were to identify the prevalence of contraception, the contraceptives used, sources, and differences in contraceptive practices. The young women are part of a probabilistic study sample. Differences in contraception use were compared by multiple logistic regression analysis. A total of 633 young women were interviewed, of whom 310 (48.5%) were sexually initiated. Of these, 60% reported emergency contraception use at least once in their lives. Emergency contraception use was directly proportional to age and lifetime number of partners. Prevalence of contraception was 81%. The odds of current contraception use were higher among young women residing in the health district of the city with the better social conditions, Catholics, those who reported sexual relations in the previous 30 days, and those with history of an obstetrics and gynaecology visit in the previous year, and inversely proportional to the lifetime number of sex partners. Male condoms and the pill were the most common methods (28.2% and 23%). Most of the women purchased their contraceptives in retail pharmacies (75.2%), and the Brazilian Unified National Health System (SUS) was only a significant source for injectable hormonal contraceptives. Government support for women's sexual and reproductive rights is still insufficient.
Sujet(s)
Humains , Femelle , Adolescent , Adulte , Jeune adulte , Préservatifs masculins/statistiques et données numériques , Contraception/méthodes , Contraceptifs/administration et posologie , Comportement sexuel , Facteurs socioéconomiques , Population urbaine , Brésil , Caractéristiques de l'habitat , Connaissances, attitudes et pratiques en santé , Contraception/statistiques et données numériques , Contraceptifs/classification , Recherche qualitative , Santé reproductiveRÉSUMÉ
RESUMO: Introdução: Entender as disparidades raciais no Brasil tem sido algo bastante complexo e pouco investigado em alguns segmentos populacionais, como na população idosa. Objetivo: Objetivou-se apresentar de forma descritiva uma análise comparativa, numa perspectiva racial, do perfil sociodemográfico, das condições de saúde e de uso de serviços de saúde dos idosos da cidade de São Paulo, SP. Métodos: Trata-se de uma análise transversal do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE). Para o presente trabalho, foram considerados 1.345 idosos da coorte de 2010. Selecionaram-se os dados referentes aos idosos de cor preta, parda e branca. Abordaram-se os dados em três eixos essenciais: sociodemográficos, condições de saúde e uso e acesso a serviços de saúde. A medida epidemiológica de associação escolhida foi a razão de prevalência (RP), para expressar as diferenças entre os grupos. Resultados e conclusão: Os resultados evidenciaram um cenário mais favorável para o envelhecimento dos idosos de cor branca em comparação com aqueles de cor parda ou preta, no tocante aos indicadores sociodemográficos, às condições de saúde ou de uso e ao acesso a serviços de saúde.
ABSTRACT: Introduction: Understanding racial disparities in Brazil has been very complex and poorly investigated in some population segments, such as the elderly individuals. Objective: This study aimed to present descriptively a comparative analysis in a racial perspective of sociodemographic profile, health conditions, and health service use by older people in the city of São Paulo. Methods: This is a cross-sectional analysis of the Health, Welfare and Aging Study (SABE). For this study, 1,345 elderly individuals were considered in the cohort of 2010. Data about the black, brown, and white elders were selected. The data were addressed in three major axes: sociodemographic, health conditions, and health service use. The chosen epidemiological measure of association was the prevalence ratio (PR), as well as the percentage values for expressing differences among the groups. Results and conclusion: The results showed a more favorable scenario for the aging of the white elderly compared to those of brown or black color, considering sociodemographic indicators, health conditions or use and access to health services.
Sujet(s)
Humains , Mâle , Femelle , Sujet âgé , Sujet âgé de 80 ans ou plus , Vieillissement/ethnologie , Disparités de l'état de santé , Services de santé pour personnes âgées/statistiques et données numériques , Religion , Facteurs socioéconomiques , Brésil/ethnologie , Comportement en matière de santé/ethnologie , Évaluation gériatrique , Études transversales , Enquêtes de santé , Répartition par sexe , Répartition par âge , 38410 , Accessibilité des services de santé/statistiques et données numériques , Adulte d'âge moyenRÉSUMÉ
Nas primeiras décadas dos anos 2000, o movimento negro recoloca o tema na arena pública, denunciando a racialização presente nos índices de mortalidade materna, por armas de fogo, especialmente aquelas perpetradas pelo Estado-, por aids, tuberculose, etc....(AU)
Sujet(s)
Humains , Racisme , Génocide , Identité de genreRÉSUMÉ
Iniciativas para ampliar o acesso a contraceptivos ocorreram no Brasil na última década. No entanto, o último estudo de base populacional sobre anticoncepção foi realizado em 2006. Um inquérito domiciliar investigou a prática contraceptiva de mulheres com 15 a 44 anos, residentes no Município de São Paulo em 2015. Para o presente trabalho, foram selecionados os dados relativos às jovens com idade entre 15 e 19 anos. Foram objetivos: identificar a prevalência da anticoncepção, os contraceptivos adotados, suas fontes de obtenção e os diferenciais no uso da contracepção. As jovens integram a amostra probabilística do estudo. Diferenciais do uso de contracepção foram avaliados por meio de regressão logística múltipla. Foram entrevistadas 633 jovens, das quais, 310 (48,5%) haviam iniciado atividade sexual. Dessas, 60% relataram uso de contracepção de emergência pelo menos uma vez na vida. Esse uso foi diretamente proporcional à idade e ao número de parceiros na vida. A prevalência da anticoncepção foi de 81%. A chance de estar usando contraceptivo foi maior entre as residentes na região de saúde com melhor desenvolvimento social, as católicas, as que tiveram relação sexual nos últimos 30 dias e as que realizaram consulta ginecológica no último ano. Foi inversamente proporcional ao número de parceiros na vida. Preservativo masculino e pílula foram os métodos mais frequentes (28,2% e 23%). A maioria das mulheres comprou o contraceptivo na rede comercial de farmácias (75,2%), o Sistema Único de Saúde (SUS) foi fonte significativa apenas para a obtenção do anticoncepcional hormonal injetável. O apoio do Estado ao exercício dos direitos sexuais e reprodutivos segue insuficiente.
Sujet(s)
Contraception , Contraceptifs , AdolescentRÉSUMÉ
Resumo Há no Brasil poucos estudos que considerem a cor como um possível fator de aumento de vulnerabilidade à perda da saúde, que analisem a morbidade levando em consideração a cor/raça das pessoas, especialmente os que abordam a saúde reprodutiva. Estudos realizados nos últimos anos evidenciaram diferenças importantes entre as taxas de mortalidade materna de mulheres de cor branca, parda e preta. Supõe-se que essas diferenças sejam decorrentes de falta de acesso a serviços de saúde e/ou da pior qualidade da assistência prestada amulheres negras. Há poucos estudos que analisam como se dá o atendimento pré-natal e ao parto considerando a cor das mulheres, especialmente em pequenos municípios, em regiões mais carentes do país. Este estudo objetiva descrever como ocorre a assistência ao ciclo gravídico puerperal de mulheres negras residentes no município de Icatu, no Maranhão. Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória desenvolvida com puérperas que tiveram parto no Hospital Municipal da cidade. Foram entrevistadas 26 mulheres negras que aceitaram participar da pesquisa. A idade variou de 10 a 39 anos, com 50% de 20 a 24 anos. A maioria estava em união estável, 46,2% iniciaram a vida sexual antes de 15 anos, e 53,8%, entre 16 e 20 anos. Constatou-se que a maioria iniciou o pré-natal no primeiro trimestre e teve seis consultas ou mais durante o acompanhamento. Todas as mulheres de cor preta e a maioria das de cor parda tiveram anemia ferropriva no período gestacional. Elas gostariam de ser escutadas na hora do parto e de receberem mais atenção, com maior acolhimento.
Abstract In Brazil, there is a limited number of studies that consider color as a possible factor of increased vulnerability of health losing and analyze morbidity regarding the color/race of the people, especially those that address reproductive health. Studies conducted in recent years have highlighted important differences between the rates of maternal mortality in white, mulatto and black women. These differences are likely a result of the lack of access to health and/or poorer quality of care services provided for black women. There are few studies that analyze prenatal care and childbirth considering the color of women, especially in small municipalities in the poorest regions of the country. This study aims to describe the assistance in puerperal cycle of pregnancy of black women residing in the city of Icatu, Maranhão. This is an exploratory and descriptive study developed with black women who gave birth at the city's hospital. Twenty-six women who agreed to participate in the research were interviewed. Their age ranged from 10 to 39 years, with 50% with 20-24 years. Most women were in a stable relationship, 46.2% reported sexual initiation before 15 years and 53.8% between 16 and 20 years. We found that the majority began prenatal care in the first quarter of pregnancy period and had six or more visits during its course. All the black women and most of the mulatto women had iron deficiency anemia during pregnancy. They would like to receive a more proper, caring and welcoming treatment in childbirth.
Sujet(s)
Humains , Femelle , Grossesse , Prise en charge prénatale , Grossesse , Santé des femmes , Équité en santé , 38410 , Santé reproductive , Services de santé , Profession de sage-femme , Qualité des soins de santé , Morbidité , Anémie par carence en fer , Vulnérabilité en Santé , RacismeRÉSUMÉ
Resumo O artigo relata a proposta de ação/intervenção "Humanização do parto e nascimento: questões étnico/racial e de gênero", desenvolvida no Hospital Geral de São Mateus Dr. Manoel Bifulco em São Paulo (SP), que objetivou sensibilizar a equipe do hospital para a mortalidade materna de mulheres negras. Foram utilizados como fontes documentais relatórios de gestão, convênio estabelecido, relatórios de ordenamento de despesas e o livro Nascer com equidade. São descritas as sete etapas desenvolvidas: sensibilização e negociação na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP); negociação com o Ministério da Saúde; sensibilização e pactuação com o serviço de saúde; diagnóstico da situação; sensibilização dos profissionais para as questões de gênero e raça/cor, com a introdução do quesito "cor" nos sistemas de informação; formação dos profissionais do hospital; e formação do movimento social. O projeto teve como resultados a inclusão do quesito "cor" na Autorização de Internação Hospitalar; a sensibilização da equipe para as especificidades da saúde da mulher negra; e a mudança de percepção da equipe em relação à presença do pai na hora do nascimento, gerando a campanha "Pai não é visita". O projeto foi efetivo na abordagem de temas complexos.
Abstract The study reports the project "Humanização do parto e nascimento: questões étnico/racial e de gênero" [Humanization of childbirth care: ethnic/race and gender issues], an action/intervention research developed in the Hospital Geral de São Mateus Dr. Manoel Bifulco, in São Paulo (SP), Brazil. The objective was to sensitize the hospital team about maternal mortality among black women and discuss the impact of racism in health care. The following documents were used as documental sources: management reports, established partnerships, official letters, expenditure reports and the book Nascer com Equidade [Born with equity]. The project's seven stages were: sensitization and negotiation within the Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) [State Secretariat of Health of São Paulo]; sensitization and negotiation with the Brazilian Ministry of Health; sensitization and establishment of an agreement with the health service; diagnosis of the situation in the hospital; sensitizing the professionals towards gender and race issues, introducing the race data collection in the forms of the hospital's data bank; training hospital staff; forming social movements within the neighborhood. The project's results were: the collection of data on race became routine, and prompted the Ministry of Health to adopt this information request in all its forms; professionals were trained in women's health care and sensitized to the specificities of the black population; and there were changes in how the health care team perceives the presence of the father at birth, creating the campaign "Fathers are not visitors". The project was effective in broaching those complex issues and it may be replicated elsewhere.
Sujet(s)
Humains , Mâle , Femelle , Droit à la santé , Santé des femmes , 38410 , Prestations des soins de santé , Disparités de l'état de santé , Humanisation de l'Assistance , Santé reproductive , Racisme , Profession de sage-femme , Mortalité maternelle , Politique de santé , Participation socialeRÉSUMÉ
Resumo Historicamente, no Brasil, os indicadores de saúde de mães e bebês segundo cor da pele mostram quadro desfavorável às negras (pretas e pardas). Na última década, a redução das disparidades de renda e escolaridade, assim como a universalização da assistência à saúde, podem ter alterado esse quadro, em alguma medida. O objetivo deste artigo foi analisar as mudanças nas desigualdades sociodemográficas e na assistência à maternidade no Sudeste do Brasil, segundo raça/cor, na última década. Utilizamos dados do inquérito nacional Nascer no Brasil (2011-2012). Análise estatística descritiva foi realizada para a caracterização sociodemográfica, do acesso à assistência pré-natal, antecedentes clínicos e obstétricos, e características da assistência ao parto. Encontramos diferenças desfavoráveis às pretas e pardas quanto à escolaridade, renda e ao trabalho remunerado; as brancas tinham mais planos de saúde privados e maior idade. As pretas e pardas tiveram menor número de consultas, menos ultrassonografias, mais cuidado pré-natal considerado inadequado, maior paridade e mais síndromes hipertensivas. No parto, tiveram menos acompanhantes, mais partos vaginais, embora a cesárea tenha dobrado entre as negras, que com mais frequência entraram em trabalho de parto e tiveram filhos nascidos de termo pleno. Não houve diferença estatisticamente significativa quanto à situação conjugal, intercorrências da gestação, diabetes mellitus, anemias, sífilis, HIV, peregrinação para o parto, near miss materno ou neonatal e na maioria das intervenções no parto vaginal. Ainda que importantes disparidades persistam, houve alguma redução das diferenças sociodemográficas e um aumento do acesso, tanto a intervenções adequadas quanto às desnecessárias e potencialmente danosas.
Abstract Historically, in Brazil, the health indicators of mothers and babies by skin color show an unfavorable picture to black and brown-skinned women. In the last decade, the reduction of disparities in income and education, as well as the universalization of health care, may have altered this situation to some extent. The objective of this study was to analyze the changes in socio-demographic inequalities and maternity care in Southeastern Brazil, by race/color, in the last decade. We used data from the national survey Born in Brazil (2011-2012). Descriptive statistical analysis was performed in order to define socio-demographic characteristics, access to antenatal care, clinical and obstetric history, and characteristics of birth assistance. We found differences unfavorable to black and brown-skinned women in education, income, and paid work; white women had more private health insurance plans, and increased age. Black and brown women had fewer medical appointments, fewer ultrasounds, more antenatal care considered inadequate, higher parity, and more hypertensive disorders. In childbirth, they had fewer companions and more vaginal deliveries, although the cesarean rate has grown twice as high among black women. More often they went into labor and had children born full term. There was no statistically significant difference in marital status, pregnancy complications, diabetes mellitus, anemia, syphilis, HIV, pilgrimage to delivery, neonatal or maternal near miss, and most of the interventions in vaginal delivery. Although major disparities persist, there was some reduction in sociodemographic differences as well as increased access to both appropriate and unnecessary and potentially harmful interventions.
Sujet(s)
Humains , Femelle , Grossesse , Qualité des soins de santé , Facteurs socioéconomiques , Ethnies , Santé Maternoinfantile , Santé des femmes , Soins périnatals , Équité en santé , Profession de sage-femme , Prise en charge prénatale , Régimes d'assurance avec prépaiement des soins de santé , Personnel de santé , 38410 , Santé reproductive , RacismeRÉSUMÉ
O artigo discute o uso de preservativos femininos por 713 usuárias de sete serviços especializados de atenção às DSTs/Aids da Grande São Paulo incluídas em um estudo longitudinal de avaliação da continuidade de seu uso. A maior descontinuidade ocorreu no primeiro mês; do total, 335 (47,0%) mulheres não voltaram para o primeiro seguimento. Ao final dos 12 meses de observação, 23 (3,37%) mulheres estavam em uso contínuo do preservativo feminino. Considerando as que voltaram para seguimento, o tempo médio de uso contínuo do preservativo feminino foi de 4,6 meses e a mediana de 3,4 meses. A análise do tempo de uso pelo Método de Kaplan Meier mostrou haver associação estatísticamente significante com o estado sorológico para o HIV(p=0,02). As mulheres com sorológico positivo aderiram por mais tempo ao método do que as soronegativas que são parceiras de homens vivendo com o HIV. A opinião dos parceiros foi decisiva para a interrupção e para a manutenção do uso do preservativo feminino, indicando que o casal e a intersubjetividade no contexto das relações de gênero, e não apenas a informação da mulher sobre o uso do método, deve ser o foco da promoção do preservativo. Muitas mulheres que usaram o insumo e interromperam são mulheres soropositivas e parceiras de soropositivos e pretendem voltar a usá-lo. Os serviços devem ampliar o escopo da suas orientações sobre o preservativo e repensar sua atuação junto às parceiras soronegativas e aos homens.
The article discusses the use of the female condom by 713 clients of seven service centers specialized in STDs/AIDS in Greater São Paulo, which were part of a longitudinal study about the continuity of its use. The highest level of discontinuity occurred in the first month: of the initial sample, 335 (47.0%) women were lost to follow up. After 12 months of observation, 23 (3.37%) women reported continuous use of the female condom. Among those who were retained in the study, the mean use of the female condom was 4.6 months and the median was 3.4 months. The analysis of time of use of the female condom conducted using the Kaplan Meier Method showed a statistically significant association with HIV serostatus (p=.02). Women who were HIV positive adhered for a longer period of time to this method of prevention than HIV negative women in sexual relationships with men living with HIV. The decision of the sexual partner was a deciding factor for the interruption and for the maintenance of female condom use, indicating that the dyadic dynamic and intersubjectivity in the context of gendered relations, and not merely the knowledge of the method by the woman, should be the focus of promoting the female condom. Many women began to use the female condom and interrupted its use were seropositive and partners of seropositive partners and intended to begin using it again. Health services should broaden their scope in relation to the female condom, as well as rethink their engagement with the seronegative women and men.
El artículo aborda el uso del condón femenino por 713clientes de siete centros de servicios especializados en ETS/SIDA en el Gran São Paulo, que eran parte de un estudio longitudinal sobre la continuidad de su uso. El nivel más alto de la discontinuidad se produjo en el primero mes, de la muestra inicial, 335(47,0%) mujeres se perdieron durante el seguimiento. Después de 12 meses de observación, 23(3,37%) mujeres reportaron el uso continuo del preservativo femenino. Entre los que fueron retenidos en el estudio, la media de uso del preservativo femenino fue de 4,6 meses y la mediana fue de 3,4meses. El análisis del tiempo de uso del preservativo femenino realizada mediante el método de Kaplan Meier mostró una asociación estadísticamente significativa con el estado serológico del VIH (p=.02). Las mujeres que eran VIH positivas se adhirieron durante un período de tiempo más largo para este método de prevención que las mujeres VIH negativas que tenían relaciones sexuales con los hombres que viven con el VIH. La decisión de la pareja sexual fue un factor decisivo para la interrupción y para el mantenimiento del uso del preservativo femenino, lo que indica que la dinámica diádica y la intersubjetividad en el contexto de las relaciones de género, y no sólo el conocimiento del método por el que la mujer, deben ser el enfoque de promover el preservativo femenino. Muchas mujeres que comenzaron a usar el preservativo femenino e que interrumpieron su uso eran seropositivos y parejas de compañeros seropositivos pero tenían la intención de comenzar a utilizarlo de nuevo. Los servicios de salud deben ampliar su alcance en relación con los preservativos femeninos, así como repensar su compromiso con las mujeres y los hombres seronegativos.
Sujet(s)
Mâle , Humains , Prestations des soins de santé , Masculinité , Santé masculine , MortalitéSujet(s)
Mâle , Femelle , Humains , Accessibilité des services de santé , Disparités de l'état de santé , Politique publique , PrejugéSujet(s)
Humains , Femelle , Grossesse , 38410 , Accouchement (procédure) , Santé des Minorités Ethniques , Accouchement HumaniséRÉSUMÉ
Um dos maiores desafios na gestão de um sistema amplo como o SUS é promover a equidade em saúde entre os diferentes segmentos sociais.
Sujet(s)
Humains , Femelle , Grossesse , Nouveau-né , Équité en santé , Grossesse , Humanisation de l'Assistance , Santé des Minorités Ethniques , Politique de santé , Accouchement Humanisé , Accouchement naturelSujet(s)
Humains , Mâle , Femelle , Grossesse , Nouveau-né , Équité , 1766 , Santé des Minorités Ethniques , Accouchement Humanisé , Accouchement (procédure) , Mortalité infantileRÉSUMÉ
São apresentados aspectos da experiência do projeto de intervenção educativa voltado à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e da síndrome de imunodeficiência adquirida (DST/Aids) realizado com profissionais de farmácias e drogarias da área metropolitana de São Paulo. Discute-se a aquisição de contracepção de emergência como importante motivo de procura de farmácias e drogarias e seu uso como fonte de dúvidas para os profissionais. Concluiu-se que a intervenção educativa, realizada pelos profissionais nos estabelecimentos farmacêuticos, contribui na prevenção de DST/Aids, visto que o balcão de farmácia é meio frequentemente utilizado pela população na busca por orientação e indicação de produtos farmacêuticos, além de informações sobre saúde. Pode-se afirmar que é possível e indispensável a incorporação dessa estratégia educativa na prevenção de DST/Aids por estabelecimentos farmacêuticos, em situações cotidianas de risco ou preocupação com doenças presumíveis e com a gravidez por meio de proposição de condutas eficazes de saúde para a população. Extraíram-se lições sobre a experiência quanto à importância de ações de educação para jovens e para profissionais de farmácias em que se enfatizem os direitos sexuais e reprodutivos e a promoção do uso racional de fármacos.
The present study discusses results of an educational intervention project directed at preventing sexually transmitted diseases and the acquired immunodeficiency syndrome (STD/Aids), carried out with professionals from pharmacies in the metropolitan area of São Paulo (Brazil). The acquisition of emergency contraception was found to be an important reason for seeking help from pharmacies as well as a source of doubts for the professionals. Educational intervention carried out by the professionals at pharmaceutical establishments contributes toward the prevention of STD/Aids, as the population often uses the pharmacy as a source of orientation and indication of pharmaceutical products, as well as a source of health information. The incorporation of this educational strategy in pharmaceutical establishments is indispensable to the prevention of STD/Aids in daily situations of risk or concern for disease and pregnancy, through the proposal of effective health conducts for the population. Lessons were extracted from the experience regarding the importance of educational actions for youths and pharmacy professionals, and emphasis is given to sexual and reproductive rights and to the promotion of the rational use of drugs.
Sujet(s)
Humains , Adulte , Pharmacies , Services pharmaceutiques , Maladies sexuellement transmissibles/prévention et contrôle , Connaissances, attitudes et pratiques en santé , Éducation pour la santé , Syndrome d'immunodéficience acquise/prévention et contrôle , Contraception post-coïtale , Formation Professionnelle , Santé reproductiveRÉSUMÉ
O perfil da epidemia da Aids vem exigindo alternativas que, além de prevenir a entrada do HIV, facilitem a negociação de uso com o parceiro e possibilitem dupla proteção - contra as infecções transmitidas sexualmente, inclusive a Aids, e contra a gravidez não desejada - como o preservativo feminino. O objetivo do presente estudo foi verificar se a alta aceitabilidade inicial do preservativo feminino, descrita em outros estudos, é mantida na rotina de atendimento às diferentes populações vulneráveis. Foram monitorados durante 12 meses 16 serviços do Sistema Único de Saúde da Grande São Paulo (7 serviços especializados em atendimento às doenças sexualmente transmissíveis, 6 unidades básicas de saúde e 3 projetos comunitários). Foram incluídas no estudo 2.469 mulheres, das quais 713 em serviços de atenção especializada às DST/Aids, 1.417 em unidades básicas e 339 em projetos comunitários. A análise da continuidade de uso foi realizada por tábua de sobrevida Kaplan-Meier, teste log-rank e modelo de regressão de Cox, com intervalo de confiança de 95 por cento (IC=95 por cento). Observou-se que, ao final do seguimento, estavam em uso contínuo do preservativo feminino 14,4 por cento das mulheres (355). O tempo médio de uso foi de 3,55 meses (IC 95 por cento: 3,37- 3,73). Os resultados evidenciaram que o tipo de serviço de dispensação do insumo e a frequência mensal de relações sexuais interferiram na continuidade de uso de forma estatisticamente significante. O número de mulheres que iniciaram o uso do preservativo feminino nos diferentes tipos de serviços mostrou que há uma demanda para alternativas de prevenção, e que é fundamental a criação de espaços onde elas possam ter acesso adequado a orientações e aos insumos.
The new profile of the AIDS epidemic necessarily includes the implementation of alternatives which go beyond HIV prevention, meaning sexual partner negotiation and double protection: against STD (including AIDS) and unplanned pregnancy - the female condom (FC) as a possible alternative. The objective of this study was to assess continuity of the high initial acceptability of FC described in different studies. Vulnerable groups were monitored for 12 months: 16 public services of the São Paulo metropolitan area (7 specialized in STD/AIDS; 6 primary care units and 3 community projects). 2,469 women were enrolled, 713 from STD/AIDS services, 1,417 from primary care units and 339 from community projects. Kaplan-Meier, log-rank and the Cox regression model were used to analyze survival curves, CI=95 percent. At the end of follow-up, 355 (14.4 percent) women were using female condom continuously. The mean period of use of all participants was 3.55 months (CI 95 percent: 3.37- 3.73). Results showed type of service providing the device and frequency of sexual intercourse as factors statistically significant related to continuity of use. The high number of women accepting the use of female condom in different services showed an important demand for the device, the need to provide appropriate access to orientation and of making female condom continuously available.