RÉSUMÉ
Resumo Este estudo estimou a proporção de puérperas que não planejaram a gravidez, avaliou tendência e identificou fatores associados à sua ocorrência no município de Rio Grande-RS. Entre 01/01 e 31/12 de 2007, 2010, 2013, 2016 e 2019 entrevistadoras treinadas aplicaram questionário único e padronizado a todas as puérperas residentes neste município. Utilizou-se teste qui-quadrado para comparar proporções e regressão de Poisson com ajuste da variância robusta na análise multivariável. A medida de efeito utilizada foi razão de prevalências (RP). O estudo incluiu 12.415 puérperas (98% do total). A prevalência de não planejamento foi 63,3% (IC95%: 62,5%-64,1%). Após ajuste, as maiores RP para não planejamento da gravidez foram observadas entre mulheres de menor idade, cor da pele preta, com companheiro, maior aglomeração domiciliar, pior escolaridade e renda familiar, maior paridade e tabagistas. Houve pequeno aumento na prevalência de não planejamento da gravidez no final do período principalmente entre àquelas com maiores riscos de eventos desfavoráveis na gestação e parto. Alcançar estas mulheres nas escolas de ensino médio, empresas, serviços e profissionais de saúde, além de meios de comunicação de massa, pode auxiliar na prevenção desse tipo de gravidez.
Abstract The study aims to estimate the proportion of puerperae with an unplanned pregnancy, evaluate trends and identify factors associated with its occurrence in Rio Grande-RS, Brazil. Trained interviewers applied a single, standardized questionnaire to all puerperae residing in the municipality in 2007, 2010, 2013, 2016 and 2019. The chi-square test compared proportions and the Poisson regression with robust variance adjustment in the multivariate analysis. The prevalence ratio (PR) was the effect measure employed. The study includes 12,415 puerperae (98% of the total). The unplanned pregnancy rate was 63.3% (95%CI: 62.5%-64.1%). After adjusting, the highest PR for not planning pregnancy were observed among younger, black women, living without a partner, with more significant household agglomeration, lower schooling, and household income, multiparous and smokers. The rate of unplanned pregnancy is high and stable, with a higher propensity among women those with the highest risk of unfavorable events during pregnancy and childbirth. Reaching these women in high schools, companies, services and health professionals, in addition to the mass media, can be strategies to prevent unplanned pregnancy.
RÉSUMÉ
ABSTRACT Objective: To estimate prevalence, assess trends and identify factors associated with non-performance of Pap smears among postpartum women residing in Rio Grande, Southern Brazil. Methods: Between 01/01 and 12/31 of 2007, 2010, 2013, 2016 and 2019, previously trained interviewers applied a single standardized questionnaire at the hospital to all postpartum women residing in this municipality. It was investigated from the planning of pregnancy to the immediate postpartum period. The outcome consisted of not performing a Pap smear in the last three years. The chi-square test was used to compare proportions and assess trends, and Poisson regression with robust variance adjustment in the multivariate analysis. The measure of effect was the prevalence ratio (PR). Results: Although 80% of the 12,415 study participants had performed at least six prenatal consultations, 43.0% (95%CI 42.1-43.9%) had not been screened in the period. This proportion ranged from 64.0% (62.1-65.8%) to 27.9% (26.1-29.6%). The adjusted analysis showed a higher PR for not performing Pap smears among younger puerperal women, living without a partner, with black skin color, lower schooling, and family income, who did not have paid work during pregnancy or planned pregnancy, who attended fewer prenatal consultations. smoked during pregnancy and were not being treated for any illness. Conclusion: Despite the improvement in coverage, the observed rate of non-performance of Pap smears is still high. Women most likely to have cervical cancer were those who had the highest PR for not having this test.
RESUMO Objetivo: Estimar a prevalência, avaliar a tendência e identificar fatores associados à não realização de citopatológico de colo uterino (CP) entre puérperas em Rio Grande (RS). Métodos: Entre 1o de janeiro e 31 de dezembro de 2007, 2010, 2013, 2016 e 2019, entrevistadores previamente treinados aplicaram, ainda no hospital, questionário único e padronizado a todas as puérperas residentes neste município que tiveram filho nos hospitais locais. Investigou-se desde o planejamento da gravidez até o pós-parto imediato. O desfecho foi constituído pela não realização de CP nos últimos três anos. Utilizou-se teste χ² para comparar proporções e avaliar tendência e regressão de Poisson com ajuste da variância robusta na análise multivariável. A medida de efeito utilizada foi a razão de prevalências (RP). Resultados: Apesar de 80% das 12.415 participantes do estudo terem realizado 6+ consultas de pré-natal, 43,0% (intervalo de confiança de 95% — IC95% 42,1-43,9%) não realizaram CP no período. Essa proporção variou de 64,0% (62,1-65,8%) a 27,9% (26,1-29,6%). Após a análise ajustada, puérperas de menor idade, cor da pele preta, sem companheiro, de menor escolaridade e renda familiar, que não exerciam trabalho remunerado, não planejaram a gravidez, realizaram menor número de consultas de pré-natal, fumaram na gravidez e não fizeram tratamento para alguma doença mostraram RP significativamente maior à não realização de CP em relação às demais. Conclusão: Apesar de melhora na cobertura, a taxa observada de não realização de CP ainda é elevada. Mulheres mais propensas a ter câncer de colo uterino foram as que apresentaram as maiores RP à não realização desse exame.