RÉSUMÉ
ABSTRACT Objective: To identify factors associated with the definition of the gestational age (GA) estimation method recorded in the live birth certificate (LBC), and to compare the results obtained according to the method in the city of São Paulo (CSP), between 2012 and 2019. Methods: Cross-sectional population-based study using the Live Birth Information System. Descriptive and comparative analysis was performed according to the GA estimation method, followed by a univariate and multivariate logistic regression model to identify the predictor variables of the method used. Results: The estimation of GA by the date of the last menstrual period (LMP) (39.9%) was lower than that obtained by other methods (OM) (60.1%) — physical examination and ultrasound, between 2012-2019. LMP registration in the LBC increased with the mother's age, it was higher among women who were white, more educated and with partners, in cesarean sections and with private funding. In the logistic regression, public funding was 2.33 times more likely than private funding to use OM. The proportion of preterm infants (<37 weeks) with GA by LMP was 26.5% higher than that obtained by OM. Median birth weight was higher among preterm infants with GA estimated by LMP. Conclusion: Prematurity was higher with the GA estimated by LMP in the CSP, which may indicate overestimation by this method. The source of funding was the most explanatory variable for defining the GA estimator method at the LBC. The results point to the need for caution when comparing the GA obtained by different methods.
RESUMO Objetivo: Identificar fatores associados à definição do método estimador da idade gestacional (IG) registrado na declaração de nascido vivo (DNV) e comparar os resultados obtidos segundo método no município de São Paulo, entre 2012 e 2019. Métodos: Estudo transversal de base populacional utilizando o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos. Realizou-se análise descritiva e comparativa segundo método de estimativa da IG, seguida de modelo de regressão logística uni e multivariada para identificar as variáveis preditoras do método utilizado. Resultados: A estimativa da IG pela data da última menstruação (DUM) (39,9%) foi inferior à obtida por outros métodos (OM) (60,1%) — exame físico e ultrassonografia, entre 2012-2019. O registro da DUM na DNV aumentou com a idade da mãe, foi maior entre as brancas, mais escolarizadas e com companheiro, nas cesarianas e nos partos realizados com financiamento privado. Na regressão logística, o financiamento público apresentou chance 2,33 vezes maior que o privado para uso de OM. A proporção de prematuros (<37 semanas) com IG pela DUM foi 26,5% maior do que a obtida por OM. A mediana de peso ao nascer foi maior entre prematuros com IG estimada pela DUM. Conclusão: A prematuridade foi mais elevada com a IG estimada pela DUM no MSP, o que pode indicar superestimação por este método. A fonte de financiamento foi a variável mais explicativa para definição do método estimador da IG na DNV. Os resultados apontam a necessidade de cautela ao comparar a IG obtida por métodos diferentes.
RÉSUMÉ
Introduction: In Brazil, interventions during labor and childbirth are harmful and, for the most part, unnecessary. In addition, there is a high prevalence of abuse and disrespect for women and babies during this period. Objective: To describe the prevalence of maternal and neonatal harm and harm-free care in a Brazilian maternity setting. Methods: Pilot application of the Portuguese version of Maternal Safety Thermometer (MST) by a cross-sectional study in a public setting. Data collection was made at two timepoints. Results: 140 women were included. Over 84% of women had a postpartum sutured wound, resulting from a caesarean section, an episiotomy, or a perineal trauma. Puerperal infection, especially on a caesarean wound, was the most frequent physical harm. Women's perception of safety, including being left alone in labour, and feeling their safety concerns were not taken seriously, decreased from 80.6% to 43.3% in the second timepoint. Using the MST helped to improve the quality of medical records since critical information about a patient's health status was not properly recorded, or even absent. Conclusion: MST is a concise tool and includes indicators related to harm-free care in a short time range. However, this study suggests that the MST can underestimate harm if it is used alone to assess harm-free care in maternities with excessive levels of intervention, and poor reporting of harms (i.e., blood loss), as in most Brazilian settings.
Introdução: No Brasil, as intervenções durante o parto e o nascimento são prejudiciais e, em sua maioria, desnecessárias. Além disso, é alta a prevalência de abusos e desrespeito à mulher e ao bebê neste período. Objetivo: Descrever a prevalência dos danos maternos e neonatais, e do cuidado livre de danos em uma maternidade brasileira. Método: Estudo transversal, com aplicação piloto, em português, do Termômetro de Segurança da Maternidade (TSM) em uma instituição pública. A coleta de dados foi realizada em dois momentos. Resultados: 140 mulheres foram incluídas. Mais de 84% delas deixaram a maternidade com algum tipo de ferida suturada, resultante de cesariana, episiotomia ou outro trauma perineal. Infecção puerperal, principalmente na incisão da cesariana, foi o dano físico mais frequente. A percepção de segurança das mulheres incluindo ficar sozinha no trabalho de parto e sentir que suas preocupações com relação à segurança não foram consideradas diminuiu de 80,6% para 43,3% no segundo momento. O uso do TSM ajudou a melhorar a qualidade dos registros em prontuário, dado que, informações importantes sobre a condição das pacientes não eram registradas adequadamente ou estiveram ausentes. Conclusão: O TSM é uma ferramenta concisa que possibilita descrever o cuidado livre de danos rapidamente. No entanto, este estudo sugere que, se usado isoladamente, o TSM pode subestimar danos em serviços com níveis excessivos de intervenção e com registros inadequados de danos (exemplo, perda sanguínea), como é o caso da maioria das maternidades brasileiras.
RÉSUMÉ
ABSTRACT In Brazil, the excess of interventions that anticipate childbirth, such as cesarean sections and labor inductions, has resulted in the shortening of pregnancy, with negative consequences on maternal-infant outcomes. This commentary presents a novel way to measure gestational age: the continuous variable "Potential pregnancy days lost." Using data from the Live Birth Information System (SINASC), we counted the missing days between the period until childbirth and the average duration of pregnancy (280 days), or the lost weeks. This measure can be used as an outcome variable (socioeconomic-demographic characteristics of the mother, type of childbirth, financing, etc.) or exposure variable (for neonatal, infant, and maternal outcomes). The indicator can be used in municipal and national cohorts and intervention studies to analyze hospitals and regions. We discuss the limits and scope of gestational age measures and, given their inaccuracies, the importance of studying their trends.
RESUMO No Brasil, o excesso de intervenções que antecipam o parto, como cesarianas e induções, tem resultado no encurtamento da gestação, com consequências negativas nos desfechos materno-infantis. Neste comentário apresentamos uma medida inovadora da idade gestacional que estamos desenvolvendo: a variável contínua "dias potenciais de gravidez perdidos". Utilizando dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos, contamos, quando possível, os dias faltantes entre o período até o nascimento e a duração média da gestação (280 dias), ou então as semanas perdidas. Essa medida pode ser usada como variável desfecho (de características socioeconômico-demográficos da mãe, do tipo de parto, de financiamento etc.) ou de exposição (para desfechos neonatais, infantis e maternos). O indicador pode ser usado em coortes municipais e nacionais e em estudos de intervenção, para analisar hospitais e territórios. Discutimos os limites e alcances das medidas de idade gestacional e, diante de suas imprecisões, a importância de estudar suas tendências.
Sujet(s)
Humains , Femelle , Grossesse , Nourrisson , Accouchement (procédure) , Accouchement provoqué , Brésil , Césarienne , Âge gestationnelRÉSUMÉ
Superar a cultura de imobilização física no trabalho de parto e no parto ainda é um desafio no Brasil. Este trabalho identificou facilitadores e obstáculos para a implementação de maior liberdade de posição, em projeto-piloto da Iniciativa Hospital Amigo da Mulher e da Criança numa maternidade do Sistema Único de Saúde (SUS) de São Paulo, Brasil, usando metodologia orientada pelo Laboratório de Mudança (LM). A percepção de gestores e profissionais de saúde mostrou-se discrepante das opiniões das usuárias e do que foi observado. A liberdade de movimentação pareceu mais respeitada durante o trabalho de parto do que no parto. Frequentemente, as parturientes eram "posicionadas" em litotomia, considerada pelos profissionais "instintiva" ou "preferência" feminina, enquanto as mulheres relatavam não tomar iniciativas por temerem repreensões. Adequações simples da ambiência e treinamento dos profissionais para atender partos em posições não supinas podem contribuir para promover mudanças.
Superar la cultura de inmovilización física en el trabajo de parto y en el parto todavía constituye un desafío en Brasil. Este trabajo identificó facilitadores y obstáculos para la implementación de mayor libertad de posición, en proyecto piloto de la Iniciativa Hospital Amigo de la Mujer y del Niño en una maternidad del Sistema Brasileño de Salud (SUS) en São Paulo (Estado de São Paulo, Brasil) utilizando la metodología orientada por el Laboratorio de Cambio (LM, por sus siglas en portugués). La percepción de gestores y profesionales de salud se mostró discrepante de las opiniones de las usuarias y de lo observado. La libertad de movimiento pareció ser más respetada durante el trabajo de parto que en el parto. Frecuentemente, las parturientas eran "colocadas" en litotomía, considerada por los profesionales "instintiva" o "preferencia" femenina, mientras que las mujeres relataban que no tomaban iniciativas por miedo de reprensiones. Adecuaciones simples del ambiente y de la capacitación de los profesionales para atender partos en posiciones no supinas pueden contribuir para promover cambios.
Overcoming the culture of physical immobilization during labor and birth remains a challenge in Brazil. This study identified facilitators and barriers to implementing freedom of movement throughout labor and birth in a pilot project of the Mother-Baby Friendly Birthing Facilities Initiative in a public maternity facility in São Paulo, Brazil using the Change Laboratory methodology. There was a divergence between health managers' and professionals' perceptions of maternal care practice and those of the service users and the observations made in the facility. Freedom of movement seemed to be more respected during labor than at birth. Birthing mothers were regularly "positioned" in the lithotomy position, considered by health professionals to be an "instinctive" or "preferred" position. Women reported that they failed to take the initiative to move for fear of being reprimanded by health professionals. Simple changes to the ambience and professional training for health professionals in care provision in nonsupine positions could help foster change.
Sujet(s)
Humains , Femelle , Santé publique , Santé des femmes , Humanisation de l'Assistance , Profession de sage-femmeRÉSUMÉ
Introdução: Em muitos países, em especial naqueles pobres e de renda média, há dificuldades para melhorar os indicadores de morbi-mortalidade materna e neonatal, mesmo com a universalização do acesso à assistência, como no Brasil. Muitas vezes são as concepções de gênero que orientam a prática dos profissionais e a organização dos sistemas e serviços de saúde típicos, o que resulta em sobrevalorização da tecnologia e minimização ou mesmo invisibilidade de seus efeitos adversos. As narrativas sobre desrespeitos, abusos, e maus-tratos às mulheres evidenciam a ocorrência de uma modalidade específica de violência institucional, recentemente nomeada como violência obstétrica. Neste trabalho, o termo é entendido como o desrespeito aos direitos da mulher na assistência a sua saúde sexual e reprodutiva, tendo em vista seus direitos humanos básicos e inalienáveis. A Iniciativa Hospital Amigo da Mulher e da Criança (IHAMC) foi proposta em 2015 para superar esse quadro. Objetivos: Mapear os facilitadores e obstáculos de um piloto de implementação da IHAMC para a superação da violência obstétrica, em especial nos critérios "liberdade de movimentação no trabalho de parto e parto" e "presença de acompanhante de escolha da mulher". Métodos: Este trabalho integra um piloto de implementação da IHAMC em duas maternidades do SUS, com análise dos dados produzidos na etapa inicial no campo paulistano da pesquisa (2016-17). Foram realizadas entrevistas individuais e atividades em grupo com gestores, profissionais de saúde e usuárias do serviço; observação do serviço e análise dos dados do Sinasc da maternidade. Foi criado um grupo de trabalho com gestores, profissionais da assistência, pesquisadores e usuárias para analisar os problemas identificados e atuar sobre eles. Resultados: As visões de gestores e profissionais de saúde contrastam com a observação e os relatos das mulheres, com verificação de interdições ao exercício do direito a acompanhante e à liberdade de movimentação no trabalho de parto e parto. Também foram recorrentes as falas no sentido de responsabilizar as mulheres pelas dificuldades que elas enfrentam na internação para o parto. Os atores envolvidos mostram disposição para aprimorar a qualidade da assistência, e propuseram mudanças nesta direção, algumas já em andamento. Conclusão: A IHAMC pode ser uma boa estratégia para superar a violência obstétrica em contextos como o brasileiro, uma vez que coloca em debate a qualidade da assistência tendo em vista os direitos das mulheres e propicia a incorporação dos atores envolvidos na solução dos problemas, contribuindo para sua solidez e sustentabilidade
Introduction: In many countries, especially in poor and middle-income ones, there are difficulties in improving maternal and neonatal morbidity and mortality, even with universal access to care, as in Brazil. Often it is the gender conceptions that guide professionals' practices and the organization of typical health systems and services, which results in overvaluation of technology and minimization or even invisibility of its adverse effects. The narratives about disrespect, abuses, and mistreatment of women show the occurrence of a specific modality of institutional violence, recently named as obstetric violence. In this thesis, the term is understood as the disregard for women's rights while caring for their sexual and reproductive health, in view of their basic and inalienable human rights. The Mother-Baby Friendly Birthing Facilities Initiative (MBFBF) was proposed in 2015 to overcome this situation. Objectives: To map out the facilitators and obstacles of a MBFBF implementation pilot to overcoming obstetric violence, particularly with respect to the criteria "freedom of movement in labor and birth" and "presence of women's companion of choice". Methods: This study is part of a MBFBF implementation pilot in two SUS maternity hospitals, with an analysis of the data produced at the initial stage in the São Paulo site of research (2016-17). Individual interviews and group activities were conducted with managers, health professionals and users of the service; observation of the service and analysis of Sinasc maternity data. A working group was created with managers, health professionals, researchers and consumers to analyze and act on the problems identified. Results: The visions of managers and health professionals contrast with the observation and women's reports. It was verified that right to presence of a support person and freedom of movement in labor and birth were denied to women. There were recurrent statements blaming women for the difficulties they face during hospitalization. However, all actors involved showed a willingness to improve quality of care, and proposed changes in this direction, some already in progress. Conclusion: The MBFBF can be a good strategy to overcome obstetric violence in contexts such as Brazil, since it raises the issue of quality of care with regard to women's rights and allows the incorporation of the actors involved in the solution of the problems, contributing for its solidity and sustainability
Sujet(s)
Prestations des soins de santé , Violence sexiste , Mise en oeuvre des programmes de santé , Accouchement Humanisé , Centres de protection maternelle et infantile , ObstétriqueRÉSUMÉ
Disrespect and abuse (in Brazil called obstetric violence), described by different terms, is increasingly used in social activism, in academic research and public policy formulation, and was recently recognized as a public health issue by the World Health Organization. As an innovative theme, it requires a mapping its origins, definitions, typology, impacts on maternal health and proposals for its preventing and remedy. We present a critical-narrative review about this issue, including academic literature, productions of social movements and institutional documents, in Brazil and internationally. After a short historical overview, we map the definitions and types of violence. The complex causation of these forms of violence is discussed, including the role of professional training, the organization of health services, and the implications for maternal morbidity and mortality. Finally we present interventions in public health that have been used or proposed to prevent and mitigate obstetric violence, and an agenda for innovation and research in this area...
A violência obstétrica, descrita por diferentes termos, cada vez mais é utilizada no ativismo social, em pesquisas acadêmicas e na formulação de políticas públicas, sendo recentemente reconhecida como questão de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde. Como tema inovador, requer um mapeamento de suas origens, definições, tipologia, impactos na saúde materna e propostas de prevenção e superação.Apresentamos esta revisão crítico-narrativa sobre o tema, abarcando literatura acadêmica, produções dos movimentos sociais e documentos institucionais, do Brasil e exterior. Após breve recuperação histórica do tema,mapeiam-se as definições e as tipologias de violência identificadas. Discute-se a complexa causalidade destas formas de violência, incluindo o papel da formação dos profissionais e da organização dos serviços de saúde e as implicações na morbimortalidade materna. Finaliza-se com intervenções em Saúde Pública que têm sido utilizadas ou propostas para prevenir e mitigar a violência obstétrica, e uma agenda de pesquisa de inovação nesta área...
Sujet(s)
Humains , Mâle , Femelle , Grossesse , Personnel de santé , Droits de l'homme , Accouchement Humanisé , Protection maternelle , Droits des patients , Sécurité des patients , Santé publique , Violence Contre les Femmes , Droits des femmesRÉSUMÉ
Objetivo: descrever e analisar a experiência e os sentimentos de mulheres que relatam ter vivido uma cesárea indesejada no primeiro contato com seus filhos recém-nascidos. Método: pesquisa baseada na internet, com convite para participação publicado em outubro de 2011 via redes sociais. As mulheres que responderam foram entrevistadas a respeito de sua experiência de cesárea, de sentimentos associados à experiência de parto e nascimento e ao período pós-parto. A pesquisa foi orientada pela perspectiva das relações sociais de gênero. Resultados: vinte mulheres foram entrevistadas. A idade delas variou entre 17 e 41 anos. Metade delas residia em São Paulo. Todas, exceto uma, tinham 12 anos ou mais de estudo e eram casadas ou moravam com o companheiro. Apenas duas permaneceram com o filho logo após o nascimento. Para as demais, o tempo de separação variou de menos de uma hora (três mulheres) a mais de quatro horas (seis mulheres). A maioria não pôde contar com um acompanhante de sua escolha no pós-parto imediato, embora no Brasil esse direito seja garantido por lei. A maioria relata ter sofrido algum tipo de violência. Muitas lamentaram estar sob efeito de medicação para sedação no primeiro contato com o recém-nascido. Três grupos foram identificados: mulheres com sentimentos de plenitude, mulheres com sentimentos ambíguos e mulheres sem emoções positivas acerca de seu filho. Conclusões: mulheres que referem suas cesáreas como indesejadas tiveram suas frustrações com as experiências do parto amplificadas pelas condições do primeiro contato com seu recém-nascido, condições estas prejudicadas pelas rotinas de assistência nos pós-parto imediato.
OBJECTIVE: to describe and analyze the experience and feelings of mothers who had an unwanted C-section, with regard to the first contact with their newborn. METHODS: this is a qualitative web-based research, whose call for participants was published in October 2011 on a social network of mothers website. The women were interviewed in regard to their experience with C-section, referred to as an unwanted outcome, invited to make narratives about the feelings associated with the experience of labor and childbirth and to the postpartum period. The analysis was conducted within a gender perspective. RESULTS: the 20 women interviewed age ranged from 17 to 41 years, 19 women had studied for 12 or more years and were married or lived with a partner. Only two women remained with their newborns right after birth. The other ones were kept apart from their babies for periods that ranged between one hour (three women) and more than four hours (six women). Most women could not have a partner/companion during the immediate postpartum period, although in Brazil this is a right guaranteed by law. The majority had also suffered some kind of violence and many also regretted being under the influence of medication for sedation during their first contact with the newborn. Regarding this first contact, three groups were identified: women with feelings of fulfillment, those with ambiguous feelings, and those without any positive feelings about the first contact with their newborn. CONCLUSION: women referring to their C-section as an unwanted outcome had their frustration towards the birth experience amplified by the conditions of the first contact with their newborn. These conditions were negatively influenced by the immediate postpartum assistance routines.
Sujet(s)
Femelle , Grossesse , Développement de l'enfant , Césarienne/effets indésirables , Relations familiales , Personnel de santé , Relations mère-enfant , Réseautage social , Violence , Santé des femmes , Droits des femmes , Entretiens comme sujetRÉSUMÉ
Introdução: Desde meados da década de 1980 existem evidências científicas sólidas para que a episiotomia não seja praticada de modo rotineiro, porém, ela continua sendo amplamente realizada, no Brasil inclusive. A alfabetização em saúde compreende a capacidade de buscar informações e convertê-las em ações. Os livros para gestantes comercializados no país podem ou não contribuir para a alfabetização em saúde da mulher no que se refere à episiotomia. Objetivo: Descrever o conteúdo relativo à episiotomia de livros sobre gravidez e parto disponíveis no Brasil e analisar seus possíveis efeitos de sentido. Métodos: Foram selecionados 11 livros sobre gravidez publicados no Brasil a partir de buscas em lojas virtuais. Todo o conteúdo sobre episiotomia foi destacado para leitura. Conforme aporte teórico de Patrick Charaudeau, esse conteúdo foi descrito quanto a identificação e qualificação da episiotomia, qualificação de seus riscos e benefícios e qualificação das alternativas à episiotomia. Resultados: Apenas quatro livros mencionam a episiotomia, que é identificada também como corte, incisão, procedimento, intervenção, entre outros termos. De modo geral, a episiotomia é qualificada quanto ao que ela supostamente evita, a lesão perineal, que seria também um dos seus principais benefícios, segundo as obras analisadas, o que não condiz com as evidências científicas. Os riscos da episiotomia, quando abordados, são minimizados e os métodos de proteção do períneo raramente são expostos. Os livros analisados refletem o atual panorama da assistência ao parto no Brasil, em que a episiotomia ou é um procedimento invisível ou tem seus efeitos adversos minimizados ou mesmo ignorados. Conclusão: O discurso das obras está descolado das evidências científicas no que se refere à episiotomia. Os textos analisados reforçam a posição do médico como detentor do conhecimento e não contribuem para a alfabetização em saúde da mulher.