RÉSUMÉ
No presente trabalho são relatados seis casos de pacientes que cometeram auto-enucleação (cinco unilaterais e uma bilateral), acompanhados no serviço de psiquiatria do Hospital das Clínicas da Unicamp nos últimos dez anos. Além disso, é feita uma revisão da literatura relacionada a esse tipo de comportamento, considerado a forma mais grave e dramática de automutilação ocular. A partir da discussão crítica comparativa entre os aspectos clínicos de cada caso relatado e os dados encontrados na literatura, concluímos que se mostram associados à auto-enucleação: pacientes esquizofrênicos que cometeram autolesão durante episódios psicóticos agudos, fortes elementos religiosos como parte da psicopatologia, evidências de comportamento automutilatório menos grave antes da auto-enucleação e explicação do ato como relacionado a uma suposta salvação do próprio paciente ou do mundo. Algumas outras características mais específicas de nossos casos também são destacadas: longo tempo de evolução da doença no momento da auto-enucleação; crenças religiosas variando entre três diferentes igrejas cristãs (Católica, Evangélica e Testemunhas de Jeová); presença de uma forma não usual de auto-enucleação com uso de arma de fogo e presença de um caso de auto-enucleação bilateral
Sujet(s)
Schizophrénie , Comportement auto-agressif , Automutilation , Énucléation oculaire , ReligionRÉSUMÉ
Säo apresentados dois casos de síndrome de Heller (transtorno desintegrativo da infância), caracterizados por um desenvolvimento neuromotor e psicológico inicial normal até os sete anos de idade, seguidos por perda importante das habilidades cognitivas adquiridas, principalmente de comunicaçäo e de relacionamento social. E feita uma revisäo sobre aspectos clínicos e neurobiológicos dessa síndrome. Verificou-se uma sobreposiçäo curiosa entre os sintomas de nossas pacientes com síndrome de Heller e sintomas característicos da síndrome de Kluver-Buck. No Spect, uma das pacientes apresentou hiperperfusäo frontal e a outra, hipoperfusäo temporal esquerda. Estudos com maiores casuísticas, grupos-controle e métodos de Neuroimagem estrutural e funcional deveräo ser conduzidos para esclarecer a fisiopatologia da síndrome de Heller e o possível envolvimento das estruturas mesolímbicas.