RÉSUMÉ
OBJETIVOS: Avaliar a prevalência de hiperglicemia e fatores associados, na população idosa residente de um município do sul do Brasil. MÉTODOS: Estudo transversal, de base populacional, realizado com idosos (≥60 anos) residentes na cidade de Tubarão, estado de Santa Catarina, no período de setembro de 2010 a maio de 2011. Os idosos foram cadastrados pelos Agentes Comunitários de Saúde do Programa Estratégia Saúde da Família. Foram registrados dados sociodemográficos (idade, gênero, cor da pele, situação conjugal, situação de trabalho e escolaridade), dados comportamentais (atividade física, uso de álcool e tabagismo) e dados clínicos (obesidade, uso de medicamentos e história familiar de diabetes). Após responderem estas questões, os participantes eram agendados para comparecerem à unidade de saúde para coleta de sangue e medidas antropométricas. A prevalência de hiperglicemia foi avaliada a partir de exames de glicemia de jejum e foram considerados hiperglicêmicos os indivíduos com valores ≥126 mg/dL ou em uso de medicamentos hipoglicemiantes. Os participantes foram selecionados por amostragem aleatória simples. Para verificar associação entre as variáveis de interesse, foi aplicado o teste do qui-quadrado. O intervalo de confiança pré-estabelecido foi de 95% e o erro α de 5%. RESULTADOS: Foram incluídos 833 idosos, e 220 foram considerados hiperglicêmicos conforme os critérios da metodologia (prevalência de 26,4%). Dos pacientes inclusos no grupo hiperglicemia, 190 estavam em uso de hipoglicemiantes orais, e destes, 112 ainda apresentavam glicemia de jejum ≥126 mg/dL, enquanto 78 apresentavam glicemia de jejum <126 mg/dL. Ainda no grupo hiperglicemia, 30 pacientes apresentavam glicemia de jejum ≥126 mg/dL e não estavam em uso de hipoglicemiantes. Possuir pais com diagnóstico prévio de diabetes mellitus e ser obeso foram fatores associados à presença de hiperglicemia. CONCLUSÕES: Este estudo sugere que uma grande parcela da população idosa tem hiperglicemia de jejum, necessitando de uma avaliação mais ampla para pesquisa do diabetes mellitus.
AIMS: To evaluate the prevalence of hyperglycemia and associated factors in the elderly population of a municipality in southern Brazil. METHODS: Cross-sectional population-based study, carried out with the elderly (≥60 years) living in the city of Tubarão, state of Santa Catarina, Brazil, from September 2010 to May 2011. Participants were selected by simple random sampling. The elderly were registered by the Community Health Agents of the Family's Health Strategy Program. Sociodemographic data (age, gender, skin color, marital status, employment status and education), behavioral data (physical activity, alcohol use and smoking) and clinical data (obesity, drug use and family history of diabetes) were recorded. After answering these questions the participants were scheduled to attend the clinic for blood collection and anthropometric measurements. The prevalence of hyperglycemia was assessed from fasting blood glucose tests, and individuals with values ≥126 mg/dL or use of hypoglycemic drugs were considered hyperglycemic. To assess the association between the variables of interest, the chi-square test was applied. The pre-determined confidence interval was of 95% and the error α of 5%. RESULTS: Eight hundred thirty-three elderly patients were included, and 220 were considered hyperglycemic according to the methodology criteria (prevalence of 26.4%). Of the patients included in the hyperglycemia group, 190 were using oral hypoglycemic drugs, and of these, 112 had also fasting glucose ≥126 mg/dL, while in 78 fasting glucose was <126 mg/dL. Also in the hyperglycemia group, 30 patients had fasting glucose ≥126 mg/dL and were not on hypoglycemic treatment. Having parents diagnosed with diabetes and being obese were associated with the presence of hyperglycemia. CONCLUSIONS: This study suggests that a large portion of the elderly population has fasting hyperglycemia, requiring a wider evaluation for diabetes mellitus.