RÉSUMÉ
Resumo No Brasil, as políticas sobre drogas passaram por modificações ao longo do tempo, carregando marcas de cada período histórico e interesse sanitário-político. Na atual conjuntura, por exemplo, há uma tendência de oposição aos ideais do movimento de reforma psiquiátrica. Nesse contexto, este artigo objetiva analisar os elementos-chave evidenciados a partir do estudo de um documento normativo sobre drogas, na perspectiva da análise de discurso crítica. Realizou-se a análise da Lei no 13.840, de 2019, conforme o modelo tridimensional de Fairclough, com discussão a partir dos conceitos de biopoder e biopolítica de Foucault. A ênfase no tratamento pautado pela internação involuntária, comunidade terapêutica e abstinência reproduz uma perspectiva asilar de tratamento. Observa-se, assim, a reprodução de concepções asilar, proibicionista e autoritária, justificadas sob um véu de neutralidade ideológica e evidências científicas, que corroboram a existência de um movimento antirreformista.
Abstract Brazilian drug policies have undergone changes over time, bearing marks for each historical period and experienced sanitary-political interests. Nowadays, an anti-reformist character was perceived in changes concentrated on Law no. 13,840, of June 5, 2019. The aim of this study is to analyze the key elements of a normative document on drugs based on the Critical Discourse Analysis. We analyzed the Law no. 13,840 using Fairclough's method for three-dimensional analysis and then discussed it with Foucault's notions of Biopower and Biopolitics. We consider that the emphasis on involuntary hospitalization, therapeutic communities and abstinence opposes the Brazilian psychiatric reform movement. The development of oppressive care practices are hidden by the so-called ideological neutrality and scientific evidence.
RÉSUMÉ
OBJETIVO: conhecer as compreensões dos enfermeiros sobre humanização no cuidado em saúde mental. MÉTODO: trata-se de uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, realizada com 12 enfermeiros em um hospital psiquiátrico do interior do Nordeste, Brasil, no período de setembro de 2014 a março de 2015. Para a coleta de dados, utilizou-se entrevista semiestruturada, observação não participante e observação dos registros de Enfermagem, analisando-os a partir da Análise de Conteúdo de Bardin. RESULTADOS: emergiram quatro categorias: acolhimento, autonomia, protagonismo e corresponsabilidade. O cuidado humanizado aparece atrelado ao modelo manicomial, culminando em práticas focadas no uso da medicação, ações desarticuladas e sem participação do paciente no tratamento. A percepção da humanização é de dificuldade de atenção às pessoas em crises psíquicas, o que inviabiliza a produção do cuidado integral. CONCLUSÃO: o estudo contribui para a reflexão do cuidado de Enfermagem em saúde mental onde é preciso modificar as relações que o discurso biomédico mantém com os que buscam uma prática humanizada.
OBJECTIVE: to know nurses' understandings of humanization in mental health care. METHOD: it is an exploratory research, with a qualitative approach, carried out with 12 nurses in a psychiatric hospital in the interior of the Northeast, Brazil, from September 2014 to March 2015. For data collection, semi-structured interviews were used, non-participant observation and observation of Nursing records, analyzing them from Bardin's Content Analysis. RESULTS: four categories emerged: welcoming, autonomy, protagonism and co-responsibility. Humanized care appears linked to the asylum model, culminating in practices focused on the use of medication, disjointed actions and without patient participation in the treatment. The perception of humanization is of difficulty in caring for people in psychic crises, which makes the production of comprehensive care unfeasible. CONCLUSION:the study contributes to the reflection of nursing care in mental health where it is necessary to modify the relationships that biomedical discourse maintains with those who seek a humanized practice.
OBJETIVO: se objetivó conocer las comprensiones de los enfermeros sobre humanización en el cuidado en salud mental. MÉTODO: se trata de una investigación exploratoria de abordaje cualitativo realizada con 12 enfermeros en un hospital psiquiátrico del interior del Nordeste, Brasil, en el período de septiembre de 2014 a marzo de 2015. Para la recolección de datos se utilizó entrevista semiestructurada, observación no participante y observación de los registros de enfermería, analizados a partir del análisis de contenido de Bardin. RESULTADOS: se plantearon cuatro categorías: acogida, autonomía, protagonismo y corresponsabilidad. El cuidado humanizado aparece atado al modelo manicomial, culminando en prácticas enfocadas en el uso de la medicación, acciones desarticuladas y sin participación del paciente en el tratamiento. La percepción de la humanización es de dificultad de atención a las personas en crisis psíquicas que inviabiliza la producción del cuidado integral. CONCLUSIÓN: el estudio contribuye a la reflexión del cuidado de enfermería en salud mental donde, hay que modificar las relaciones que el discurso biomédico mantiene con los que buscan una práctica humanizada.