RÉSUMÉ
Cryptococcus gattii engloba quatro tipos moleculares que podem causar criptococose em indivíduos, aparentemente saudáveis após inalação de partículas infectantes dispersas no meio ambiente. Resistência clínica a antifúngicos durante o tratamento, ou profilaxia, para a doença tem sido relatada. O manejo adequado desta infecção depende de vários fatores, incluindo o perfil de suscetibilidade antifúngica do agente etiológico. Porém, há poucos relatos disponíveis na literatura sobre a ação in vitro de fluconazol (FLU) e anfotericina B (AMB), fármacos de primeira escolha para casos de criptococose sobre isolados clínicos de C. gattii. Em relação à cepas ambientais, a mesma lacuna é observada, sendo que o monitoramento desses organismos é a base para se estabelecer pontos de corte epidemiológicos para definição de resistência a antifúngicos. A determinação da suscetibilidade é realizada por métodos de referência em provas de microdiluição. No entanto, esses métodos não tem bom desempenho para detectar resistência à AMB, e por isso, a metodologia de curvas de morte foi proposta para avaliar melhor a atividade in vitro desse fármaco. O objetivo deste estudo foi determinar a susceptibilidade a AMB e FLU de 55 amostras de C. gattii, sendo 90.9% clínicas e 9,1% ambientais, isoladas no Estado de São Paulo. Foi utilizada a técnica de PCR-RFLP para identificação dos tipos moleculares e o método de referência europeu (AFST-EUCAST) para determinação da concentração inibitória mínima (CIM). Estudos de curvas de morte foram realizados com 1 mg de AMB por L de meio de cultura (RPMI 1640). A maioria dos tipos moleculares, tanto clínicos quanto ambientais, foi VGII (94% e 60%, respectivamente), sendo os demais VGI. As CIMs de FLU variaram de 1 a 64 mg/L e os valores de CIM50 e CIM90, e a concentração necessária para inibir 50% e 90% dos isolados, foram respectivamente de 8 e 16mg/L. Observou-se CIM elevadas (>8mg/L) para 74% dos...