Résumé
Neste trabalho são apresentados dados referentes à etiologia e ao tratamento do tabagismo na esquizofrenia, objetivando uma revisão das evidências científicas que possam ajudar no estabelecimento de um protocolo de atendimento da dependência de nicotina nessa população. A prevalência do uso de tabaco nos indivíduos com esquizofrenia situa-se entre 50 por cento e noventa por cento. Apesar de altíssima, essa prevalência não tem estimulado a criação e o estudo de novos programas que visem a sua redução entre nós. A carência de tais programas pode representar uma concepção desse comportamento na esquizofrenia como causado pela ação positiva da nicotina na redução dos sintomas psicóticos e efeitos extrapiramidais dos neurolépticos. Contudo a hipótese da automedicação não explica o início do uso do tabaco, na maioria desses indivíduos, antes do primeiro surto psicótico. Tal fato favorece a hipótese de um substrato neurológico comum às duas condições. Além disso, ensaios clínicos recentes vêm encorajando a utilização de técnicas comportamentais adaptadas ao déficit cognitivo na esquizofrenia e ao baixo funcionamento social desses pacientes em associação à reposição de nicotina e ao uso antidepressivo bupropiona, este em doses diárias de 150 a 300mg, semelhantes às utilizadas na população geral de tabagistas.