RÉSUMÉ
O linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é o subtipo mais comum de linfoma não Hodgkin. A recaída em sistema nervoso central (SNC) é um evento raro, variando de 5% a 10%, de acordo com fatores de risco previamente definidos através do Índice Prognóstico Internacional do SNC (CNS-IPI) e sítios extranodais específicos. Apresenta desfechos insatisfatórios, com sobrevida global mediana de dois a cinco meses. Ao longo dos anos, diversas estratégias para reduzir a recaída em SNC foram avaliadas, e são cada vez mais controversas. As profilaxias para evitar recaída em SNC frequentemente utilizadas diferem na forma de administração, baseados em metotrexato intratecal (IT-MTX) ou de forma sistêmica em altas doses (HD-MTX), associado ou não a outros agentes quimioterápicos. Os estudos até então disponíveis foram realizados em países de alta renda e é questionado se limitações encontradas em países de transição econômica, com maior dificuldade de acesso a métodos diagnósticos e terapêuticos, trariam impacto ou poderiam justificar profilaxia para recaída em SNC. Realizamos um estudo retrospectivo em dois centros de saúde pública em Belo Horizonte, Brasil, entre janeiro de 2018 e julho de 2022, para avaliar a incidência de recaída em SNC em pacientes acometidos por LDGCB. Estimamos sobrevida livre de progressão e sobrevida global. Um total de 120 pacientes, com idade média de 54,4 ± 15,4 anos e predomínio do sexo masculino (60,0%) foram avaliados no estudo. Destes, apenas sete (5,8%) receberam IT-MTX e quatro (3,3%) receberam HD-MTX. Não houve pacientes que receberam as duas vias de profilaxia. O escore prognóstico para risco inicial de recaída do SNC pelo CNS-IPI foi estimado como: baixo [0-1; 37 (30,8%)], moderado [2-3; 53 (44,2%)] ou alto [≥ 4; 27 (22,5%)]. A recaída em SNC foi confirmada em quatro (3,3%) pacientes. Apesar do estudo ter sido realizado em centros de referência oncohematológicas, o n disponível foi pequeno ao considerar a raridade do evento. Não conseguimos demonstrar se há benefício ou não de profilaxia específica para recaída em SNC. Considerando a morbimortalidade desta complicação, sugere-se realizar mais estudos e investigar acometimento oculto de SNC em LDGCB ao diagnóstico.
Diffuse large B-cell lymphoma (DLBCL) is the most common subtype of non-Hodgkin lymphoma. Central nervous system (CNS) relapse is a rare event, varying from 5% to 10%, according to risk factors previously defined through the CNS International Prognostic Index(CNS-IPI) and specific extranodal sites. It presents unsatisfactory outcomes, with a median overall survival of two to five months. Over the years, several strategies to reduce CNS relapse have been evaluated, and they are increasingly controversial. Prophylaxis to prevent CNS relapse frequently used differs in the form of administration, based on intrathecal methotrexate (IT-MTX) or high-dose systemic (HD-MTX), associated or not with other chemotherapeutic agents. The studies available so far were carried out in high-income countries and it is questioned whether limitations found in economic transition countries, with greater difficulty in accessing diagnostic and therapeutic methods, would have an impact or could justify prophylaxis for CNS relapse. We carried out a retrospective study in two public health centers in Belo Horizonte, Brazil, between January 2018 and July 2022, to evaluate the incidence of CNS relapse in patients affected by DLBCL. We estimated progression-free survival and overall survival. A total of 120 patients, with a mean age of 54.4 ± 15.4 years and a predominance of males (60.0%) were evaluated in the study. Of these, only seven (5.8%) received IT-MTX and four (3.3%) received HD-MTX. There were no patients who received both routes of prophylaxis. The prognostic score for initial risk of CNS relapse by CNS-IPI was estimated as: low [0-1; 37 (30.8%)], moderate [2-3; 53 (44.2%)] or high [≥ 4; 27 (22.5%)]. CNS relapse was confirmed in four (3.3%) patients. Although the study was carried out in oncohematological reference centers, the number available was small considering the rarity of the event. We were unable to demonstrate whether or not there is benefit from specific prophylaxis for CNS relapse. Considering the morbidity and mortality of this complication, it is suggested to carry out further studies and investigate occult CNS involvement in DLBCL at diagnosis.