Résumé
O modelo agrícola brasileiro permite o uso intensivo de agrotóxicos, com possível contaminação dos corpos hídricos e a consequente bioacumulação de resíduos em peixes, cuja microbiota é influenciada pelo ambiente. Devido à sua importância na alimentação se objetivou avaliar a presença de agrotóxicos e a carga microbiana em peixes que vivem na represa de Furnas, em Minas Gerais. Realizaram-se análises das concentrações de agrotóxicos e dos micro-organismos encontrados em tilápias coletadas em vários municípios (Alfenas, Areado, Fama e Alterosa). A análise microbiológica revelou presença de mesófilos numa variação de 1,45 x 102 a 1,2 x 108 UFC/g coliformes a 35°C, de < 3 a 1,3 x 103 NMP e Salmonella sp. apenas no município de Alterosa. Segundo o Programa de Controle de Resíduos em Pescado (PCRP/2008), a Portaria n° 518/ MS de 2004 e a Legislação da Comunidade Europeia, verificou-se presença dos seguintes agrotóxicos acima dos limites máximos de resíduos (LMRs) permitidos nas amostras de peixes: Delta-BHC (0,38 mg/kg) e Endossulfan (3,18 mg/kg), na cidade de Areado Lindano e b-BHC (em concentrações diferentes: 1,20 mg/kg num ponto e 0,84 mg/kg em outro) Heptacloro (0,24 mg/kg) Heptacloro epóxi e Aldrin (em diversas concentrações, em pontos diferentes: 2,14 mg/kg, 1,34 mg/kg e 2,47 mg/kg), e Endossulfan (0,6 mg/kg) na cidade de Alfenas Lindano e b-BHC (0,87 mg/kg) e Delta-BHC (0,06 mg/kg), na cidade de Fama. Estes resultados indicam contaminação nestas áreas acima dos LMRs permitidos pela legislação brasileira e europeia.