RÉSUMÉ
ABSTRACT BACKGROUND: Inflammatory bowel diseases (IBD) are chronic inflammatory affections of recurrent nature whose incidence and prevalence rates have increased, including in Brazil. In long term, they are responsible for structural damage that impacts quality of life, morbidity and mortality of patients. OBJECTIVE: To describe the profile of physicians who treat IBD patients as well as the characteristics of IBD care, unmet demands and difficulties. METHODS: A questionnaire containing 17 items was prepared and sent to 286 physicians from 101 Brazilian cities across 21 states and the Federal District, selected from the register of the State Commission of the "Study Group of Inflammatory Bowel Disease of Brazil" (GEDIIB). RESULTS: The majority of the physicians who answered the questionnaire were gastroenterologists and colorectal surgeons. More than 60% had up to 20 years of experience in the specialty and 53.14% worked at three or more locations. Difficulties in accessing or releasing medicines were evident in this questionnaire, as was referrals to allied healthy professionals working in IBD-related fields. More than 75% of physicians reported difficulties in performing double-balloon enteroscopy and capsule endoscopy, and 67.8% reported difficulties in measuring calprotectin. With regard to the number of patients seen by each physician, it was shown that patients do not concentrate under the responsibility of few doctors. Infliximab and adalimumab were the most commonly used biological medicines and there was a higher prescription of 5-ASA derivatives for ulcerative colitis than for Crohn's disease. Steroids were prescribed to a smaller proportion of patients in both diseases. The topics "biological therapy failure" and "new drugs" were reported as those with higher priority for discussion in medical congresses. In relation to possible differences among the country's regions, physicians from the North region reported greater difficulty in accessing complementary exams while those from the Northeast region indicated greater difficulty in accessing or releasing medicines. CONCLUSION: The data obtained through this study demonstrate the profile of specialized medical care in IBD and are a useful tool for the implementation of government policies and for the Brazilian society as a whole.
RESUMO CONTEXTO: As doenças inflamatórias intestinais (DII) são afecções inflamatórias crônicas de caráter recorrente, cujas taxas de incidência e prevalência têm aumentado, inclusive no Brasil. A longo prazo, são responsáveis por danos estruturais que impactam na qualidade de vida, morbidade e mortalidade dos pacientes. OBJETIVO: Avaliar o perfil dos médicos que atendem pacientes com DII, assim como as características deste atendimento, demandas não atendidas e dificuldades. MÉTODOS: Um questionário contendo 17 variáveis foi elaborado e enviado para médicos, selecionados a partir do cadastro da Comissão das Estaduais do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB), totalizando 286 médicos de 101 cidades brasileiras distribuídas por 21 estados e Distrito Federal. RESULTADOS: A maioria dos médicos que respondeu o questionário foram Gastroenterologistas e Coloproctologistas. Mais de 60% tinham até 20 anos de atuação na especialidade e 53,14% trabalhavam em três locais ou mais. A dificuldade no acesso ou liberação de medicamentos ficou evidenciada neste questionário, assim como a dificuldade no encaminhamento para profissionais não médicos que atuam em DII. Mais de 75% dos médicos relataram dificuldades para realização de enteroscopia por duplo balão e cápsula endoscópica, e 67,8% para realização da calprotectina. Em relação ao número de pacientes atendidos por cada médico, foi evidenciado que não há uma concentração de pacientes sob a responsabilidade de poucos médicos. O infliximabe e o adalimumabe foram os biológicos mais utilizados e ficou evidenciada prescrição maior de derivados de 5-ASA para retocolite ulcerativa quando comparada à doença de Crohn. Os corticoides foram prescritos para uma parcela menor de pacientes em ambas doenças. Os temas "falha a terapia biológica" e "novas drogas" foram referidos como aqueles com maior prioridade para discussão em eventos científicos. Em relação às possíveis diferenças entre cada região e o restante do país, os médicos da região Norte relataram maior dificuldade no acesso a exames complementares e os médicos da região Nordeste, maior dificuldade no acesso ou liberação de medicamentos. CONCLUSÃO: Os dados obtidos por meio deste estudo mostram o perfil do atendimento médico especializado em DII e podem se constituir em ferramenta útil para para elaboração de políticas governamentais e para sociedade brasileira como um todo.